O primo e a farinha láctea
Numa das visitas à casa do meu pai em Belo Horizonte eu reencontrei um clássico da minha infância: a Farinha Láctea Nestlé, um farináceo para crianças cheio de calorias e vitaminas, coisa que eu comia mais ou menos quando estava na idade do meu irmãozinho de 7 anos (que é quem come essa gororoba hoje). Na ocasião, só pra relembrar como era, resolvi experimentar um pouquinho.
Hoje tem uma lata inteira do troço no armário da cozinha aqui de casa.
O legal de comer farinha láctea nem é o gosto (e muito menos a aparência, como a foto aí em cima atesta), e sim a experiência, um misto de nostalgia e surrealismo. O que mais me espanta é que, apesar de fazer mais de VINTE anos que eu não como isso, o cheiro e o gosto da coisa despertam memórias absurdamente vivas de mim, criança, em pé do lado da pia da cozinha e do seu armário bege, mexendo aquela gosma numa cumbuquinha de aço inox (eu sempre comia nessa mesma cumbuca). Meu cérebro volta tanto no tempo que outro dia reparei, espantado, que a maneira com a qual eu preparo um prato de farinha láctea hoje é exatamente igual eu fazia na época – é um resgate assustadoramente preciso de uma memória muscular que consolidei duas décadas atrás: a sequência do preparo, o jeito de chacoalhar a lata para jogar a farinha no prato e depois de dar um “tapinha” pros restos que ficam na beirada da lata caírem de volta pra dentro dela, até a forma de misturar a farinha no leite (sempre no centro do prato, com a colher na horizontal, com pausas pra jogar o que sobra nos cantos de volta para o centro) é idêntica. Falando assim parece meio idiota, mas é fascinante. Experimente você, comendo alguma coisa que você comia quando criança e que nunca mais provou de novo…
Por sinal eu ando muito nostálgico aqui no blog. Mau sinal.