Viradouro proibida de desfilar com carro alegórico sobre o holocausto
Sim, deu no Globo:
A Justiça do Rio de Janeiro proibiu nesta quinta-feira a escola de samba Viradouro de levar para a avenida no domingo o carro alegórico do Holocausto, representado por vários cadáveres nus empilhados e que teria uma pessoa vestida de Hitler sobre os corpos.
Foto via MSNBC
Imagina isso aí entrando na Sapucaí, o sambão rolando, o pessoal vestido de nazista em cima dos corpos, cantando e sorrindo pras câmeras da Globo. Imagina a cara do pessoal nas arquibancadas ao ver a pilha de gente morta. O que a Fátima Bernardes ia narrar numa hora dessas?
Graças a Deus a justiça proibiu essa bomba de entrar na avenida! Ultimamente os juízes estão meio sem noção (vide proibição do Counterstrike), mas dessa vez, felizmente, eles acertaram. Imagina a repercussão internacional que isso teria: a proibição já saiu até no BoingBoing, mas se o desfile acontecesse ia ser dureza ver, na CNN, manchetes tipo "Nazi Parade in brazilian Carnival", "Brazil dancing 'samba' over holocaust victims"...
Numa boa, coisas assim me dão vergonha do meu país.
Update: Repensando o assunto, retiro o que disse. Acabei desrespeitando um conselho que eu mesmo vivo dando para os outros, que é o de não fazer nada quando se está de cabeça quente. E eu acabei postando de cabeça quente e não vi que estava falando besteira.
Logo depois de postar eu comentei o assunto com Bethania (que agora está rindo por cima do meu ombro ao me ver escrevendo este update). Ela foi a primeira a discordar de mim - e usando como argumento uma frase que eu vivia dizendo pra ela: "não dá para apreciar arte fazendo juízo de valor". Ela disse também que, pelo jeito que eu fiquei incomodado com a coisa, eu devo ter sido judeu ou vivido na época do holocausto numa encarnação passada (será? :) ). E pra encerrar, o Felipe veio argumentar nos comentários deste post e eu vi que, realmente, pisei na bola.
Assim, revisando minha opinião, ela fica assim: ainda tenho dúvidas se um carro sobre o holocausto, do jeito que foi previsto, ficaria legal numa festa vívida e alegre como o carnaval - e por isso eu não risquei o primeiro parágrafo do post original. Mas, de fato, nada justifica a proibição. Algumas coisas, de fato, ainda me dão vergonha do Brasil (tipo a proibição do Counter Strike, que, essa sim, é completamente sem noção), mas confesso que, ao invés de sentir embaraço, tenho é que tirar o chapéu para o carnavalesco que criou o carro sobre o holocausto, sobretudo pela ousadia de querer colocar na avenida uma obra de arte sobre um tema difícil e com tantas chances de ser mal interpretado por gente menos esclarecida e/ou de cabeça quente... como eu.