O Primo’s Amazonic Project Management Saga
A imagem era idêntica as que se vê nos documentários da tevê sobre a amazônia: um mar de árvores. Mata fechada, cortada apenas por rios sinuosos de água marrom. Num deles tinha até uma canoa passando. Aì, de repente, aparece uma cidade.
Foi vendo isto da janela do avião que eu pousei em Marabá, interior do Pará...
Minha missão era simples: atualizar o cronograma de um projeto de reforma de um frigorífico. O problema é que os engenheiros responsáveis estão "fugindo ostensivamente" de mim. Não atendem telefone, não respondem email... outro dia achei um deles no Skype e ele me disse: "Como você me achou? Tava me escondendo de você"…
Então resolvi visitar a obra pessoalmente. Só que esta foi a última semana de reforma antes do frigorífico voltar a operar e está tudo um pandemônio, portanto ninguém teria tempo de se sentar comigo e me atualizar sobre o projeto.
A solução? Arrumei um capacete e me enfiei audaciosamente pelo canteiro de obra, no calor paraense, atolado até o tornozelo na lama do canteiro de obra (porque choveu horrores), com um cronograma impresso numa mão e uma planta do frigorífico em outra. E tive que descobrir, por conta própria, o que foi ou não executado e, então, atualizar o status do projeto.
Acho que nunca trabalhei em condições tão insalubres de trabalho. Eu vi placas de aço caindo a alguns metros de mim, vi fagulhas de solda e de metal incandescente voando pra tudo que é lado, vi caminhões atolando na lama, vi um trator quase atropelar dois peões, andei por cima do forro do telhado a uns 5 ou 6 metros do chão, me apoiando em tubos e trepando por cima de dutos de ventilação, saí pelo canteiro de obra à noite em locais onde os peões viviam achando cobras (amazônia, lembram?), e por aí vai…
Mas o saldo final foi positivo: os engenheiros fujões viram que eu não estou de brincadeira e me evitar apenas vai adiar o inevitável e, de brinde, comecei a acompanhar um outro projeto de reforma de uma das fábricas anexas – coisa que vai deixar Darth Vader, meu chefe, bastante contente.