Uma noite de cultura e diversão em Brasília (ou: FAIL)
Quando chega a noite aqui em Brasília eu, às vezes, até me animo a tomar uma cerveja com o pessoal da minha equipe, ou saio pra jantar com amigos(as) brasilienses. Mas na esmagadora maioria das vezes meus programas noturnos envolvem apenas eu, meu computador e a internet lenta do hotel.
Mas hoje à noite foi diferente de tudo que eu já havia feito antes: enquanto o resto da nação olhava para o Brasil vs. Uruguai vs. Argentina vs. Sei-lá-quem na tevê, eu me enfiava num táxi para, pela primeira vez, fazer um programa cultural em Brasília: assistir um show do Satanique Samba Trio.
Claro que tudo deu errado.
Os problemas começam no local do show, chamado “Cafetina” (que, apesar de ter Twitter, não tem site). Havia apenas um garçom pra atender o lugar inteiro, o cardápio não tinha quase nada para comer e, para ver o show, você precisava fechar sua conta do bar, comprar uma fitinha vermelha, botar no pulso e descer para o “porão” aonde seria o show. E o caixa não tinha troco. E você não podia incluir a fitinha vermelha na sua conta e pagar tudo com cartão. E o caixa do porão onde foi o show também não tinha troco e não aceitava cartão.
“Bom, mas que se dane, eu estou aqui é pelo show mesmo”. Acontece que o show era em conjunto com o lançamento de um livro, e o autor do livro declamava poemas entre uma e outra música. E o livro era chamado “Escarro”, e o autor era um tal Gustavo Lucas Footloose, e os poemas eram catastroficamente ruins. E o show teve apenas seis músicas e durou apenas meia hora.
“Bom, mas que se dane, vou pedir um táxi e ir embora”. Aí eu ligo pro disque-táxi, espero MEIA HORA e… nada. Aí eu ligo de novo:
- Boa noite. Eu pedi um táxi aqui na 712 sul há MEIA HORA e ele não apareceu.
- Qual seu nome?
- José Carlos.
Cinco minutos depois a mulher volta pro telefone.
- Olha, o motorista teve aí mas pegou outra pessoa.
- Porra, então manda outro!
- Ah é? Vai ficar de xingamento aí? Mal educado!
E desligou na minha cara.
A minha sorte é que os telefones de disque-táxi que eu conheço aqui em BSB sempre terminam em 3030 e tem prefixos parecidos: 3321, 3323, 3325… então eu liguei para outro número e, pra não dar merda de novo, fui EXTRA-SIMPÁTICO com a atendente (que também era uma imbecil) e, finalmente consegui um táxi. E o motorista também não tinha troco quando cheguei no hotel.
“Bom, mas que se dane, já cheguei e vou dormir”. E no instante em que eu abro a porta do quarto, eis uma barata passeando pelo chão. A barata ficou me olhando enquanto eu dava um longo suspiro, paralisado na porta do quarto na mais completa DESCRENÇA de que tudo aquilo estava me acontecendo no mesmo dia. E na hora que eu vou matar a barata ela corre pra debaixo da cama. Nessa hora o sangue ferveu, eu ARREMESSEI A CAMA PARA CIMA, matei a barata e fui dormir.