Elevator Action
Cena 1 - O futuro da tecnologia
Algumas semanas atrás. Eu e mais dois colegas entramos no elevador conversando sobre o iPhone, o Google e outras coisas de tecnologia. Aí um deles me pergunta:
- Quem você acha que vai ser líder de mercado daqui a 10 anos, Apple ou Google? Eu acho que é a Apple.
- Não mesmo. É o Google, com certeza - respondi.
- Mas por quê?
Aí me bateu uma inspiração maluca e eu dei uma explicação ultra mega-boga elaborada:
- Por causa do mercado do Google, que é muito mais significativo que o da Apple. Os produtos do Google lidam com o commodity mais importante do século 21, que é a informação. A missão do Google é facilitar o seu acesso a essa informação - a TODA a informação que ele puder. Atualmente ele é o melhor que há nesse mercado - tanto que aposto que você já é cliente do Google, basta ter um Gmail ou um Orkut. O concorrente mais próximo está muuuuito longe. A Apple pode até revolucionar um mercado inteiro com um produto excepcional como o iPhone, mas ainda assim ela vai estar no mercado de dispositivos físicos de acesso à informação, que é limitado, concorrido, sujeito à modismos, flutuações de demanda e o escambau. Aí, enquanto a Apple é dona do meio físico de acessar a informação, o Google é o dono de algo muito mais valioso: a infraestrutura virtual que indexa, guarda e te entrega esta informação.
Parei de falar, sorridente e satisfeito. Então ele me respondeu:
- Ah, mas com o iPhone dá pra acessar o Google!
Meu amigo, minha amiga... nada, absolutamente NADA podia me preparar para aquela resposta. Pra explicar o que senti, só usando um GIF animado:
Felizmente, fui salvo pelo elevador, que chegou no nosso andar.
Cena 2 - Qual é a música?
Hoje. Eu e mais um colega da equipe entramos no elevador. Tinha mais umas três pessoas, uma delas assobiando o último (e famoso) movimento da nona sinfonia de Beethoven, mais especificamente a parte (a mais famosa) chamada "Ode à Alegria". O assobiador desceu do elevador e comentei com meu colega:
- Esse aí é chique, assobiando a nona sinfonia...
- Qual nona sinfonia?
- Uhh... a nona sinfonia, de Beethoven.
- Ah é? Achei que fosse aquele "Jesus Alegria dos Homens"
- Bem, essa aí é de Bach.
- Ahhhh bom...
- Se fosse Bach, pode crer que ele estaria assobiando muito mais notas do que aquilo.
Eu estava tentando ser engraçadinho e me referia ao fato de que Bach "usa mais notas" - ou seja, normalmente compõe coisas mais técnicas, rápidas, com muitas notas curtas, às vezes chegando à extremos de dificuldade (especialmente nas composições para clavicórdio).
Uma partitura de Beethoven (esquerda) e uma de Bach (direita). Cada bolinha é uma nota.
Mas... meu amigo, minha amiga... nada, absolutamente NADA podia me preparar para a resposta que veio:
- Como assim "notas"?
- Uhh... notas musicais.
- Ah é? Tipo... "plim plim plim" e tal?
- Err.... sim, cada "plim plim" desse aí seu é uma nota diferente - respondi, sentindo no peito um pânico incontrolável.
- Como assim?
Meu pânico interno estava ficando incontrolável. Era hora de medidas extremas:
- Você já assistiu "Qual é a música"?
- Já...
- Lembra daquela hora que o Sílvio fala "maestro Zezinho, quatro notas!" e o cara toca?
- Aaaahhhh, entendi!!
Cena 3 - Quão profundo é seu amor?
Eu, sozinho, entro no elevador do hotel. Mas está estranho... faltando alguma coisa...
Aí comecei a assobiar "How deep is your love", dos Bee Gees e ficou tudo bem.