Posts da categoria “São Paulo”

Obrigado, São Paulo

2014-11-24 05:13:26 +0000

Que saco, é mais um post sobre São Paulo. Azar o de vocês. Aguentem, porque eu não consigo ir embora e não falar daqui de novo.

Ter me mudado pra São Paulo foi, com sublinhado e tudo, uma das melhores decisões que já tomei na vida. Acho que só perde pra ter me casado.

Depois de sete anos morando aqui posso afirmar que aquela frase manjada do Criolo de que "não existe amor em SP" é totalmente verdade. Como tudo aqui é mais difícil - porque é mais caro, mais lotado, mais neurótico ou mais distante - sua visão romântica da vida vai embora rapidinho. A vida aqui não é um mar de rosas e nunca vai ser.

E isso é ótimo.

Eu gosto muito de uma artista iugoslava chamada Marina Abramovic. Aquela, que ficou famosa em 2010 com o "The Artist is Present" no MOMA. Pra quem não conhece ela faz a chamada "arte de performance", onde o próprio artista usa o corpo como meio de expressão. E Marina é louca: nas suas "obras" ela se coloca em situações extremamente desconfortáveis, dolorosas e corre riscos reais de se ferir ou morrer. Uma vez, numa entrevista, ela disse algo que se tornou minha frase predileta por muitos e muitos anos:

"Você não cresce quando está fazendo o que gosta".

São Paulo representa muito disso pra mim. Não vim pra cá para curtir um mar de rosas: vim para trabalhar duro. E isso foi incrivelmente recompensador. Aqui aprendi a lidar com a rejeição e com a derrota. Aprendi que nenhum problema é grande demais se você tem disciplina e paciência. Foi aqui que me tornei adulto, e por isso conquistei muita coisa boa. Consegui comprar meu apartamento bem no meio do boom dos preços dos imóveis. Emagreci 12 quilos mesmo com jornadas de trabalho de 12 horas, e retomei o controle da minha própria saúde. E mesmo em 2014, um ano de incertezas profissionais, consegui juntar dinheiro suficiente pra poder ir estudar no Canadá. Eu jamais conseguiria isso tudo em outra cidade.

Mas falando assim parece que eu só sofri em São Paulo. Muito pelo contrário: meus anos aqui talvez tenham sido os mais ricos em termos de cultura e diversão - tanto que os amigos de Beagá chegaram a comentar que viramos "baladeiros" depois que nos mudamos pra SP. De fato, Só no quesito "shows de música boa" teve os quatro shows seguidos do Tortoise, teve o Girl Talk no Planeta Terra, teve o primeiro show do Radiohead no Brasil (e com Kraftwerk!), tiveram os inacreditáveis shows de R$ 5 no SESC Pompéia com nomes absurdos tipo Jaga Jazzist (melhor show de 2014), Mouse on Mars, Gonjasufi, The Sea and Cake... teve o Sónar 2012 com o lineup mais inacreditável de todos os tempos, teve o Oval na Trackers, Daedelus (de graça!) na PUC, teve o Pet Duo na Augusta... e isso é só a ponta do iceberg: tiveram os museus e bienais, as tardes no Ibirapuera, as voltas de bicicleta na ciclovia da marginal... teve também muita comida boa: o fantástico ovo mollet do Le Jazz, o ceviche inacreditável do Rinconcito Peruano (na cracolândia!), o inigualável lomo saltado do Don Mariano, e os chopps e conversas fiadas com os amigos no São Cristóvão, toda terça. Amigos, amigas e até "esposas novas" que vão fazer muita falta.

A vida aqui foi intensa, e eu nem sempre tive a chance de fazer o que gostava. E por isso eu só tenho a agradecer.

Adeus, Itaim

2012-01-29 01:09:42 +0000

O bom de escrever blog é que uma rápida consulta nos arquivos lhe permite dizer que foi exatamente em julho de 2005 que a consultoria me trouxe a trabalho pra São Paulo. Foi pra um projeto numa emissora de TV. Eu ficava hospedado no Formule One da 9 de julho (apelidado de "habitáculo" por causa do quarto minúsculo).

Nessa época eu basicamente trabalhava, comia na própria empresa do cliente e voltava pra casa na sexta, então por muitos meses o máximo de experiência paulistana que tive foi a de ficar engarrafado toda sexta na Av. Bandeirantes na hora de ir pro aeroporto. Até que teve um feriado bem na quarta-feira e me vi sozinho e com um dia livre na cidade. "Bem, vamos fazer turismo", pensei.

Eu não me esqueço desse dia. Saí andando a esmo pelo bairro e, de repente, "achei" a Rua Augusta - que eu só conhecia do Banco Imobiliário e dos "120km/h" daquela música manjada. Mais um pouco e caí também na Oscar Freire. Foi um dia gratificante de exploração urbana descompromissada: um monte de "descobertas" num espaço de apenas alguns quarteirões.

Alguns meses depois eu repeti a dose, também num feriado de quarta, mas com algum planejamento acabei indo conhecer o MASP e o StandCenter, na Paulista. Também não me esqueço desse dia e do quanto eu fiquei fascinado com o tanto que São Paulo podia oferecer. Porque eu saí do hotel, andei alguns minutos a pé e estava ali, em frente à quadros de Bosch, que eu sempre gostei mas, na minha cabeça ainda interiorana, nunca imaginei que fosse ver ao vivo.

Destes dias em diante, SP começou a deixar uma crescente boa impressão, que aumentava conforme os outros detalhes da vida na cidade ficavam evidentes: a rapidez dos serviços, a praticidade do aeroporto bem no meio da cidade, a gastronomia, a oferta cultural absurda. O lado ruim (altos preços e engarrafamentos) era perfeitamente evitável com algum planejamento.

Alguns meses depois eu fui parar em outro projeto e passei a trocar de hotel no meio da semana. Dessa vez era um flat: na verdade o Capital Flat, ali na Teixeira Soares, na beiradinha da Juscelino. Daí em diante, por coincidência, todas as minhas estadias em SP foram em hotéis do Itaim.

Mal sabia eu que, com as fotos panorâmicas que eu tirava da janela dos hotéis, eu estava na verdade fotografando meu futuro bairro.

É seguro dizer que grande parte do meu amor por SP vem dos meses que passei hospedado no Itaim. Foi nele que eu tive ainda mais um dia divertido de exploração urbana, quando saí pra correr no Ibirapuera (acredite se quiser) e dei de cara com uma das Bienais. E fiquei lá embasbacado porque saí pra fazer exercícios e, sem querer, dei de cara com o melhor da arte moderna em quantidades que requerem pelo menos um dia inteiro (e boas pernas) para explorar totalmente. Foi nesse dia que São Paulo ficou pra sempre encrustrada na minha cabeça como uma cidade gratificante, e não defeituosa.

Tanto que, quando em 2008 Bethania arrumou um emprego em São Paulo, eu fui quem mais botou pilha pra gente se mudar. Coincidentemente o emprego novo dela era no Itaim e, por conveniência, alugamos um apartamento no próprio bairro.

Ironicamente, depois de mudar pra SP eu passei a passar menos tempo na cidade - por conta das viagens da consultoria. Tive até que passar um ano inteiro na odiosa Brasília, a cidade mais sem personalidade do mundo. Aí estive no interior de SP, depois em Fortaleza, depois em Cuiabá, depois no interior do Mato Grosso... e, por pura comparação, São Paulo ficava ainda melhor e mais linda na minha cabeça. A felicidade veio mesmo quando, no final do ano passado, eu finalmente arrumei um emprego "geograficamente fixo" e - algumas idas pra Recife à parte - parei de viajar e pude aproveitar bem mais minha casa paulistana.

E que casa. No Itaim o padrão são apartamentos imensos (e caríssimos) de 3 ou 4 quartos ou "habitáculos" de 1 quarto com 40 metros quadrados - mas num golpe de sorte (e de insistência de Bethania) achamos um que era bem grande e que, além do quarto, tinha um pequeno escritório. E que não custava uma fortuna para alugar.

Quanto à localização, morar no Itaim é conseguir, milagrosamente, ter tudo acessível a alguns minutos de caminhada - desde o pet shop do cachorro até um cinema - ou um cartório, ou uma dúzia de restaurantes japoneses, ou um chinês, um italiano, um mineiro... e uma lista infinita de opções. É, sem dúvida, um dos melhores bairros de São Paulo...

