iphone
(by ~turunchuQ)

Em março desse ano, quando resolvi que meu próximo telefone seria um iPhone, toda aquela gozação com o quão fanáticos são os adeptos de produtos da Apple passou a fazer sentido. Porque a maioria dos usuários são, sim, meio fanáticos. E são fanáticos porque, sim, os produtos Apple são absurdamente melhores do que a grande maioria das coisas que existe no mercado.

Não é atoa que o iPhone é um ícone cultural da última década. Ele é, de longe, o melhor gadget que já tive. Meus últimos nove meses com ele foram espetaculares. Durante o dia de trabalho ele mantinha minha agenda de (muitas) reuniões organizada: os convites de reunião do Outlook caíam no meu Gmail, iam parar no Google Agenda e eram automaticamente sincronizados com o telefone. Por várias vezes os mapas e o GPS integrado foram o que me orientou nas ruas ainda desconhecidas de São Paulo – e as informações de trânsito em tempo real me salvaram de vários engarrafamentos. Com o iPhone eu me mantinha permanentemente conectado via email, web e Twitter – mesmo numa rotina de viagens constantes, sem internet no cliente e com a conexão noturna miserável do hotel. O iPhone era o “modem 3G” do meu notebook (via tethering). Era meu passatempo quando o voo atrasava. Era o lugar onde eu sempre achava fotos malucas borradas que meu irmãozinho tirou enquanto brincava com o telefone. Era meu “placar eletrônico instantâneo” quando estávamos no boteco e meus amigos queriam saber se o Galo estava ganhando de quanto o Galo estava perdendo. Era minha lista telefônica, meu music player, minha câmera fotográfica.

Até que na última quarta-feira eu recebi um telefonema do meu pai e, enquanto conversávamos, a ligação caiu, o telefone perdeu o sinal da operadora e ele não voltou mais. Então tentei reiniciar o telefone e recebi a mensagem que anunciava o princípio do fim:

Restauração necessária: o iPhone não pode realizar ou receber ligações. Faça a restauração do iTunes. www.apple.com/support

Até aí tudo bem, não fosse a mensagem que era exibida quando eu ligava o telefone no computador:

O iTunes não pode ativar o seu iPhone porque o cartão SIM não está inserido ou porque um PIN do SIM é requerido

E então veio o golpe final: todas as minhas tentativas de restaurar o software do telefone foram interrompidas com um misterioso “Erro Desconhecido (1013)”.

Minhas pesquisas no Google sobre o erro caíam apenas em casos de usuários que tentaram desbloquear ou fazer jailbreak no telefone (coisa que eu nunca tentei fazer justamente porque não queria passar por esse tipo de problema). Mas ainda assim tentei de tudo: atualizei o iTunes, baixei novamente a atualização do firmware direto da Apple, tentei restaurar o telefone em outros computadores, tentei restaurar em modo DFU (que também falhou, com “Erro Desconhecido 23”) até que fiquei sem mais opções e resolvi aceitar a realidade:

Meu iPhone havia morrido.

brickediphone
(Foto by Firefish45)

E com ele morreu minha agenda de compromissos, meu modem 3G, minha lista telefônica, meu music player, meu GPS, meu mapa de São Paulo, meu defletor de taxistas que querem puxar papo e, acima de tudo, meu principal elo com o mundo online.

E só não fiquei absolutamente arrasado porque o iPhone ainda estava na garantia. No sábado fui à loja da Vivo do Shopping Iguatemi pra fazer a troca. Enquanto a mocinha dizia que a troca ia levar uns 30 dias – porque a Vivo não vende mais o iPhone 3G – eu ficava olhando uma madame cheia de sacolas da Louis Vuitton e com roupa de estampa de oncinha abrindo a caixa de um iPhone 3GS branco, novinho – para, após alguns segundos de perplexidade com o aparelho na mão, perguntar a atendente: “Onde é que liga?”.

Enquanto o iPhone não volta, o chip da Vivo que eu usava nele agora repousa dentro de um celular LG que nem sei que modelo é MG 160, mas que é usadíssimo, provavelmente é roubado, tá todo arranhado, manchado e que foi comprado hoje, a R$ 50, num quiosque assustador da rodoviária de Brasília. Eu até postaria uma foto dele aqui, mas não tenho como já que a única câmera que eu carregava sempre comigo era – sim! – a do iPhone.

Agora é a parte onde vocês deixam doces mensagens de condolências à minha pessoa nos comentários…