Diálogos no telefone do hotel
- Recepção, boa noite.
- Boa noite. O seu cardápio não tem o ramal do restaurante, você podia me dizer qual é o ramal?
- É 2547, senhor.
- Obrigado.
(desliga)
(disca disca disca disca)
- Restaurante, boa noite.
- Boa noite. Eu queria uma torta de limão.
- Ok... certo. Em 20 minutos eu levo pro senhor.
- 20 MINUTOS?
- Er... sim, senhor.
- Você vai levar VINTE MINUTOS pra cortar um pedaço de torta e trazer aqui?!
- Ah, você quer que corte um pedaço da torta?
(pausa dramática)
- Olha, eu quero uma torta de limão. Tá aqui no seu cardápio, na parte de "sobremesas". Eu imagino que isso aqui não signifique "uma torta inteira de limão".
(pausa dramática)
- Só um segundo que vou ver no restaurante.
- Mas não é aí que é o restaurant...
(espera telefônica. A música é "Let it be", dos Beatles)
- Senhor?
- Grrhmph? (Grunhido. Significa "sim")
- O senhor quer uma torta de limão, é isso?
- Sim, mas você vai demorar vinte minutos?
- Não, não... demora só uns 10 minutinhos.
(Pausa dramática. Cabeça entre os joelhos. Cérebro tentando entender qual o critério de estimativa de tempo desse cara e por que é tão difícil dizer "levo num instante" ou simplesmente "ok, tchau".)
- Er... senhor?
- Sim.
- Eu... posso anotar o pedido?
- Pode sim. Mas tente não demorar 10 minutos.
- Err... ok.
Aproximadamente oito minutos depois, a "torta" chegou.
Esse tartelete aí custa R$ 5 na doceria cara que tem lá perto de casa, em São Paulo. Aqui custou R$ 10 + R$ 1 (os 10% do garçom). Mas que se folha-se, vão me reembolsar os R$ 11 e eu queria um doce para amenizar a frustração do meu dia de trabalho.