...tanto que, com o boom imobiliário, no último reajuste de aluguel a proprietária queria aumentá-lo em 70%. Sem brincadeira. Setenta. Por. Cento. A sorte é que eu me movi primeiro e já estava há quase um ano procurando apartamento.

Apesar da leveza que isso vai fazer no meu bolso, é com pesar que eu deixo o Itaim. Foi o primeiro bairro que me acolheu de verdade em São Paulo e me fez gostar dessa cidade maluca. Foi o palco de jantares, de happy-hours, de cafés-da-manhã na Bienal (a padaria, não a exposição), de bebedeiras no karaokê, de cinemas no Kinoplex, de sinucas no Secreto (no simbólico número 666 da Joaquim Floriano) e de muitas outras memórias.

Living the Paulistano dream

2010-07-12 16:22:15 +0000

Oito da manhã de qualquer dia da semana e São Paulo está gelada, coisa de uns treze graus. Na garagem do prédio eu me despeço de Bethania, ela vai em direção ao carro, eu vou em direção ao ponto de ônibus.

As ruas estão cheias do barulho de cidade enquanto eu coloco meus fones de ouvido, que são recobertos por uma espuma semi-rígida, parecida com aquelas que operários usam em minas de carvão, altos-fornos e outros lugares barulhentos. Você espreme a espuma para que ela entre no seu canal auditivo e depois, lentamente, ela vai voltando ao tamanho normal e vedando seu ouvido de todos os ruídos externos. Este é um dos momentos mais divertidos do meu dia: conforme os fones vão tapando o ouvido, o volume do som do mundo vai lentamente abaixando até o ponto onde não se ouve mais nada.

E então eu posso escolher a trilha sonora da minha manhã.

Isto é meticulosamente planejado desde o dia anterior. Como agora eu não divido táxis com colegas de trabalho nem sou limitado pela internet horrivelmente lenta dos hotéis, eu posso entupir meu telefone de discos novos e lançamentos que eu passei o último ano inteiro sem tempo para ouvir. E é uma delícia quando se acerta na escolha do playlist da manhã. Outro dia ouvi Further, o novo dos Chemical Brothers, um disco claramente megalomaníaco com uma faixa épica atrás de outra, e desci do meu ônibus na Av. Paulista me sentindo praticamente um deus.

Aí eu entro na estação Brigadeiro para pegar o metrô e completar o trecho final da minha viagem. São só duas estações, mas este é o segundo momento mais divertido do dia, porque – e eis aí uma das minhas bizarrices mais úteis -  eu simplesmente adoro metrô. Tubos gigantes transportando multidões pelos subterrâneos, passando invisíveis pela bagunça do trânsito na superfície. O metrô é uma das obras-primas da engenharia.

Diferentemente de Brasília, aonde estou encerrando um projeto de 12 meses(*), em São Paulo eu lidero não apenas um, mas dois projetos diferentes. Como os clientes não são do governo, o ritmo e a pressão são pesados. Mas algo me faz responder a eles com uma obstinação que eu nem sabia que tinha. Claro que em Brasília eu não ficava moleirando, mas é como se o espírito da capital federal, com sua arquitetura fria e todos aqueles espaços vazios despertasse uma sensação de paradeza, então eu tinha que fazer força pra ir levando os dias. Porque a sensação é nefasta, contagiosa. Já em São Paulo eu saio do metrô me acotovelando com rios de gente na Avenida Paulista, todos querendo andar mais rápido, chegar à algum lugar, fazer, resolver. Aí eu subo pro trabalho e tá todo mundo querendo chegar a algum lugar, fazer resolver. O espírito é contagiante, e como ainda tem a minha vontade de fazer parte da turba apressada, eis aí a razão de eu entrar e sair de ônibus e engarrafamento com um sorriso no rosto.

Muita gente não entende meu amor por São Paulo, mas ele é simples de explicar. São Paulo não é a cidade onde estou porque nasci ou porque meus pais se mudaram pra ela e eu tive que ir junto. Não é a cidade que me foi colocada nas fuças para que eu vivesse – foi a cidade que eu escolhi. E escolhi do jeito que ela é hoje: suja, com trânsito, com violência, com clima cinzento, com preços altos, tudo incluído. Isto faz toda a diferença. Eu não espero que São Paulo se adapte aos meus sonhos ou anseios – e, sem expectativa, não há desapontamento.

(*) – Pois é, nem falei do fim do projeto de Brasília, meu maior até hoje (e o segundo maior da minha empresa em 2009). Nove pessoas sob minha responsabilidade, alguns milhões de reais em jogo. No fim está tudo entregue no prazo, a meta foi batida, o cliente não pára de elogiar a equipe, e pelo que minha equipe andou escrevendo no LinkedIn (“líder versátil”, “controle consistente do projeto a todo momento”, “mantém a equipe unida e focada nos objetivos do projeto”…) acho que mandei bem. Valeu cada noite mal dormida.

Por sinal nunca tive insônia em São Paulo. Não me surpreende.

Das cidades

2010-02-11 15:54:59 +0000

Eu nasci em uma capital com alma de cidade de interior (Belo Horizonte), moro numa megalópole caótica superlotada (São Paulo) e atualmente trabalho em uma cidade quadradinha e planejada (Brasília). E sempre gostei das cidades, especialmente das grandes, e prefiro passar o meu tempo nelas do que no mato ou numa praia.

Cidades são conjuntos de pessoas e, exatamente por isso, tornam-se também entidades com características pessoais. Cada uma tem forma própria, tem uma beleza ou feiúra peculiar, cada uma tem tamanhos, climas e problemas próprios - assim como pessoas, e assim como as pessoas que as habitam.

A cidade é a mais humana de todas as obras humanas. E, como criatura, sempre reflete seu criador - e é aí que reside a sua beleza. Não me refiro à beleza plástica, ao ser bonito, e sim ao ser autêntico. Em São Paulo, quando você sai do metrô na Sé e fica entre a imponência santificada da Catedral e a imundície da praça em frente, na verdade é como se você estivesse no meio de um ser humano e de todas as suas incoerências. São Paulo tem muitas delas, e é por isso que eu acho São Paulo uma cidade fascinante.

É é também por isso que eu considero cidades planejadas (sim, você mesma, Brasília) um erro por definição. Não se planeja uma cidade, da mesma forma que não se planeja uma pessoa. Ninguém sabe aonde vai estar daqui a 20 ou 30 anos. Muito menos algumas centenas de milhares de pessoas. Muito menos ainda algumas centenas de milhares de pessoas que convivem no mesmo espaço urbano. Cidades precisam poder crescer ao sabor das épocas, precisam poder registrar a passagem do tempo na fachada dos seus prédios e na urbanização dos seus bairros. Cidades precisam poder ser produto de todos que a compõem, e não apenas ser fruto da cabeça de quem a concebeu. As superquadras do Plano Piloto são prisões da mente de Lúcio Costa.

Já a minha terra natal (Belo Horizonte) é a prova de que uma cidade, como um ser humano, tem alma. Beagá corre atrás para espelhar os progressos e os problemas das outras capitais e, de cima, não deixa nada a desejar à outras metrópoles: tem engarrafamento, tem favela, tem shopping de luxo e tudo o mais. Mas tem algo intangível entre um poste e outro, entre uma e outra buzinada do ônibus. É possível entrever uma atmosfera interiorana, quase provinciana, que o vidro, concreto e aço nunca vão tapar.

Cidades são assim, complexas, mas acima de tudo, antropomórficas. Isso é o que me faz gostar de estar nelas. A cidade, além de ser sua cidade, é também um pouco de você.

A saga do roubo de notebook em Congonhas

2009-11-24 03:19:30 +0000

No domingo da semana retrasada São Paulo ardia em febre e meu telefone tocou: era um amigo querendo sair pra tomar uma cerveja e afogar aquele calor maluco. “Tudo bem, só preciso levar Bethania em Congonhas pra pegar um avião e a gente toma uma”, respondi.

