Chegou o post que Luiz adora, onde o André só vê as capinhas dos discos e o resto do pessoal passa direto.

Fora o último disco, todo o resto foi comprado na eMusic. Cês viram o Radiohead e o Nine Inch Nails chutando a bunda das gravadoras, né? Pois é. Tou te falando. Daqui a uns 10 anos vocês vão estar todos comprando MP3 online como eu.

Clique nas capas dos discos para visitar a página correspondente na eMusic e dar uma sacada nas amostras das músicas. Ou clique no "play" abaixo:

Podcast do Primo 03 - Compras do mês de setembro

Tracklist
1) Manual - A.M. (0:00 - 2:12)
2) Proem - Sputterfly (2:12 - 4:03)
3) Farben - Beautone (4:04 - 6:15)
4) Isotope 217 - Looking after life on mars (6:16 - 9:00)
5) Oval - faixa 8, sem título (9:01 - 10:31)
6) Worm is Green - Love will tear us apart (10:32 - 12:47)

Manual - Ascend

Manual - Ascend Definição rápida para o som de Manual: é um Proem com guitarras e violões. Só que, possivelmente, só eu conheço Proem por aqui.

Portanto, detalhando, Manual é um eletrônico metade ambient e metade IDM "alto-astral". É um Lemon Jelly sem vocais, com menos groove, mais reverb e mais sobriedade. A ilustração da capa é proposital, pois é o clima geral das músicas: um fim-de-tarde musical bastante sossegado.

Pela sua característica ambient, Manual não aprofunda muito a complexidade ao longo das faixas e, portanto, rende melhor como música de fundo (aquela que você coloca pra trabalhar ou ler).

Uma observação adicional: na minha ida ao FAD tive a grata surpresa de descobrir o Janete & Claire, duo mineiro que faz um som bem na linha Proem/Manual. Bateu um orgulho "roots" ao ouví-los :). Vale a conferida.

Proem - A Permanent Solution

20071022_2 Depois do Socially Inept, que é uma jóia, eu tinha que ouvir mais alguma coisa do Proem. Mas antes uma explicação técnica:

Pode-se separar discos em duas categorias distintas: os "glower" e os "grower". Os "glower" (do inglês "glow", brilhar) são os que te pegam na primeira audição e você adora e ouve até enjoar. Por outro lado, os "grower" (do inglês "grow", crescer) não dão aquele estalo logo na primeira audição - muitos até parecem ruins da primeira vez. Mas conforme o tempo passa você percebe que o disco vai, gradativamente, ficando bom.

Confesso que o A Permanent Solution ainda está "crescendo" em mim (puta frase gay essa, viu). Mas o que já posso afirmar em relação ao disco é que ele não desenvolve idéias muito diferentes do Socially Inept, tornando-se, portanto, "mais do mesmo". A diferença mais marcante é uma nota adicional de introspecção, aparente em faixas sem batida que usam instrumentos leves e analógicos (piano, flauta, etc.), introspecção esta que, conforme o final do disco vai chegando, fica um pouco auto-indulgente demais.

Farben - Textstar

20071022_3 Se você não é DJ, deve concordar comigo que a melhor forma de consumir techno é em sets mixados por um DJ. As faixas soam muito melhor coladas entre si, numa sequência infinita de transições de texturas sobre batidas bem marcadas. Afinal de contas elas foram feitas pra isso.

Só que de vez em quando aparece alguém que faz um disco multi-utilidade, servindo tanto pra colar num mix e ser dançado quanto para ouvir quietinho, sentado num sofá. É o caso de Textstar, do prolífico produtor Jan Jelinek.

Jelinek parece entender mais do que ninguém a razão do minimal techno ser tão bom: a sua característica analítica, de mostrar mais conteúdo e sofisticação com cada vez menos som. E ele parece entender também o porquê do techno propriamente dito ser bom: a música tem que ter um caráter, uma idéia, uma atmosfera que a coloque acima do tuntistum tradicional. Textstar - lançado apenas em CD, coisa rara para produtores de techno - tem tudo isso em abundância.

Outros discos comprados mas que não vou reviewzar com tanto detalhe:

Isotope 217 - Utonian Automatic - Comprei porque é da Thrill Jockey e é de uma banda "irmã" do Tortoise. O "Utonian Automatic" contém a mesma alma de jazz e toda a parte de "guitarras pós-rock" que o Tortoise usou no TNT e no Standards. Se você não suporta esse tanto de eletrônicos que eu fico colocando aqui, vá de Isotope. Mas passe antes pelo Tortoise.

Oval - Ovalcommers - A grande vantagem do Ovalcommers é que ele parece muito com "So" - feito pelo Markus Popp (Oval) e Eri (Microstoria), e que é um dos melhores discos da minha coleção. Mas, alto lá: se você não for um "iniciado" em bizarrices eletro-acústicas vai achar o Ovalcommers "um monte de barulho" e o So "um monte de barulho". Já eu definiria o monte de barulho como "um delicioso paradigma musical".

Worm is Green - Automagic - É melancolia eletrônica entremeada por belos vocais femininos. E ainda tem um cover de "Love will tear us apart" que é de chorar.

Cesar de Melero - Clap your hands vol. 2 - Bethania esteve na Europa mês passado e, ao passar pela Espanha, não conseguia decidir o que trazer para mim de lembrança. Aí entrou numa loja de CDs e decidiu trazer pra mim a coisa mais esquisita que encontrasse. É por isso que eu amo minha esposa :)

Cesar de Melero é um DJ, e "Clap your Hands" é um CD duplo mixado. E eu não sei definir que diabo de música esse cara mixou. Parece "disco house de brincadeirinha" - as músicas parecem saídas diretamente dos anos 80, tem aquela cara de amadoras, os vocais são simplinhos, as letras cantadas são óbvias ("move your feet, get on the dance floor", etc) e o nome dos artistas das faixas mixadas são... er, bem, veja só, temos "DJ Weight Problem", "Frank Chickens", "El General", "Manu Dibango" e por aí vai. Tem como não gostar de um disco desses?