06:50 - O celular toca Squarepusher e eu acordo. Sem minha mulher do lado, já que estou no Rio, a trabalho.

06:53 - Ao entrar no banheiro eu lembro que, por alguma razão, o pessoal do hotel (Mar Palace Copacabana - logo vocês verão por quê estou citando o nome) me colocou em um quarto para idosos/deficientes, que não tem box. "O banho matinal vai ser uma lambança", pensei.

Banheiro 07:00 - Dito e feito. Depois do banho eu nem consigo usar a pia direito porque tem um lago de água ensaboada correndo entre eu e ela.

07:30 - Frutas frescas, depois ovos mexidos no café da manhã. Adoro café da manhã de hotel. É uma das poucas vantagens de trabalhar viajando.

07:50 - Me encontro com o "Professor", o colega-consultor que vai dar o curso de hoje, e pegamos um táxi. O trabalho de hoje é simples: eu tenho que assistir o treinamento de Gerenciamento de Projetos que o Professor vai dar.

Já é a terceira vez que assisto este treinamento. E, sim, eu vim ao Rio só pra isso. Mas é por uma causa justa: em algumas semanas eu vou me tornar "professor" do treinamento, então tem esse pequeno "calvário" de assistir o curso repetidas vezes como parte da minha formação.

Agora, imagine como é divertido rever por três vezes um treinamento de dois dias sobre um assunto que você está cansado de saber porque trabalha diariamente com ele desde que se tornou consultor...

09:47 - Começa o primeiro exercício em grupo do dia. Eu adoro os exercícios do curso, porque durante o tempo dos exercícios eu posso efetivamente FAZER alguma coisa: bancar o "monitor", passando pelos grupos, ajudando o pessoal, tirando dúvidas e tal.

Só que, enquanto um dos grupos me explicava uma dúvida, eu senti um "encosto", uma presença sobrenatural atrás de mim. Era o Professor, com a cara a apenas alguns centímetros de distância do meu ombro.

Aí, no exato instante em que eu comecei a responder a dúvida do grupo, o instrutor me interrompe e começa a responder ele mesmo. Só que o "interromper" dele significa falar no DOBRO do volume de uma pessoa normal, e com a cara colada no meu pobre ouvidinho.

Depois da terceira interrupção seguida eu desisti de tentar ajudar os grupos.

10:30 - Pra não morrer de tédio, abri o notebook, abri o Excel e comecei a montar um cronograma detalhado do curso, pra usar quando fosse a minha vez de dar o treinamento.

11:30 - Comecei a me empolgar com o cronograma...

15:32 - O que nasceu como "cronograma" acabou virando uma planilha que se atualizava automaticamente, em tempo real, mostrando o ponto onde o curso estava (de verde) e onde deveria estar (em vermelho), e também o atraso estimado, em minutos, em um outro canto da tela.

20071011

O legal é que a coluna "progresso" vai colorindo automaticamente, para mostrar o quanto cada item do cronograma deveria estar concluído. Assim, na hora do curso, você sabe visualmente quanto tempo tem para terminar de ensinar cada assunto.

Sim, eu exagerei. Quem mandou não me deixar tirar as dúvidas dos grupos?

(Update: Quem quiser baixar a planilha, clique aqui)

18:30 - Voltamos para o hotel. Eu até pensei em sair pra jantar num lugar legal, mas sozinho ia ser meio deprê. Aí fui pra internet, ver os scraps de parabéns do Orkut, ler meus feeds, terminar de baixar o Heroes novo, etc.

Só que a internet começou a cair. De cinco em cinco minutos eu dava de cara com a página de login do hotel.

Liguei para a recepção e perguntei o que estava acontecendo. A recepcionista só faltou me mandar pastar:

- Olha, senhor, não tem nada errado. Nesse exato momento tem outros 11 quartos usando a internet e ninguém reclamou. Aqui no lobby mesmo tem um senhor usando o computador há mais de uma hora.

- Tá, mas comigo não funciona. Alguém pode vir aqui e ver o que está acontecendo?

- O técnico da internet já foi embora.

Depois disso eu passei mais de uma hora tentando fazer a internet funcionar. Testei em outros navegadores, tentei com a rede sem fio, tentei com a rede com fio, tentei descobrir a senha da página da administração da intranet do hotel, mas não deu.

21:30 - Pedi meu jantar. Eu sempre me divirto com o inglês macarrônico do menu bilíngue do hotel. Você pode ir ao "looby bar" e pedir uma "ceazar salad" com um "sandwhiche".

22:10 - Ligo de novo para a recepção:

- Eu pedi comida há mais de meia hora e não veio nada ainda!

- É mesmo, senhor?

Eu juro por Deus que o "é mesmo" do cara foi tão sarcástico que a primeira coisa que veio à minha cabeça foi...

20071011_2

23:50 - Depois de comer e ver tevê, fui dormir.

05:30 - Acordo com um pernilongo dando "rasantes" na minha cabeça. Enfiei a cabeça debaixo da colcha, mas ela era muito fina e o pernilongo continuava me sobrevoando.

Passei alguns minutos pensando se era mais vantagem tentar dormir ou matar o maldito pernilongo. Alguns rasantes adicionais e eu decidi ir à caça.

Acendi a luz, botei os óculos e comecei a olhar em volta. O pernilongo eu não vi, mas em compensação, achei uma barata, enorme, passeando pelo chão do quarto. Dei nela uma sapatada e dei graças a Deus pelos rasantes do pernilongo: não fossem eles e eu nem teria visto essa minha "companheira" aí embaixo.

mar palace copacabana

O pior é que já é a segunda vez que eu acordo e dou de cara com baratas no quarto do hotel - a primeira, obviamente, foi em Windturn City.

E, só pra constar, o hotel onde estou é o Mar Palace Copacabana. Viu, Google? Quando indexar esta página, lembre-se: "baratas, Mar Palace Copacabana", ok?

05:40 - Eu não ia conseguir dormir de novo e, como o celular ia despertar daqui a uma hora mesmo, resolvi escrever este post.

P.s.: Veja você, tem mais seis anos de aniversários registrados aqui no blog. Em 2006 eu também estava no Rio, em 2005 eu estava trabalhando no mesmo hospital onde nasci, em 2004 teve festinha com chapeuzinhos da Turma da Mônica e tudo, em 2003 eu escrevi um post "socialmente responsável" que hoje me dá vergonha porque parece emo demais, em 2002 eu não tive tempo nem de almoçar no dia, e em 2001 Luiz ainda postava aqui e me deu um "remix" de aniversário.