No caminho, o telefone de Bethania (que viajaria com mais 2 colegas de trabalho) toca com a notícia bombástica: roubaram a mochila e a bolsa de uma delas, bem ali, no passeio logo em frente ao aeroporto. Ela estava com um carrinho de bagagem esperando uma das colegas chegar quando um cara passa, pega a mochila, sai correndo e entra num Gol branco. A menina até tentou correr atrás dos caras (péssima ideia) mas desistiu assim que viu uma arma sendo apontada em sua direção.

roubo Um detalhe: o ladrão deixou cair seu celular durante o roubo. E mais: como o carro dos ladrões parou em fila dupla durante o roubo um dos marronzinhos da CET foi multar o carro e, portanto, anotou a placa.

Enquanto fazíamos o boletim de ocorrência chegaram os policiais civis que ficam de plantão no aeroporto. Um deles, o homem mais GIGANTESCO que já vi, foi o que mais comemorou quando ficou sabendo do celular e da placa do carro. Segundo eles, há semanas eles tentam pegar essa quadrilha – e com o celular e a placa do carro tudo ficou bem mais fácil. Ele até mostrou pra nós um vídeo das câmeras de segurança (esse aí da foto) mostrando um assalto similar ocorrido no dia anterior. O cara estava empolgadíssimo: “agora eu vou me divertir com esses caras, eles vão ter tratamento VIP”, dizia ele, enquanto apalpava efusivamente a pistola que carregava na cintura. A vítima do assalto também estava bem animada com a possibilidade de pegarem os meliantes e até fez uns pedidos especiais ao policial, coisas como “puxa bastante as bolas dele pra ele ficar impotente” e por aí vai.

Aí pegamos a bagagem das meninas, botamos de volta no carrinho e saímos do posto policial para remarcar as passagens. Estávamos esperando em frente ao guichê da Tam quando, de repente, um moleque aparece de repente, pega duas das malas que estavam no nosso carrinho e sai andando apressado. Todo mundo ficou IMÓVEL, paralisado pela ideia de que estava acontecendo tudo de novo, até que o “ladrão” se vira, mostra o dedo médio pra nós e sai, esbravejando. E alguém comenta:

- Errr… esse era aquele menino que estava no posto policial com a gente? Um que tinha perdido a carteira?

E todo mundo cai na gargalhada. Aparentemente, nós, vítimas de roubo de bagagem, acabamos “roubando” a bagagem dos outros sem querer – e o que é pior, de dentro da delegacia. Aparentemente estávamos mais competentes pro crime do que os ladrões de verdade…

Mas depois do roubo involuntário e de longas horas remarcando passagem, Bethania e as meninas viajaram no dia seguinte. Quando ela voltou, na terça à noite – surpresa! – a polícia já tinha pego os caras. Segundo ela rolou até um police lineup, com os meliantes enfileirados e a vítima atrás de um espelho falso, pra fazer a identificação dos marginais. Eu dava tudo pra ter visto isso. Rolou até uma matéria sobre o roubo no Jornal da Globo. O vídeo que eles usaram pra ilustrar o roubo, por sinal, é o mesmo que o policial nos mostrou no domingo.

Pelo menos tivemos um final “semi-feliz”: apesar das perdas materiais (nada do roubo foi recuperado), pelo menos os caras foram presos. Inclusive preciso destacar o excelente atendimento dos policiais em todo o ocorrido: foram rápidos, atenciosos, prestimosos e ainda pegaram os caras.

Vai virar igreja

2009-05-24 00:16:44 +0000

Ontem. Augusta. Uma da manhã e eu na porta do Club Roxy para, finalmente, ver Pet Duo tocar - corrigindo, por sinal, um arrependimento de 3 anos atrás.

Aí ouço uma HORDA de pessoas descendo a rua, gritando e fazendo zona. "Normal, Augusta", pensei.

O pessoal foi chegando mais perto e os gritos foram ficando mais audíveis e eu percebi que a horda gritava, na mesma métrica do "ahh, eu tô maluco": "AAAAH!!! JESUS TE AMA!!!". "Normal, turminha ultrajovem dando uma de herético contracultural", pensei.

Aí o pessoal foi chegando ainda mais perto e eu pude então ler o conteúdo das camisetas: "Jesus te ama", "Arrependa-se", e o escambau. E foi aí que eu percebi que aquilo era realmente uma turma de igreja, que veio descendo a Augusta para pregar a nós, "pecadores", nos bares e portas de boate. Todos estavam empolgadíssimos, sentindo-se o máximo por serem supostos enviados de Deus excursionando valentes em missão sagrada bem no meio da perdição.

E a turba parou em frente à Roxy e, em coro, gritou: "VAI VIRAR IGREJA! VAI VIRAR IGREJA!".


Aí você pergunta: e o Pet Duo?

Meu amigo, minha amiga... PUTA QUE PARIU. Destruição TOTAL e ABSOLUTA por HORAS. Saí de lá surdo e feliz.

Hora do Planeta – FAIL?

2009-03-29 01:28:55 +0000

Eu tirei uns panoramas da minha janela 10 minutos antes e depois do início da tal “Hora do Planeta” – aquela, onde todo mundo supostamente apagaria as luzes de casa por uma hora para chamar a atenção sobre os problemas do meio ambiente.

Eu diria que ficou parecendo um “jogo dos sete erros”. Quase não dá pra ver janelas apagadas…

horadoplaneta

Bem, é como eu disse no Twitter: hora do planeta é legal, é louvável, mas é o equivalente ambiental ao “atleta de fim de semana”.

P.s.: A Lúcia Malla fala bem melhor do que eu sobre esse assunto.

Update: O Big Picture do Boston.com fez mais ou menos a mesma coisa que eu - só que pelo mundo inteiro e em vários monumentos e locais históricos onde o pessoal realmente apagou as luzes. Clique nas (belíssimas) fotos para ver as luzes apagadas.

A rua Augusta e a fraternidade universal

2009-03-21 16:47:27 +0000

Quando o sol se põe e a noite chega é como se Deus removesse do céu o seu olho gigante e incandescente e deixasse o mundo momentaneamente sem supervisão. E então é como se seus habitantes, que passam as horas claras do dia mantendo a compostura e cumprindo seus contratos sociais, percebessem que “o chefe saiu”.

Talvez isto justifique o que se vê à noite na Rua Augusta. Desde que me mudei pra São Paulo eu comecei a criar um fascínio cada vez maior por ela - mais especificamente pela “baixa Augusta” – a parte onde ficam os inferninhos, puteiros, botecos e casas noturnas.

augusta_inferno

Andar pela Augusta tarde da noite é surreal. De um lado do passeio tem uma mini-equipe de produção com câmeras e holofotes entrevistando as pessoas que passam. Mais adiante tem uma rodinha de violão, depois um grupo de moleques praticamente uniformizados com seus pretos e piercings na porta de uma boate. Há muitas câmeras, muitos celulares e muita gente gritando “onde você tá?” neles, para encontrar os amigos no meio daquele pandemônio. As paredes são cobertas de pichações e cartazes de artistas urbanos: um deles diz, em letras garrafais: “AMOR É IMPORTANTE, PORRA”. Os seguranças da porta das casas de shows adultos divulgam as atrações: “mulheres bonitas, quantidade e qualidade!”, diz um deles. “Todas apertadinhas”, diz outro. Mesmo se você estiver acompanhado, não tem problema. “Temos mesa pra casal”, dizem eles.

Ontem eu estava lá, com esposa e amigos, na porta do Inferno Club – uma casa de shows com um neon vermelho clássico na fachada, portas acolchoadas e reproduções de quadros de Hieronymus Bosch nas paredes. Um dos amigos que estava conosco não estava acostumado a “sair de balada” e estava visivelmente assustado. Então eu disse a ele alguma coisa mais ou menos assim:

- Não precisa se preocupar. Você olha pras pessoas e parece que elas vão te atacar e te matar, mas na verdade todo mundo está aqui com o mesmo objetivo: se divertir.

E é por isso que eu me sentia tranquilo no meio daquilo tudo. Todo mundo estava ali para, à sua maneira, exorcisar seus próprios demônios; fugir um pouco das vistas do olho incandescente de Deus e dar vazão aos desejos tortos que ficam engavetados de segunda à sexta. E por isso é como se todo mundo estivesse unido pelo desejo comum de se divertir.

A rua Augusta talvez seja um dos poucos lugares aonde o ser humano se comporte de maneira genuinamente fraternal.

