20071114

Se eu fizer as contas, foram 459 dias entre a data do casamento e o dia de hoje, que é o último dia "oficial" de existência da minha casa em Belo Horizonte. Daria muito mais se contarmos desde a (looonga e trabalhosa) reforma, a compra dos móveis - incluindo a minha birra com a Tok Stok - e toda a sequência de eventos que deixou a casa linda do jeito que está, e que vocês podem ver nas fotos aí em cima.

Mas eu posso voltar ainda mais no tempo e considerar que este apartamento, onde vivi durante este primeiro ano de casamento, é o mesmo onde vivi dos quatro aos vinte e quatro anos de idade. Ééééé, amigo... foi aqui que passei a maior parte da minha vida.

20071114_2 Tem muita história nesse apartamento. O quarto onde dormi com Bethania é o mesmo onde meus pais dormiam. É o mesmo onde minha mãe passou anos doente até morrer de um câncer de mama. O outro quarto, que virou um "mini-escritório" e de onde estou digitando este post, já foi meu e da minha irmã. A janela dele não é simplesmente uma janela: é o lugar de onde minha irmã saía, ao som de um vinil do Xou da Xuxa, com um microfone na mão, imitando a Rainha dos Baixinhos saindo de seu disco-voador.

E daqui a algumas horas um caminhão vai parar na porta do prédio e levar os móveis todos embora, pra colocá-los num outro prédio a 600 quilômetros de distância, desfazendo o lar que eu e Bethania criamos pra nós e me distanciando novamente (e talvez definitivamente) do lugar aonde cresci. Mas isso não me entristece: olhando pra trás eu me sinto orgulhoso pelo rumo que a minha vida vai levando. As memórias, o que aconteceu no passado, tudo isso é importante, mas não mais do que o efeito disso na pessoa que sou hoje. "Foco no resultado", diriam meus colegas consultores. É bem por aí.

A sensação que fica é a de que uma etapa de vida acabou. E que uma outra, ainda melhor, está apenas começando...