Antes, uma explicação: na "pesquisa Primo de satisfação do leitor" fiquei sabendo que meus posts sobre os discos que comprei no mês são, de longe, o assunto que todo mundo MENOS gosta.

Mas este é o assunto que eu mais gosto de escrever.

Assim sendo, cês vão ter que me desculpar. Quem curte (Luiz? Norton? Renata?), clique no "Mais >>" aí embaixo...

Caural - Mirrors for eyes

20080325 ...ou "o disco com a capa mais assustadora dos últimos tempos". Sério, eu tenho MEDO desse bicho aí.

Mas o pior é que a capa tem muito a ver com a música: é um orgânico moderno, texturas bonitinhas de harpas, cordas e coisas bonitas misturadas de um jeito meio IDM meio hip-hop, entrecortado e quebrado. Elementos bonitos funcionando pra te deixar assustado e curioso ao mesmo tempo.

O disco tem bastante músicas "featuring" (músicos convidados cantando no meio). Normalmente isso é chato, mas "Transition Suite pt. 1", com o rapper Racecar, ficou até boa.

yeah NO - Swell henry

20080325_2 É jazz moderno. Eu fico preocupado quando gosto de um disco de jazz; sempre achei que jazz seria o estilo para o qual minhas preferências musicais iriam, naturalmente, se deslocar conforme eu fosse ficando mais velho e de saco cheio de "novidades barulhentas metidas a coisa moderna".

Felizmente, por enquanto, o gosto pelas "novidades barulhentas" caminha lado a lado com o de jazz.

Mas chega de falar de mim: "Swell henry" mistura, na medida certinha, improvisação, instrumentos pouco usuais (flauta, acordeon) e, principalmente, trumpetes e saxofones tocando belos temas. Esse é o forte do disco: o tema de "Camper giorno" é o melhor de todos, é uma delícia. O de "He has a pair of dice" é uma agradável surpresa porque é surpreendentemente... simples, quase pop. Os jazzistas metidos à besta teriam vergonha de tocá-lo. E o de "Kip Files" se costura com o violão dissonante do fundo para fechar o disco de um jeito genial.

Kiln - Sunbox

20080325_3 A natureza sonora da música eletrônica frequentemente faz os produtores se esquecerem de uma coisa muito importante chamada "esmero na produção". Em alguns gêneros mais amalucados (glitch, IDM, etc) o cara sai jogando samples e barulhinhos a esmo, pensando mais em intensidade do que em qualidade.

O cuidado com os mínimos detalhes sonoros é a coisa boa de "Sunbox". A segunda faixa, "Ghost", é como uma massagem tailandesa nos ouvidos - especialmente quando ouvida com bons fones de ouvido. É como se um leque absurdamente amplo de texturas exóticas se abrisse de repente pra você admirar. Tudo preciosamente selecionado: sons com seu brilho único e sem disputar espaço uns com os outros.

Burial - Untrue

20080325_4 Eu li em algum lugar que "Burial" era, como o nome indica,  música de enterro para o UK garage. Bem, depois de ouvir "Untrue" eu garanto que, sim, é música meio fúnebre e, sim, faz referência ao UK garage.

O legal disso é que o resultado final é um som taciturno, urbano e moderno, absolutamente PERFEITO para ouvir tarde da noite, num ônibus ou metrô, em uma metrópole grande, suja e impessoal - tipo São Paulo, Nova Iorque ou Londres. Em Londres o "Untrue" deve soar ainda melhor mas, infelizmente, não estou lá pra testar.