Safári na selva de pedra

2008-05-28 18:12:42 +0000

Nos quatro dias do último feriadão tivemos quatro amigos belorizontinos hospedados em casa. Foi excelente, quatro dias explorando São Paulo e sua quantidade absurda de opções de lazer (todas cheias, é claro).

Uma delas foi bem interessante: o MAM está com uma exposição excelente de trabalhos de artistas japoneses, por conta do centenário da imigração. E japonês é tudo doido mesmo: as obras envolviam desde motion capture até vômito rosa. Mas a mais divertida era uma sala espelhada com som surround e projeções nas paredes...

Usualmente, depois de alimentar o espírito, a gente matava a fome do corpo. Comemos de tudo, desde o clássico sanduíche de mortadela do mercadão até os petiscos fashion do restaurante Skye - que tem a melhor vista da cidade.

Mas não dá pra falar de São Paulo sem falar do trânsito - que gerou o episódio mais engraçado do feriado...

Bethania estava dirigindo pelo Itaim quando dois carros pararam em frente a dois restaurantes para os ocupantes descerem e os manobristas estacionarem. Só que os dois carros estavam bloqueando a rua inteira sem a menor cerimônia. Bethania ficou furiosa, começou a buzinar... e aí um dos manobristas teve a audácia de gritar pra ela:

- Tá com pressa, moça? Compra um helicóptero!

Aí Bethania abaixou o vidro e respondeu, aos berros, com a frase mais marcante do feriado:

- O RLY??? Folgado! Fechando a rua!

Ééé, amigos... ela realmente gritou "O RLY" para o manobrista...

Where I belong

2008-05-17 05:13:07 +0000

E então que, pra mais de 10:30 da noite, meu vôo estava pousando em São Paulo - cidade que eu não via há 12 dias por conta do trabalho semanal em Brasília e do fim-de-semana do dia das mães em Belo Horizonte.

Então olho pela janela do avião e a vista é mais ou menos assim:

20080516
Foto por SlapBcn

Adivinha qual foi a primeira coisa que me veio à cabeça:

"Coruscant... o planeta inteiro é uma cidade"

Foi o que Ric Olié disse à Anakin Skywalker, em Guerra nas Estrelas, Ep. 1, quando Qui Gon Jin leva o garoto para ser avaliado pelo conselho Jedi. Bati meu personal nerdice record de novo...

Outro dia o Inagaki disse que São Paulo "desperta sentimentos ambivalentes". Já eu não sei dizer se sinto amor ou ódio pela cidade. Mas uma coisa é certa: me sinto integrado a ela de uma forma que nunca senti antes - nem com Belo Horizonte, minha terra natal. Tanto que, míseros sete meses depois da mudança, já me sinto em casa quando o avião toca na pista, e nem me estresso com a fila do táxi no ponto do aeroporto - que hoje, sem brincadeira, tinha umas 200 pessoas fácil, fácil.

Foram duas longas semanas. Voltar ao meu lar paulistano dá uma sensação boa de pertencimento - o tal "where I belong" das músicas em inglês...

Terremoto em São Paulo - um "timeline" bizarro

2008-04-23 03:04:27 +0000

Aprox. 21:00 - Na sala aqui de casa eu e uma amiga de Bethania estávamos vendo TV. Aí minha cadeira balança bem de leve por uns 10 segundos. Enfiei a mão debaixo dela para ver se não era Pavlov (meu cachorro) se coçando, até que a amiga pergunta se eu senti a terra tremer.

Me levantei, fui até o computador e levei um susto: no Twitter, dezenas de relatos da terra tremendo em várias partes da cidade de São Paulo. A primeira twittada, supostamente, foi do @viniciuscosta: "Terremoto em SP?"

21:13 - O tremor começa a aparecer na mídia. Segundo o 8 Bits e Meio:

O Corpo de Bombeiros confirmaria as informações alguns minutos depois. Os portais entraram às 21h16 (com o G1). A FOL foi mais tarde, com um urgente na capa. Às 21h18, a Bandnews levou a história para o ar. Às 21h23, entrou a Globo News.

21:36 - @geomorcelli avisa: no Orkut surge a comunidade "Terremoto 22/4/08 - Sobrevivi!"

21:41 - No Twitter começam as piadas, como esta, de @marcsheep: "Esse terremoto é uma ação viral da motorola para o novo cellphone! TERREMOTO!"

21:43 - @cellozero avisa que o terremoto foi de 5.2 graus na escala Richter. Informações do portal de terremotos (?) do Governo Norte-americano confirmam, inclusive dando a localização do epicentro: no Oceano Atlântico, a 270 km de São Paulo - a estrelinha da figura aí embaixo.

20080422

21:51 - O número de piadinhas com o terremoto segue crescendo exponencialmente. Segundo @pedro_blognatv, "Terremoto nada! A terra só quis comemorar o seu dia e dançou o créu na velocidade 5"

21:58 - Surge a melhor (e mais nerd) piadinha do terremoto, via @felds: "São Paulo, agora com RUMBLE PACK!"

22:00 - Começa a monetização: Camiseta do terremoto é lançada por Ian Black no Twitter.

22:03 - @herkeios especula sobre a causa do terremoto: "O desmond esquecereu (sic) de digitar 4, 8, 15, 16, 23, 42, DE NOVO"

22:09 - A comunidade do terremoto no Orkut já tem mais de 200 membros.

22:19 - Meu pai aparece no Google Talk. Isso é, de longe, MUITO MAIS BIZARRO que o terremoto. Achei que ele tinha ficado sabendo do tremor e estava preocupado comigo, mas as primeiras frases dele são: "Uai, tou conseguindo tc contigo? Foi sem querer que entrei aqui".

22:27 - @opiumseed avisa: "Na comunidade de São Paulo no Orkut, o tópico do terremoto teve mais de 500 comentários em uma hora". Já a comunidade do terremoto está com 360 membros e segue aumentando.

22:29 - Bethania chega na sala rindo porque viu no Twitter: "Brasileiro não sabe nem se portar em evento de primeiro mundo" (Update: o autor foi o @marcdoni)

22:34 - Encontro Bethania ainda rindo, mas por causa de um comentário do @cacaucalazans: "Droga, eu filmei o terremoto, mas o meu celular tem sistema antishaking! hahahahahahaha"

22:36 - Talvez o primeiro relato de danos causados pelo terremoto, via @cellozero: rachadura em hospital da zona leste de SP.

22:43 - Bethania me avisa de um comentário de @luti (cujo Twitter foi criado há apenas 3 horas): "Gente, foi terremoto mesmo? Não reparei, aquei que tinha esquecido o vibrador ligado..."

22:47 - Na comunidade do Orkut também tem piadinhas, como o tópico "Ao vivo - Está tremendo em Manaus (-2 hs fuso)".

23:05 - Parei de acompanhar o aftermath do terremoto e fui dormir. É estranho dizer isso mas foi... divertido.

P.s.: Pra quem quiser ler mais, o Inagaki também coletou um monte de citações do Twitter.

Curando a saudade das montanhas geladas

2008-01-29 03:31:06 +0000

No último sábado de manhã acordei cedo, saí de casa e comprei um par de patins.

Sim, você leu certo. Comprei um par de patins Powerslide Freeskate Cell 2.

20080127

Em meu juízo normal eu JAMAIS compraria uma coisa dessas, mas confesso que estou satisfeito com minha nova aquisição. É que, como temos o Ibirapuera aqui pertinho de casa, volta e meia a gente leva Pavlov pra passear por lá. Num desses passeios Bethania viu um cara dando aula de patinação debaixo da marquise, se interessou e perguntou se eu faria aulas junto com ela. Como bom marido que sou (e, dado o diâmetro da minha cintura e o grau elevado de sedentarismo), fui junto.

Acontece que andar de patins, para minha surpresa, começou a se mostrar um bom remédio para o que eu chamo de "dor-de-cotovelo da neve", ou seja, a minha paixão incontrolável por esquiar, paixão esta que começou quando eu morei no Canadá e, de tão séria, foi a principal razão da minha lua-de-mel ter sido no Chile. A coisa é tão feia que eu mudo de canal quando vejo gente esquiando na TV, porque a vontade que dá de morar num país com neve fica absurdamente difícil de suportar.

