Ser enérgico ou autoritário é fácil. Agora, ser sutil - especialmente nas palavras - é uma arte.

Socialmente falando, a sutileza requer uma habilidade mais ou menos parecida com o dos lacônicos - o de colocar conteudo, digamos, intenso em frases ou gestos amistosos. Como meu chefe hoje, ao telefone, explicando que a demora em confirmar se vinha ou não à Brasília semana que vem era por causa da incompetência da agência de viagens:

- É que o cara que marca as passagens de avião está doente, tem uma menina substituindo ele, e ela não é assim muito... versátil.

Sutileza é o que faz música ambient ser boa: outro dia eu comentei no Impop que ambient, normalmente, significa longas faixas de coisa nenhuma acontecendo. Só que no meio da aparente "coisa nenhuma" a música vai, discretamente, se desenvolvendo: novos sons que entram ou saem, notas diferentes, mudanças de cor ou textura do som, etc. A mente tem que se esforçar pra perceber que, sim, existe alguma coisa sendo dita - bem sutilmente.

Ser sutil é roubar a cena de dentro das coxias. Sutileza é daquelas virtudes que eu quero ter quando mais velho...