Por que o Twitter precisa – e rápido – ser comprado por alguém
Crescimento exponencial do número de usuários, inúmeras aparições nos jornais, na TV, em capas de revista… a essa altura ninguém mais duvida da capacidade revolucionária do Twitter. Biz Stone e Evan Williams criaram muito mais do que um sucesso de internet.
E eu acho que eles não entenderam a dimensão do que criaram.
Um exemplo disto ocorreu ontem à noite:
- No final da tarde o Twitter anunciou em seu blog que faria uma parada de 1 hora para manutenção.
- O anúncio gerou uma comoção nos usuários, que passaram a protestar twitando a tag #nomaintenance.
- O Twitter acrescentou uma nota ao anúncio da parada dizendo que eles não tinham como alterar o horário da manutenção, pois se tratava de uma atualização crítica de hardware de rede do seu provedor de hospedagem.
- Os protestos com a tag #nomaintenance continuaram, e aí um fato novo torna-se rapidamente popular: a razão de tanto reclame é por que o Twitter estava sendo usado para troca de informações sobre as fraudes nas eleições do Irã.
- Subitamente o que não era flexível passou a ser e a manutenção foi adiada para hoje à tarde, de acordo com o blog oficial do Twitter.
Este último anúncio sobrescreveu as duas atualizações anteriores (onde o Twitter informa que vai parar e depois acrescenta que não tem como controlar o horário da parada), então, para quem não acompanhou, parece simplesmente que o Twitter foi o mais bonzinho e fez de tudo para adiar a manutenção – quando de fato ele nem sabia da importância que estava tendo para a democracia de um país naquele momento.
Esse ostracismo do Twitter me deixa muito incomodado. Quando fiz o Blablabra acabei ficando mais próximo da comunidade de desenvolvedores e do pessoal do Twitter responsável pelas APIs – e eles cometem alguns deslizes que são assustadores. Um exemplo é o problema recorrente da API de busca do Twitter, feita para funcionar em tempo real mas que eventualmente fica defasada, às vezes em mais de 1 hora (o que faz o Blablabra parar de funcionar). Da última vez que isso aconteceu, eu já estava arrancando meus cabelos quando vi que Doug Williams (@dougw), o líder de desenvolvimento da API, estava twitando tranquilamente de dentro do “Twitter Tea Time”, uma reunião informal da empresa aonde o pessoal para, bebe chá e fica batendo papo sobre o Twitter.
Sabe, eu não sei se é deslumbre do pessoal, ou se eles são jovens demais, ou se o dinheiro dos investidores não permite investimentos maiores, mas o que é inegável é que a turma do Twitter tem muito mais nas mãos do que conseguem lidar. Os problemas com a operação do serviço vão se arrastando há ANOS e o Twitter ainda assim vai ficando mais popular – e sem a menor previsão de aparecer com algum modelo de negócio para fazer dinheiro e tornar-se auto sustentável. O momento onde a moçada não vai mais dar conta está se aproximando rapidamente. E é por isto que a única solução possível, na minha opinião, é alguém graúdo (Google, Yahoo, Microsoft) comprar o Twitter e incorporar a operação do serviço em sua própria infra-estrutura… antes que a baleia morra.
O texto no balão diz: “Eu prefiro ir de trem”, mas é também um trocadilho com o Ruby on Rails, o framework de programação usado pelo Twitter.