Mas voltando ao Ibirapuera: aula vai, aula vem e eu começo a perceber que os patins tem algumas semelhanças com os esquis: as botas pesadas nos pés, o deslizar com o vento no rosto, as "remadas" ritmadas para pegar impulso, a dificuldade pra aprender a fazer as curvas e a parar, tudo é bem parecido... até a sensação deliciosa de alívio, de quando (depois de algumas horas) você tira os pés doloridos de dentro das botas, é bem igual. Obviamente, uma coisa não substitui a outra mas, como as "restrições orçamentárias" da vida paulistana devem me impedir de ver neve por um bom tempo, vou ficar matando a vontade - e tomando capote - na marquise do Ibira mesmo.

E quando eu tiver realmente bem, quem sabe não rola até um videozinho no YouTube...

Surpresas da noite paulistana

2008-01-24 04:19:25 +0000

Sábado passado eu estava com dor de cabeça e todo dolorido, em frente ao notebook. E Bethania querendo sair.

"Hmm, o que seria perfeito hoje é um lugar pra sentar e bater papo. E um DJ tocando alguma coisa bem tranquila. Bem, estou em São Paulo, aposto que deve ter alguma coisa", pensei. Aí veio a idéia idiota: entrei no Rraurl - que tem um guia bem completo da cena eletrônica - e digitei "ambient" no search.

Para minha surpresa, veio um resultado: o 8 bar. O "ambient" estava entre os gêneros que os DJs tocariam. O lugar era pertinho de casa e até as 22h a entrada era de graça. Chamamos um amigo e fomos.

A impressão inicial foi ruim: o lugar era um corredor comprido com um bar no meio e umas cadeiras. Como entramos antes das 22h, fomos os primeiros a chegar e pudemos ver o lugar se encher lentamente. Chegava um, depois outro, depois mais um... e, curiosamente, todos homens (dica número 1).

Aí resolvi ir ao banheiro. Como o lugar era minúsculo, fora a porta de entrada o lugar tinha apenas outras duas portas, então não foi difícil deduzir que era ali. Só que não tinha nada nas portas que dissesse qual deles era o masculino e o feminino. Procurei o barman e apertei F1:

- Por favor, onde é o banheiro?
- É ali mesmo, naquelas duas portinhas. Fique à vontade, você escolhe qual deles quer usar!

E deu um sorrisinho esquisito (dica número 2).

Então, seguindo as instruções do barman, escolhi uma das portinhas e - surpresa! - o maldito banheiro era todo pintado de vermelho e tinha espelho no teto (dica número 3).

Agora é com você, querido leitor. Usando as três dicas deste post, adivinhe qual era o público predominante do 8bar...

Moral da história: A partir de agora, antes de ir conhecer um lugar novo, vou ligar com antecedência e perguntar sobre o espelho do banheiro.

Madness? This... is... MUDANÇAAAA!!

2007-11-22 00:05:48 +0000

O plano era simples: na quinta do feriado, carregar o caminhão. Na sexta, eu, Bethania e Pavlov vamos de carro pra São Paulo, assinamos o contrato de aluguel e pegamos as chaves. No sábado o caminhão com a mudança chega e até domingo arrumamos tudo.

Falando assim parece simples, mas tem uma infinidade de detalhes que faz a coisa se tornar uma odisséia épica misturada com uma graphic novel (com roteirista ruim) e com um remake estadunidense de "Betty, a Feia".

Por exemplo, a lei brasileira diz que em viagens assim você precisa de um atestado de boa saúde canina - mas calma, não é para o motorista, e sim para transportar seu cachorro pelas estradas. Obviamente NENHUM policial vai parar seu carro no instante em que você obter o atestado - efeito da lei de Murphy. Mesmo assim, na quinta-feira à noite, ao invés de dormir para viajar descansados, eu e Bethania fomos levar Pavlov a um veterinário.

A coisa foi surreal, porque chegamos na clínica e estava tendo uma "emergência médica canina" no melhor estilo de episódio de "E.R.": uma cachorrinha com leishmaniose havia dado entrada tendo convulsões. A dona dela estava na recepção, chorando desesperada. Chamaram até outro cachorro - um rottweiler ENORME - para doar sangue pra ela. Mas depois de um tempo apareceu a veterinária, com aquela cara de más notícias, e começa a falar:

- Olha, sua cachorrinha estava realmente mal, nós tentamos fazer uma transfusão de sangue, demos efedrina, adrenalina, mas o coraçãozinho dela não resistiu...

Segue-se choros e ranger de dentes. E eu lá, perplexo.

Outro detalhe de viagens com cachorro é que recomenda-se que o cão viaje sedado, então compramos um psicotrópico canino que a veterinária receitou. O troço é tão maléfico que as farmácias só vendem o remédio com cadastro e retenção da receita. E Pavlov não é bobo, detesta remédios e sabe quando estamos tentando dopá-lo medicá-lo, então misturamos o "psicotrópico do mal" em um pouco de Toddy e demos para ele.

Se cães pudessem falar, eu tenho certeza que Pavlov teria dito: "oba oba, chocolate!!" e, na sequência, conforme estava ficando sonolento, diria: "Traidores!! O que vocês... fizeram... comiiiigoooooo....". Porque a cara dele dizia exatamente isso.

Além da trabalheira canina, outro inconveniente da mudança é que você tem que desativar toda a sua vida na cidade-origem e reativá-la na cidade-destino, ou seja, cancelar internet, telefone fixo, celular, TV a cabo e mais duzentas mil coisas. No caso da TV a cabo lá de casa a situação era mais complicada, porque ela estava no nome de Bethania e eu era o único com tempo para ligar pra fazer o cancelamento. A situação parecia sem saída mas parei, pensei por um instante, peguei o telefone e liguei para a operadora de TV a cabo:

- Bom dia, eu queria cancelar minha assinatura.
- Pois não, qual o seu nome?
- Bethania.

O atendente faz uma longa pausa e pergunta, confuso: "Uhh... é 'Senhor' Bethania?"

- Não, não. Senhora Bethania. - Confirmei, na maior naturalidade do mundo.

Pensa bem: o que diabos o atendente poderia dizer? Que minha voz era grossa demais para uma mulher? Se eu deixasse de confirmar alguma informação do cadastro tudo bem, mas qualquer suspeita que ele levantasse com base em minha voz poderia ser rotulada de preconceito, portanto ele não tinha nenhuma outra opção a não ser atender a "senhora Bethania" de voz grossa. E funcionou: das três vezes que precisei ligar pra lá, nenhum atendente questionou a minha voz.

Além das questões vocais, a mudança ainda teve inúmeros outros "detalhes" trabalhosos: o zelador do prédio novo encrencou com mudanças antes das 9 da manhã. e as leis de trânsito paulistanas proíbem tráfego de caminhões no meu novo bairro após as 9 da manhã. Alguns serviços que você quer contratar pro apê novo (internet, TV a cabo) requerem comprovante de endereço, que, obviamente, você só vai ter depois que receber contas de algum serviço, como internet ou TV a cabo. E aí o chuveiro de 110V que veio na mudança não pode ser usado na instalação 220V do apê novo. E então o contrato de aluguel tem uma cláusula que proíbe animais - e você vê isso no instante de assinar o contrato. Aí as assinaturas do contrato de aluguel tem que ter firma reconhecida, e você tem que abrir firma num cartório paulistano, e o cartório te pede - além de uma escaneada nas digitais do seu dedo indicador (sabia dessa?) - uma cópia da certidão de casamento, e a certidão ficou em Belo Horizonte. E na hora de receber as chaves do apartamento, você descobre um vazamento de água no teto de um dos cômodos. E por aí vai...

Moral da história: mudar de cidade é um pandemônio. Se bobear, mudança de sexo deve ser mais fácil do que isso.

Mas eu não podia deixar este post acabar sem mencionar o lado bom de mudar pra São Paulo, que é... morar em São Paulo, por incrível que pareça. Nosso bairro é excelente, Bethania mora a 15 minutos de caminhada do trabalho, temos tudo a apenas alguns quarteirões de distância, o prédio onde moramos é ótimo, é grande, é seguro, e o apartamento novo é muito espaçoso. Claro que isso não custa barato, mas se é pra morarmos longe das famílias e dos amigos, pelo menos que seja num lugar legal...

