(Nota: horários na hora canadense, ou seja, Brasília menos 3 horas)

06:01 - O avião começou a descer. Atravessou a cadeia de nuvens e permitiu que eu tivesse a primeira visão, ainda noturna, da cidade.

Toronto, à noite, de cima, é uma visão espetacular. O detalhe que mais chama a atenção é que é tudo absolutamente plano. Só se vê o contorno das ruas e dos quarteirões, desenhado pela iluminação dos postes. Conforme o avião descia, dava pra ver a neve amontoada ao lado das estradas, os caminhões passando, as luzes de freio dos carros, os nomes dos luminosos das lojas...

06:44 - O avião pousou e estabeleci a marca inicial do meu "Personal Frio Record": menos 2 graus celsius, na pista de pouso. A sensação é mais ou menos como entrar dentro da sua geladeira. Aposto que esse recorde aí não dura nem uma semana...

07:25 - Passei pela imigração e demais burocracias e, finalmente, estava a caminho da casa que vou dividir com outros colegas consultores. Como já havia amanhecido, deu pra ver melhor como é a cidade e papear com meus novos colegas de trabalho.

07:50 - A cena, enquanto descarregávamos os carros na frente da casa, era de um filme. A vizinhança compunha o cenário, enquanto uma leve camada de neve caía lentamente.

A casinha onde vamos ficar é muito boa, com vista para o Lago Ontario (congeladíssimo) e tudo. Volta e meia passam esquilos pelo peitoril da janela, e no céu vêem-se grupos e mais grupos de gansos passando, voando em "V". A calefação permite ficarmos de camiseta dentro de casa sem o menor problema.

Eu comecei a descarregar minhas malas mas acabei me mudando pra casa ao lado (tem duas casas por conta dos consultores), então não deu tempo de arrumar tudo.

11:40 - Parada no banco canadense pro pessoal tirar dinheiro e pra que eu pudesse trocar meus dólares americanos por canadenses. Eu estranhei muito o banco onde fui: na entrada não tinha porta giratória com detector de metal, eu fiquei apenas 5 segundos na fila e, no fim, o caixa foi extremamente educado comigo.

12:20 - Chegamos no local do almoço: um tal de Pacific Mall, que é um shopping localizado ao lado de uma vizinhança toda chinesa. Portanto, o shopping só tem lojas de chineses, e 99% do público era asiático. Eu nem me sentia no Canadá, parecia que eu fui parar em Pequim.

Mas antes de vermos as lojas, fomos pra praça de alimentação, já que os estômagos estavam todos vazios. Sentamos num restaurante de comida tailandesa/japonesa/Sri-Lankesa e, tentando me orientar pelo menu em chinês/inglês, pedi um prato chamado "chicken fried noodle", que é macarrão chinês frito com frango.

Só não me disseram que era com pimenta. Muita, MUUUUUITA pimenta.

Pelas "casquinhas" que contei no prato deveriam haver aproximadamente umas seis pimentas vermelhas enormes, de uns 8cm cada, misturadas na minha comida. Eu nunca havia comido nada tão picante. Resisti bravamente e comi 70% do prato, rebatendo a queimação bucal com um suco de banana que também pedi.

13:15 - Hora de compras. O Pacific Mall tem de tudo: roupas, eletrônicos, ervas medicinais, mangás, CDs... Eu vi até escapamento de carro e DVD que toca DivX à venda. Acabei ficando com dois itens essenciais para a sobrevivência aqui:

- Um adaptador Wireless PCMCIA (porque a internet da casa é sem fio)
- Uma webcam vagabunda.

17:18 - Por incrível que pareça já é noite em Toronto. Aproveitamos o final do dia pra comprar comida num supermercado próximo.

A coisa aqui é engraçada: os eletrônicos tem preços inacreditavelmente baixos, mas as coisas "do lar" são bem caras. Um exemplo: um identificador de chamadas telefônicas (o velho e bom BINA) e um vidro de xampu tem o mesmo preço: sete dólares canadenses.

21:01 - Meus housemates saíram pra uma festa de aniversário e estou sozinho em casa, escrevendo este post. A televisão está ligada num canal parecido com o Bloomberg, mas que tem 2 horas que só fala no Tsunami da ásia. Vou terminar de desfazer minhas malas, tomar um bom banho e cair na cama.

Acho que amanhã vai ser dia de turismo em Toronto...