feliznatal

“Feliz Natal” é o nome da obra aí em cima, da artista Isabela Magalhães, exposta no hall de entrada do prédio do meu cliente aqui em Brasília (tá rolando uma exposição de obras feitas por funcionários e familiares). A maioria dos colegas da minha equipe detestaram “Feliz Natal”. Eu fiquei absolutamente fascinado.

Você pode apreciar “Feliz Natal” parando no grotesco e percebendo apenas um Papai Noel decapitado e com o olho esquerdo arrancado, ou pode reparar na posição do corpo do Papai Noel, fixado na madeira, de braços abertos, com pregos nas mãos e com os pés sobrepostos. Por acaso isso te faz lembrar de alguma outra figura relacionada com o Natal? Talvez aquele famoso profeta cristão que morreu na cruz e que – ora veja! – nasceu no dia de Natal? É exatamente por isso que eu adorei essa obra – porque ela diz, visualmente, veementemente, coisas que desde 2003 eu fico berrando aqui no blog. Coisas sobre o tanto que o Natal deixou de ser o nascimento de Jesus Cristo e virou a festança do “bom velhinho” e da comilança na ceia de natal e do boom do comércio por causa da trocação de presentes.

Outra parte do brilho artístico de “Feliz Natal” vêm também da reação de quem vê a obra. Alguns colegas ficaram ultrajados com a agressão sofrida pelo Papai Noel. No entanto a figura daquele outro cara relacionado com o Natal ensanguentada na cruz é cultuada no mundo católico e não costuma despertar nem um pouco da comoção que o Noel aí despertou. E se o Jesus crucificado serviu para “tirar o pecado do mundo”, talvez o Noel crucificado tente servir um propósito semelhante, mas dessa vez em pecados mais modernos, impossíveis na antiga Jerusalém aonde não existia capitalismo. Talvez este seja o presente da artista para o mundo.

Eu, com certeza, me senti presenteado.

P.s.: Eu até daria outras informações da exposição pra você poder ver a obra, mas isso implica em dizer onde tou trabalhando, e tem contrato de confidencialidade, e meus empregadores são paranóicos, etc. Então, não.