P.s.: Por conta da mudança perdi o BlogCamp MG. Uma pena, queria conhecer as caras por trás dos blogs que leio. Mas pelo que li sobre os debates, a coisa foi exatamente como eu previa: em torno de monetização e, consequentemente, chata.

P.p.s.: E logo após a mudança, adivinha qual a primeira coisa que fiz? Peguei um avião e fui trabalhar em... Belo Horizonte!

P.p.p.s.: E depois de ir pra BH eu estou escrevendo este post diretamente da cidade de... Joaçaba, interior de Santa Catarina!!

As mudanças que uma mudança traz

2007-11-15 00:47:03 +0000

20071114

Se eu fizer as contas, foram 459 dias entre a data do casamento e o dia de hoje, que é o último dia "oficial" de existência da minha casa em Belo Horizonte. Daria muito mais se contarmos desde a (looonga e trabalhosa) reforma, a compra dos móveis - incluindo a minha birra com a Tok Stok - e toda a sequência de eventos que deixou a casa linda do jeito que está, e que vocês podem ver nas fotos aí em cima.

Mas eu posso voltar ainda mais no tempo e considerar que este apartamento, onde vivi durante este primeiro ano de casamento, é o mesmo onde vivi dos quatro aos vinte e quatro anos de idade. Ééééé, amigo... foi aqui que passei a maior parte da minha vida.

20071114_2 Tem muita história nesse apartamento. O quarto onde dormi com Bethania é o mesmo onde meus pais dormiam. É o mesmo onde minha mãe passou anos doente até morrer de um câncer de mama. O outro quarto, que virou um "mini-escritório" e de onde estou digitando este post, já foi meu e da minha irmã. A janela dele não é simplesmente uma janela: é o lugar de onde minha irmã saía, ao som de um vinil do Xou da Xuxa, com um microfone na mão, imitando a Rainha dos Baixinhos saindo de seu disco-voador.

E daqui a algumas horas um caminhão vai parar na porta do prédio e levar os móveis todos embora, pra colocá-los num outro prédio a 600 quilômetros de distância, desfazendo o lar que eu e Bethania criamos pra nós e me distanciando novamente (e talvez definitivamente) do lugar aonde cresci. Mas isso não me entristece: olhando pra trás eu me sinto orgulhoso pelo rumo que a minha vida vai levando. As memórias, o que aconteceu no passado, tudo isso é importante, mas não mais do que o efeito disso na pessoa que sou hoje. "Foco no resultado", diriam meus colegas consultores. É bem por aí.

A sensação que fica é a de que uma etapa de vida acabou. E que uma outra, ainda melhor, está apenas começando...

Encontrando um apartamento para alugar em São Paulo

2007-11-12 16:15:01 +0000

Depois de muito sangue, suor e lágrimas, eu e Bethania temos endereço definido no Itaim Bibi, na grande metrópole paulista. Deu trabalho - MUITO trabalho - mas acho que vamos morar bem. Bethania vai poder ir a pé pro trabalho, eu ficarei a uns 20 minutos do aeroporto e Pavlov vai ter inúmeros vizinhos caninos para conhecer.

O início da jornada pelo apartamento novo começou pelo lugar mais fácil: na internet, em sites como Imovelweb, NetImóveis e Zap. Nessa etapa é que tivemos a primeira referência de preços (caríssimos) e disponibilidade (minúscula).

Na verdade o que a internet te dá é apenas isso: uma referência, já que os imóveis realmente bons são alugados em questão de dias. Tanto que liguei para uns 15 anúncios da internet e somente 2 deles ainda estavam disponíveis. O negócio é visitar os sites todos os dias e fazer uma pesquisa ordenada pela data do anúncio, pra pegar os mais "fresquinhos" antes. Mas meu tempo para achar um apê era meio reduzido, então tive que partir pra uma abordagem mais "téte-a-téte" e, na quinta-feira à noite, me enfiei num ônibus para São Paulo para pesquisar do jeito difícil: andando na rua e caçando plaquinhas de "aluga-se".

Como todo bom nerd eu fui preparado: coloquei no celular imagens com mapas da região do Itaim, para poder me orientar sem precisar ficar carregando papéis. Além disso medi toda a mobília lá de casa e anotei as medidas, também no celular. Isso é importantíssimo para tirar aquelas dúvidas clássicas, do tipo "hmm, essa sala é ótima, mas será que o sofá vai caber naquele canto ali?".

O celular foi uma mão na roda: com ele eu ligava na hora para os telefones das plaquinhas de "aluga-se", tirava fotos dos apartamentos e ainda dava uma Twittada de vez em quando, para extravasar um pouco da frustração. Porque procurar apartamento é MUITO frustrante: você anda muito e acha muito pouca coisa. As poucas coisas que acha são grandes demais, velhas demais, pequenas demais ou caras demais. Aí os pés doem, começa a chover, depois a chuva pára e faz um sol escaldante e você continua lá, peregrinando. Aí bate o desespero e você começa a tocar o interfone de TODOS os prédios que vê, independentemente de ter ou não plaquinha de "aluga-se". E depois de andar por vários quilômetros e de encher o saco de centenas de porteiros, você vê que todo esse trabalho serviu para achar apenas UM apartamento - que foi tudo o que eu havia conseguido na peregrinação da sexta-feira. Ele era grande e caro, mas pela falta de opções acabou sendo considerado.

A sorte é que eu estava hospedado com um amigo que sabia de um apartamento disponível em seu próprio prédio. O apê era barato, embora pequeno, e entrou na disputa: agora eram dois candidatos.

Aí, no sábado de manhã, eu acordei às 5:30, me enfiei no metrô e fui buscar Bethania na rodoviária. E a peregrinação recomeçou, mas desta vez facilitada pela feminilidade da minha esposa - pois você não faz idéia do quanto os porteiros são mais amistosos quando atendem uma mulher. Funcionou tão bem que encontramos nosso terceiro candidato: um apê que ainda nem tinha sido anunciado pela proprietária.

Uma coisa que ajudou muito na decisão final foram desenhos em escala, que eu fazia usando as medidas de cada apartamento. Aí, usando as medidas dos nossos móveis, eu pegava os cartões de visita das imobiliárias (não serviram pra nada mesmo) e usava pra cortar miniaturas, também em escala, dos nossos móveis. Depois ficávamos brincando de estudar como ficaria nossa mobília no espaço do apartamento que queríamos.

Note que o cartão do "Nivaldo" virou nosso sofá grande...

20071112

Fazer um desenho em escala é muito simples. Uma escala boa para botar no papel é 1:50 (cada centímetro no papel vale 50 centímetros no mundo real). Essa escala facilita as contas porque é só multiplicar as medidas reais por 2. Exemplo: Uma parede de 2,10m vai ocupar 4,2cm no papel.

Depois de "brincar de casinha" no modelo em escala e de muuuuuuita conversa, tomamos a decisão final, ligamos pro proprietário e agora estamos na correria de fechar o contrato de aluguel. A idéia é aproveitar o feriado desta semana e fazer a mudança de uma vez. Essa, pelo visto, vai ser outra saga...

Trocando a serra pelo Serra

2007-11-01 18:03:24 +0000

Eu tinha comentado no Twitter que, desde 2003, cada ano que vem traz um mega-acontecimento que provoca mudanças drásticas na minha vida. Eu larguei minha carreira em TI em 2003, me "oficializei" na consultoria em 2004, fui morar um tempo no Canadá em 2005, me casei em 2006...

...e em 2007 vou me mudar pra São Paulo.

20071102 Estou indo pra acompanhar Bethania, que arrumou um emprego bem promissor por lá.

Quanto ao meu trabalho, bem... considerando que meu modus operandi é no estilo "o artista vai onde o povo está" (ou seja, eu trabalho viajando), para meus empregadores não faz diferença a cidade aonde eu moro - de fato, morar em São Paulo é até vantajoso pra eles, que economizam com vôos e hotel nos projetos paulistanos.

Bethania começa no novo emprego em duas semanas, portanto já estamos programando a mudança. Possivelmente vamos alugar algum apê no Itaim Bibi: é perto do aeroporto e Bethania vai poder ir a pé pro trabalho, o que economiza gasolina, tempo e stress. Por sorte eu conheço o bairro razoavelmente bem, pois foi onde fiquei nos meus dois últimos projetos paulistanos. Isso é bom porque ajuda a diminuir o frio na barriga (que atualmente está grande).

