Trinta anos
Hoje é meu aniversário. Completei 30 anos de idade. Trinta anos, rapá.
Acho que este é o aniversário mais assustador que já fiz. Trinta anos é muito tempo. Ter trinta anos faz com que eu me sinta muito, muito velho. A cabeça ainda fervilha de idéias e vontades e desejos como se eu fosse um menino com a vida inteira pela frente, mas o calendário diz que grande parte dessa “vida pela frente” já passou. A sensação das coisas que já foram e que nunca mais serão fica perigosamente ampla.
Por outro lado eu nunca me senti tão completo, tão sólido. As encrencas com que se lida aos trinta anos são muito piores do que as dos vinte anos, mas eu nunca encarei a vida com uma segurança tão grande quanto agora. Talvez isso soe meio esnobe, mas a fortaleza de caráter e a estrutura emocional que se tem nesta idade é uma coisa absolutamente fabulosa. Trinta anos de experiência nas costas fazem toda a diferença, tanto que isso me deixa ansioso pra saber que tipo de sabedoria eu terei construído daqui a mais 30 anos.
Outra coisa curiosa é o quanto a minha vida virou de cabeça pra baixo nos últimos 10 anos. Comecei estudando computação, terminei dando consultoria em gestão. Comecei morando em Belo Horizonte, terminei morando em São Paulo (e visitando um sem-número de cidades, estados e países no processo). Até o estado civil eu mudei. Acabei fazendo coisas que eu achava que jamais faria quando tinha vinte anos. Talvez essa seja a grande lição, a de que o mundo vai muito mais longe do que a vista alcança.
Pois é… tirando o susto, o upgrade pra 3.0 acaba sendo uma coisa boa. Os trinta anos passados foram muito bons. Que venham os próximos 30, depois mais 30 e, quando eu não puder mais, coloquem o que sobrar do meu corpo de volta na terra. E que minha alma tenha vivido tão nobre e tão bela que mereça um aplauso quando for a hora de sair de cena.