Semana passada eu instalei um dos varais lá em casa. Eu mesmo, com furadeira e tudo. E, como disse o publicitário Luli Radfahrer, "pouco importa seu sucesso profissional: é a habilidade com uma FURADEIRA que separa os meninos dos homens".

Assim sendo, provei que, definitivamente, não sou moleque (tampouco caveira, vale lembrar). Só que não passei por esta prova com a altivez característica dos grandes homens. Na verdade, se alguém tivesse filmado a instalação toda, as semelhanças com um episódio do "Mr. Bean" ficariam bem evidentes.

O problema maior da coisa foi que eu não tinha uma escada, então fiz tudo de cima de um banquinho vagabundo. Aí eu tinha que me espichar todo com a trena para medir o teto, aí a treina caía e eu recomeçava, aí o braço doía e a trena caía e eu começava mais uma vez. E no final das medições - que era apenas o começo do trabalho - eu já estava cansado, doído, sujo e desmotivado.

Na hora de furar o teto a coisa ficou ainda pior. Logo no primeiro furo eu devo ter atingido um vergalhão ou alguma coisa assim, e a furadeira não entrava mais. Eu já estava bastante frustrado, então apelei, peguei a furadeira, empurrei com toda a força pra cima... e comecei a gritar daquele jeito "Rambo" que Hollywood me ensinou via Sessão da Tarde ao longo dos anos. Comi poeira adoidado, mas consegui fazer o furo.

Na hora de parafusar o varal no teto, mais frustração. Levei uns 20 minutos pra conseguir subir no banquinho sem me embolar todo com os cordões do varal. E, quando finalmente consegui, percebi que esqueci a chave de fenda no chão. Manifestação óbvia do divino espírito santo de Murphy...

Levei umas duas horas pra instalar apenas UM dos varais. O outro eu não tive condições psicológicas pra instalar. A coisa foi tão vergonhosa que até Pavlov ficou sem graça e, no meio da instalação, desistiu de me fazer companhia e foi pra sala cochilar. Porque, se ele pudesse falar, diria: "Véio, larga isso aí e vai dar consultoria que é melhor".