Então é isso. Nas próximas semanas faremos a mudança: trocaremos a Serra do Curral pelo... José Serra!

Update: Muita gente perguntou nos comentários, então vou responder aqui. Pavlov, nosso cachorro bissexual e artista plástico, vai conosco. Afinal, ele é da família - e ir pra São Paulo é bom pra carreira dele, se bobear ele até pode expor na Bienal.

Eu até ventilei a possibilidade de deixá-lo em BH provisoriamente, mas a tela escureceu e o cabelo de Bethania subiu igualzinho nos desenhos do Dragon Ball Z. Deixei pra lá na mesma hora.

15 de Novembro

2006-11-17 13:04:00 +0000

A pior coisa para um consultor é feriado no meio de semana, porque não dá nem pra trabalhar nem pra descansar direito.

Ontem foi exatamente assim: eu acordei, trabalhei um pouco no hotel, depois peguei um táxi e fui ao Stand Center da Av. Paulista pra comprar um mouse ótico.

Engraçado... agora eu estou bem aqui olhando pro mouse. É um mouse Microsoft. A logomarca está estampada nele, grandona... "Maicro-sófite". Fosse alguns anos atrás e eu jamais compraria um mouse Microsoft. Questão de "princípios". Eu compraria um mouse genericão mesmo e, quando ele desse pau, eu mesmo o abriria pra tentar consertar. Coisa de nerd macho. Agora eu só penso em ter um ano de garantia e um número de telefone pra poder ligar e achar uma autorizada...

Mas voltando ao feriado: o resto do dia eu passei a pé, numa peregrinação voluntária: andei da Paulista até o Ibirapuera, passei mais de duas horas andando na Bienal, e depois andei até o Itaim Bibi, onde fica o hotel. Basicamente, eu andei das onze da manhã até as seis da tarde.

Aí o dia de lazer acabou e eu tive que ir pra rodoviária. O destino? Windturn City, cidade do meu coração...

Notícias do front - Madrugada...

2006-05-16 05:40:00 +0000

Agora são mais ou menos 1:40 da manhã. Desde às cinco da tarde eu nem pisei fora do quarto do hotel, e fiquei no computador até agora, adiantando serviço e resolvendo coisas do casório.

As ruas estão completamente desertas desde às oito da noite, e faz um silêncio inacreditável, interrompido bem de vez em quando pelas sirenes da polícia, passando apressada. Eu estava acostumado a ir dormir com barulho de carro até umas três da madrugada: dessa vez é o silêncio que incomoda.


Avenida JK... não tem nem sequer um bebum ou mendigo na rua.

Lá pelas oito da noite, quando bateu a fome, tentei pedir comida pelo telefone: só na quarta tentativa eu consegui encontrar algum lugar cujo serviço de delivery estivesse funcionando.


Até canal da Net saiu do ar...

Uma curiosidade: os ataques acabaram impedindo um canal da Net de transmitir esta noite: esse aí é o canal 37, aquele que fica passando a programação. Estranho. Achei que ele era automático...

Amanhã o trânsito deve continuar ruim de manhã, já que o rodízio continua suspenso. Tenho que ver se vou conseguir ir para o Rio de Janeiro no final do dia, já que o aeroporto também está uma zona. Ontem de noite um amigo me ligou de Belo Horizonte, contando que o vôo dele pra Cuiabá (com escala em SP) estava mais de uma hora atrasado. Espero que não continue assim amanhã...

Notícias do Front - Tá tudo parado

2006-05-15 21:16:00 +0000

É, foi só eu sair do prédio pra ver o caos que tá a cidade. Tá rolando um boato de toque de recolher às 20h. Como todos estão indo mais cedo pra casa ao mesmo tempo, aconteceu o inevitável: São Paulo parou.


Esse é o trânsito em frente ao hotel...

Esse é o ponto de ônibus do outro lado da avenida

Em dias normais tem gente neste escritório até umas dez da noite...

Notícias do front

2006-05-15 20:14:00 +0000

Algumas notícias diretamente deste caos que está sendo São Paulo...

Eu trabalho no Itaim e felizmente até agora nada grotesco aconteceu aqui nas proximidades. Não vi ônibus em chamas, nem gente metralhando policial.

Os paulistas aqui da empresa estão bem assustados, tanto que agora às 16:30 a empresa vai fechar e o pessoal foi liberado pra ir rápido pra casa, pois o transporte público tá um caos por conta dos ônibus queimados e do rodízio suspenso. Realmente, da janela do prédio a cidade parece mais vazia que de costume.

O pior da história é conseguir separar os boatos dos fatos. Já me contaram histórias de que queimaram ônibus com gente dentro (boato) e que teve ameaça de atentado no Aeroporto de Congonhas (fato, deu n'O Globo).

Agora estou indo pro hotel e continuo acompanhando esse caos todo de lá.

Congonhas By Night

2006-04-25 05:06:00 +0000

Essa selvageria aí é a sala onde ficam as esteiras de bagagem do Aeroporto de Congonhas... no domingo passado... às ONZE da noite.

É que uma colega tinha despachado as malas e ia pegar carona no nosso táxi. Ela levou apenas quarenta minutos pra pegar a mala. No domingo, às onze da noite.

Depois, para finalmente ir dormir, só precisávamos de um táxi. A fila para o táxi (no domingo, onze e quarenta da noite), estava tão grande que tinha até um pipoqueiro.


A fila (à esquerda) e o pipoqueiro (à direita)

São Paulo tours

2006-01-30 04:14:00 +0000

Novidade da semana: quarta foi feriado municipal em São Paulo e eu pude, finalmente, fazer algum turismo nessa cidade. Então fui no MASP - e tive duas surpresas.

A primeira é o quanto uma pintura famosa fica diferente quando vista no original. É como se fosse uma obra completamente nova, com detalhes novos, nuances novas, uma dimensão toda inédita. Aí eu entendi o porquê da badalação de museus famosos (como o Louvre).

A segunda surpresa foi o tanto que eu gostei de passar uma tarde num museu. Eu perambulava pelas galerias igual criança pequena na seção de brinquedos do supermercado: Olha! Um quadro de Bosch! Iêêêêê!!!!!. Basicamente, eu passei horas imóvel, olhando quadros, fotos e esculturas, e achei aquilo tudo muito divertido. Eu realmente estou ficando velho.

Pra piorar essa sensação de "ficando velho", na noite anterior eu fui mexer no Orkut e descobri que Anderson Noise iria tocar em São Paulo com ninguém menos que o Pet Duo - o famoso casal de DJs que toca techno exatamente do jeito que eu gosto de ouvir (ou seja, muuuuito pesado). Era o lineup dos meus sonhos, e era naquela noite.

Aí o idoso aqui viu que eles só iam tocar às cinco da manhã, pensou que o táxi ia ficar uns R$ 60 (muito caro), e foi dormir.

Se arrependimento matasse eu já tinha reencarnado umas 30 vezes.

Depois do MASP eu aproveitei que estava na Av. Paulista e fui no Stand Center, o famoso "shopping de muamba". Pela quantidade de eletrônicos baratos e de chineses, eu só conseguia me lembrar do Pacific Mall (o primeiro lugar que visitei em Toronto). Mas foi uma visita rápida porque o shopping já estava fechando.

Filmes do final de semana:

- "As Loucuras de Dick e Jane": Comédia que é uma boa surpresa - mas não por ser engraçada e sim pelas referências à economia e política americanas. Tem paródia dos escândalos contábeis das grandes empresas americanas, tem piadas com a cara do Bush...

A piada final é excelente. O problema é que assim que ela é citada, eu caí na gargalhada. Mas apenas eu - o cinema inteiro continuou mudo, sem entender do que se tratava. Perdeu a graça.

- "Se eu fosse você": bomba do cinema nacional, que só não foi um fracasso completo pela boa atuação dos protagonistas, principalmente de Tony Ramos. Antes que me acusem, só fui assistir porque estava com uma turma de amigos. Mas me senti lesado no final, viu...

