Os quatro atores principais de O Balconista 2

Antes de mais nada eu devo agradecimentos inflamadíssimos a Norton, que me mostrou o primeiro balconista e que gentilmente me cedeu uma cópia do segundo filme - filme este que eu havia esquecido completamente. Não fosse ele e eu não veria essa obra-prima.

Eu estava lendo as opiniões do Metacritic e alguém disse que "O Balconista 2" é um "feel good movie", ou seja, um filme daqueles que você assiste e sai se sentindo feliz e de bem com a vida. E é a mais pura verdade. Acontece que é um "feel good movie" sobre balconistas de lanchonete (um dos empregos mais sem futuro do universo) cheio de piadas sobre negros e deficientes físicos, sarcasmo sobre o conservacionismo cristão, histórias de sexo com animais e comentários grotescos sobre clítoris gigantes e "ass to mouth" (se você não sabe o que é isso, não queira saber).

Mas esta faceta esquisita é apenas um dos lados do filme. Tem também o lado nerd, que é divertidíssimo e enche o roteiro de referências cinematográficas. A paródia de Jay (da dupla Jay e Silent Bob) do filme "O Silêncio dos Inocentes" me fez rir como há muito tempo eu não ria de um filme. Tem também inúmeras referências ao primeiro filme, piadas sobre Guerra nas Estrelas - incluindo a clássica disputa de quem atirou primeiro, Han Solo ou Greedo -, Transformers ou O Senhor dos Anéis. E a nerdice não é sem propósito: conforme o filme progride, várias piadas e referências mostram função. No fim do filme, por exemplo, a famosa frase "um anel para todos governar" é usada num contexto simplesmente genial e completamente amarrado com os dilemas propostos pelo roteiro.

E é no roteiro que reside a genialidade dos filmes de Kevin Smith. Alguns diálogos entre Dante e Randal são absolutamente geniais, e ao mesmo tempo completamente factíveis. Some-se a isso o excelente trabalho dos atores (todos, sem exceção) e os personagens nunca parecem atores recitando um roteiro. Eles são tão "de verdade" que realmente se parecem com os funcionários de um McDonalds da vida. E, no fundo, é isso que permite que, no meio do bestialismo e das piadas pornográficas, o público se identifique com os personagens e seu dilema principal: o que é melhor? Viver uma vida pré-programada, a vida que "todo mundo leva", ou viver uma vida que seja do tamanho dos seus próprios sonhos? Independentemente da resposta, ao terminar de assistir, você vai se sentir feliz - mesmo se for um balconista.

Se quiser, tem um trailer no YouTube. E se ver o filme todo, não deixe de ler os agradecimentos de Kevin Smith nos créditos finais. Até eles são engraçados. E agora eu vou ficar cantarolando "goodbye horses" e me lembrando de Buffalo Bill até semana que vem...