Festa de fim de ano da empresa. Àquela altura já estava todo mundo meio bêbado dançando na pista, mas os dois estavam numa mesa, conversando há horas. Ela dizia, risonha:

- Mas a contabilidade inteirinha fica babando na secretária da vice-presidência, né? Pode confessar!

- Eu? Eu não sei de nada. Não digo nada. Nem sob tortura! – ele responde, rindo – Mas vocês tem uma mania de ficar reparando essas coisas…

- Isso eu confesso, é verdade. As meninas do meu setor vivem fofocando, comparando quem é a mais “poderosa” da firma…

- Ah, é? E como você está nesse ranking aí?

- Eu? Ah, eu acho que não passo nem das primeiras eliminatórias desse ranking!…

- E por que não?

- Ah, eu não tenho nada que me destaque…

Conforme ela ia respondendo, o queixo ia apontando para baixo, juntamente com o tom de voz.

- Eu sou muito… normal, sabe? Sei que não sou feia… mas também não tenho nada de atraente, de diferente… nada que chame a atenção. Então eu fico quase invisível no meio de todas as outras mulheres bonitas daqui da empresa. É como se fosse o buffet de sobremesas que tá ali: a secretária do vice-presidente é tipo, sei lá, o Crème brulée, chique, diferente, delicioso. E eu sou um flan de baunilha.

Ela se curvou e, repousando os cotovelos sobre os joelhos, repetiu o final da frase:

- É isso. Eu sou… muito baunilha.

Ele pensou por um instante. Depois disse:

- Adoro baunilha.

Segue-se um longo e apaixonado beijo.


Playground da lanchonete de fast-food, oito anos depois. Ele está sentado, distraído, olhando a fila do drive-thru se movendo lentamente, quando seu filho o interrompe:

- Paiê, quero minha sobremesa agora!

- Depois daquelas batatas-fritas todas? De jeito nenhum! – ele responde, ríspido.

- Ah paiê… a mamãe, ela sempre deixa!

- É, mas este é o meu fim-de-semana com você. Já conversamos sobre isso: na minha casa você segue minhas regras. Quando eu te levar pra casa da sua mãe você pede pra ela.

- Ah, paiê, deixaaaa!

Ele se curvou e, repousando os cotovelos sobre os joelhos, deu um longo suspiro e concluíu que não estava com a menor disposição para aquilo. E optou pela saída mais fácil:

- Tá bom. O que você quer?

- Obaa! Quero milk-shake!

- Mas é você quem vai comprar. Toma aqui o dinheiro. Aproveita e traz um pra mim.

- Oba oba! Você quer de quê, papai?

- Sei lá, qualquer coisa.

Ele pensou por um instante. Depois disse:

- Menos baunilha. Odeio baunilha.


Moral da história: Uma boa alimentação requer refeições bem balanceadas, com alimentos que sejam nutritivos. Não basta apenas ter sabor – doces e frituras podem ser deliciosos, mas são um perigo para a saúde.