Um post, uma semana

2006-01-20 18:30:00 +0000

O tempo é curto e serei, portanto, lacônico:

Fim de semana passado foi dia de comprar tintas e coisas de reforma. É para o apartamento onde eu e Bethania vamos morar depois de casados. Sobrou pouco tempo pra lazer, que consistiu basicamente em ir ao teatro. Vimos:

- Estado de Sítio, baseado na obra homônima de Albert Camus. Surpreendentemente boa em todos os aspectos: montagem inovadora, texto espetacular, cenografia super criativa. Altamente recomendada. Vou até botar uma foto da peça aí embaixo.

- Os Sete Gatinhos, texto de Nelson Rodrigues. Pra resumir minha opinião sobre a peça, eu diria que o gênero pastelão está para a comédia assim como Nelson Rodrigues está para o drama. Não é que a peça é ruim, mas que ela estava assim um tanto quanto exagerada. Um pouco over, como diria o pessoal lá da emissora de tevê.

As últimas quatro noites que passei aqui em São Paulo foram em três hotéis diferentes, por incrível que pareça. Tudo culpa do São Paulo Fashion Week.

É que a cidade está lotada por causa do SPFW, e nossas reservas no "habitáculo" caem após as 18 horas. Chegamos lá, eram dez da noite, e a fila para o check-in era tão grande que saía do saguão.

Acabou sendo uma coisa boa, porque fomos parar no Blue Tree Faria Lima, com quartos grandes, vista bonita e modelos magricelas perambulando pelo saguão a toda hora...


Blue Tree Faria Lima

Até o elevador era sofisticado e tinha uma tela de cristal líquido que passava notícias (e paus do Windows).

No dia seguinte, após mais confusão com reservas de hotel, fomos parar em outro Blue Tree, dessa vez o da Av. Ibirapuera.


Blue Tree Ibirapuera

O resto da semana eu passei no flat (que já mostrei aqui). Por sinal alguns colegas da indústria química foram vítimas do assalto clássico cometido por motoqueiros armados. A diferença é que eles estavam dentro do saguão do hotel...

O post do final do final de semana

2006-01-09 02:48:00 +0000

...que foi, basicamente, duas coisas: rápido e cheio.

Como tem um casamento se aproximando em alta velocidade, eu e Bethania passamos a maior parte do tempo com a cara enfiada em revistas de decoração, debatendo animadamente sobre qual deve ser a cor da parede da cozinha. Aí, para relaxar, saíamos em peregrinação pelas lojas de material de construção, em amigável contato com as criaturas do ramo da construção civil: tinha desde o vendedor que faz cara feia pra te atender (mas é todo sorrisos com a sua noiva) até o marceneiro lendário, que contou que era motoqueiro, que quebrou a perna e botou 25 parafusos no tornozelo, que toca nove (nove!) instrumentos musicais, que já tocou com Milton Nascimento e já compôs músicas com Lô Borges... e que me fez pensar o que diabos um cara assim está fazendo no ramo da marcenaria.

Entre um orçamento e outro deu tempo de fazer alguma coisa mais relaxante, como ir ao teatro. Fomos ver O Tempo e os Conways, peça de J.B. Priestley, em montagem do grupo EnCena. Eu fiquei fascinado com o texto de Priestley, e a montagem ficou extremamente competente. O Primo recomenda.

No domingo - além de mais uns orçamentos - deu pra assistir em DVD Maria Cheia de Graça, filme sobre uma jovem colombiana que trabalha como "mula", ou seja, come papelotes de cocaína, embarca em aviões para os EUA e... bem, digamos que quando ela passa por "Chicago", em vez de "Boston" temos um pouquinho a mais de droga em território americano. O filme é mais ou menos como este trocadilho: horrível. Mas foi premiado em Cannes, a atriz principal foi indicada ao Oscar e até o Vilaça, por alguma estranha razão, gostou.

E acabou. Agora, às vésperas de passar mais uma semana em São Paulo, eu penso em como é bom... voltar pra casa.

Quando o avião está quase tocando a pista do aeroporto de Congonhas, eu olho pela janela e até consigo me localizar: "Aquilo ali é a marginal Pinheiros... e aquilo é o Ibirapuera". E me dá um desconforto estranho depois do pouso, quando entro no táxi. Desconforto de estar num lugar familiar mas estranho ao mesmo tempo. É exatamente o contrário do vôo de sexta, quando o avião está prestes a pousar em Belo Horizonte, e eu olho para cada avenida no chão e sei exatamente onde ela vai parar. E aí eu desço do avião e vejo a portinha do terminal do aeroporto penso nas centenas de vezes que eu vou ver aquela mesma portinha - e nas centenas de vezes em que vai ser bom ver de novo aquela portinha.

Várias

2005-12-23 04:38:00 +0000

Eu juro que tento atualizar este blog pelo menos diariamente. Juro. Mas não tá dando...

Só nas horas como agora, de madrugada, quando eu perco o sono... :
Imagens

Um - Meu pior pesadelo materializado

Pelo comportamento errático do meu m:robe, o HD dele foi para o saco.

E pra usar a garantia eu preciso da nota fiscal. Só falta eu lembrar onde botei ela...

Dois - Meu jantar de terça-feira

Foi comida chinesa. Daquelas que vem em caixinha. Tá servido?

Três - Mais quarto de hotel

Prezados leitores, apresento a vocês... o flat.

Quando estou trabalhando no projeto da indústria química eu fico nesse flat aí. Ele deve ter o triplo do tamanho do "habitáculo". E tem três cômodos: sala, quarto e banheiro. Um banheiro de verdade...

A sala tem até uma pequena cozinha no fundo, com microondas, frigobar...

A tevê (que inclui todos os canais do cabo) é montada num stand giratório, para você poder usá-la na sala e no quarto. Basta girar o stand e a tevê fica virada para o fundo da estante, que é oco e dá no quarto. Idéia simples mas genial.

O quarto é esse aí embaixo.

Além do mais, tem uma varanda com vista para a rota de pouso/decolagem do Aeroporto de Congonhas. A possibilidade de você ver um avião ao olhar pra varanda, a qualquer momento, é de uns 50%...

As amenidades não param por aí. Tem telefone, room service, TV a cabo, internet... No entanto, o flat tem falhas graves:

A cama é curta e estreita: meus pés ficam pra fora e, se eu não me deitar exatamente no meio, eu "escorro" do colchão e caio no chão.

A temperatura do chuveiro oscila o tempo todo entre os níveis "congelar hóspede" e "queimaduras de terceiro grau"

O quarto tem duas camas. Ao invés de significar mais conforto, isso significa que eu tenho que dividir o quarto com algum colega consultor. Nada contra meus colegas, mas dividir quarto com homem é f...

Isso tudo somado faz com que eu prefira ficar no habitáculo, apesar de tudo.

Quatro - São Paulo by night

Como eu acabei este post e ainda estou sem sono, fui ali na varanda tirar umas fotos. Clique na amostra abaixo para ver todas elas...

Sonhos de uma noite paulistana

2005-07-13 13:27:00 +0000

A noite passada foi a primeira das muitas que vou passar por aqui em São Paulo. O engraçado é que há tempos eu não dormia tão bem...

Acordei completamente descansado na manhã seguinte. Até tive um sonho esquisitíssimo: sonhei que estava escrevendo aqui no blog, e o post era intitulado "Top 5 razões pelas quais a Microsoft é uma empresa de ponta". No post eu tecia elogios à empresa de Bill Gates, e ficava repetindo pra mim mesmo: "Puxa, olha só, como eu não havia pensado nisso antes"...

Durante o dia eu até tentei lembrar quais eram os argumentos que me faziam pensar assim. Não consegui.

Estou achando o máximo esse ambiente de emissora. Sempre tem alguma coisa diferente pra ver. A novidade do dia foi passar por um estúdio do telejornal e ver o apresentador, todo maquiado. Na TV nem dá pra notar mas, ao vivo, um homem maquiado é muito, muito gay...

E aquela frase clássica que diz "você parecia mais bonito na tevê" é totalmente verdade.

Na segunda feira, quando o avião se aproximava da pista de pouso de Guarulhos, levei um susto ao ver a quantidade de heliportos no topo dos prédios. Por sinal, logo ao lado da sala onde trabalho fica o heliporto da emissora, que recebe gente umas duas ou três vezes por dia.

SP

2002-12-10 15:08:00 +0000

Tem coisa mais paulista em música do que aqueles backing vocals que dizem pa pa pa pa...?