A política de backup d'O Primo
Já que estamos há MESES sem assunto por aqui, vamos fazer um momento "utilidade pública" e falar de uma coisa importante mas que ninguém comenta: backups.
Sim, backups. Fazer backup é um saco, pouquíssima gente faz, daí um dia seu HD resolve fritar e aí, meu caro, TREVAS. Eu digo isso por experiência própria: em 2003 eu perdi um HD de 40GB com tudo meu dentro. Até hoje eu, que sou desapegado pra tudo nessa vida EXCETO arquivos de computador, sinto falta de algumas coisas que tinham nele.
Mas eu aprendo com meus erros, e desde então eu possuo um esquema todo especial para backups. Eu tenho orgulho dele: primeiro porque é uma nerdice das grossas - e por isso estou contando aqui, pra você ficar rindo da minha cara -, segundo porque ele já me salvou a pele várias vezes.
É um esquema complexo, mas que é:
- Simples de usar
- Não depende de ferramentas especializadas de backup (acho todas lentas e platform-specific demais). Eu uso apenas um programinha free de sincronização da Microsoft, chamado SyncToy. Ele é simples e rápido, e é só disso que eu preciso.
- Usa pouquíssimo hardware adicional: um HD externo (de 500GB, mesmo tamanho que o do notebook), um pen drive de 8GB e meu iPod (de 160GB).
- Não depende de conexão internet (porque cada hora pego uma pior que a outra em cada hotel/cliente que visito)
- Isola fisicamente as mídias de backup para minimizar perdas caso eu seja assaltado na rua ou caso invadam minha casa (eu penso nisso mais do que devia, confesso)
- Não me toma muito tempo pra atualizar, e
- É customizado para maximizar a segurança de cada tipo de coisa que preciso backupear.
Para cada tipo de dado que eu backupeio existe um processo específico, baseado na frequência de modificações que aquele conteúdo sofre e no quanto aquele dado é precioso/inestimável pra mim (não falei que você ia rir da minha cara?).
A coisa toda é mais ou menos como na figura abaixo:
Minha principal "instância" de backup é o HD externo de 500GB. Ele guarda tudo: músicas, fotos, arquivos pessoais e de trabalho. Todo sábado eu espeto o HD no notebook, abro o SyncToy e em questão de minutos tá tudo backupeado. Mas esse é o "varejão": os arquivos mais importantes/valiosos tem backups adicionais. Os meus 40 GB de MP3, por exemplo, são objeto de uma constante curadoria e possuem valor inestimável, portanto, além do HD externo, elas também ficam no iPod. Então eu tenho minha music library, inteira, sempre em TRÊS lugares diferentes: o notebook, o HD externo e o iPod. Além disso, os 16GB mais "recentes" da minha library sempre estão também no iPhone - o que ainda é um "semi-backup adicional".
Já os arquivos de trabalho, além de backupeados, ficam também criptografados, porque senão quem me roubar terá acesso fácil a dados confidenciais das inúmeras empresas que atendo/atendi. Assim sendo, eu guardo minhas coisas de trabalho em dois "drives virtuais", um de 5GB (para arquivos recentes, de projetos em andamento) e outro de 10GB (para projetos encerrados - meu "arquivo morto"), criados com o TrueCrypt. TrueCrypt é lindo: é encriptação military-grade e de graça. Quando chego no trabalho, eu pressiono uma combinação especial de teclas, digito uma senha enorme (mais de 20 caracteres) e voilá, aparece um novo drive no meu Windows Explorer com todos os meus arquivos de trabalho, organizadinhos. Se eu dou um "lock" (Win+L), desligo ou hiberno o computador, o TrueCrypt automaticamente "tranca" novamente meu drive virtual, então não tem sequer o risco de roubarem meus arquivos enquanto eu não estou em frente ao notebook.
Mas a maior praticidade desse "drive virtual" do TrueCrypt é que ele fica todo armazenado num "arquivão" único de extensão .tc, encriptado, que eu guardo na minha pasta "Meus Documentos". Assim sendo, quando eu faço meu backup para o HD externo, os arquivos de trabalho são backupeados também. Só que eu mexo nos meus arquivos de trabalho todo santo dia, então se me roubarem no ônibus de volta pra casa eu poderia perder semanas de trabalho. A contramedida pra isso é simples: todo dia, antes de ir embora, eu enfio meu pendrive no computador e faço um rápido "sync" do meu drive virtual de trabalho com uma réplica dele, que fica no pen drive, também encriptada. E carrego o pendrive no bolso, para o caso de roubarem minha mochila com o notebook dentro. Essa "paranóia extra" me salvou a pele recentemente - não porque fui assaltado, e sim por um problema no notebook. Mas essa é uma história para outro post.
Apesar de bem planejado, meu sistema de backup ainda tem falhas: meus emails e calendário de compromissos, por exemplo, ficam todos no Google, e só lá. Claro que se me assaltarem eu não perco nenhum arquivo, mas ainda assim há o risco de descobrirem minha senha e "sequestrarem" minha conta. Outra falha é que no sábado todos os meus discos de backup estão fisicamente no mesmo lugar (meu apartamento), então se ele pegar fogo ou for assaltado eu perco tudo de uma vez. E ainda outra falha é que podem me obrigar, por coerção, a dar a senha dos meus arquivos de trabalho - e olha que o TrueCrypt tem um recurso de plausible deniability justamente pra esses casos, eu é que não configurei ainda.
Mas, paranóias à parte, fica a dica: é MUITO recomendável que você faça um backupzinho dos seus dados - mesmo que em DVD ou só de vez em quando. Confie em mim: você vai precisar.