Compras do mês d'O Primo
Tudo via eMusic, como de costume. E, curiosamente, esse mês foi quase tudo da Thrill Jockey...
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Agora, aos discos:
OOIOO - Taiga

Depois do maravilhoso Gold and Green eu simplesmente tinha que continuar ouvindo a discografia do OOIOO.
"Taiga" soa como "tiger" e significa "grande rio" em japonês e "floresta" em russo, ou seja, podemos esperar mais daquela sonoridade estilo "no meio do mato comendo cogumelos alucinógenos". De fato, a viagem começa nos nomes das músicas do disco: UMA, KMS, UJA, GRS, ATS, SAI, UMO e IOA. Sim, é sério: aparentemente, elas sortearam três letras pra formar os nomes das músicas e depois montaram as músicas partindo dos seus títulos. Digo isso porque as primeiras palavras cantadas em UMA e em IOA são, respectivamente, "uma" e "ioa",e da segunda metade de UJA pra frente as meninas cantam alguma coisa que começa com "Uja, uja!".
A beleza artística de Taiga reside justamente no fato de que o que, aparentemente, é uma bagunça aleatória de mulheres doidas, na verdade é um trabalho minuciosamente construído. Por isso é muito divertido ouvir o álbum repetidas vezes e, a cada audição, encontrar uma nova surpresa: por exemplo, descobrir que "UMO" é uma versão diferente para "UMA", inclusive com a mesma letra tribal maluca. Eu bem que queria saber como diabos elas decoram aquilo. Taiga também tem referências a outros trabalhos da banda: a faixa final, IOA, repete o mesmo grito tribal de Ina, do Gold and Green.
As músicas longas (SAI tem 15 minutos!) e "desconstrutivas" de Taiga também dão asas para a imaginação: a terceira faixa, UJA, soa de um jeito psicodélico na primeira metade e de um jeito completamente oposto na outra metade, o que me faz lembrar que o próprio nome da banda é dividido ao meio. E isso não parece ser fruto do acaso.
Agora eu estou contando os dias para meus downloads do eMusic darem refresh e eu poder baixar o resto dos discos. Ééé, amigo... basicamente, Taiga é tão recomendado quanto o Gold and Green. Mas, novamente, apenas para os mais musicalmente doidos, como eu e Luiz.
Jeff Parker - The Relatives

The Relatives é o trabalho "solo" de Jeff Parker, também conhecido como "o negão guitarrista do Tortoise" (hehe).
Eu não entendo nada de jazz, portanto o que escreverei aqui é o que meus calejados ouvidos puderam perceber. E o que ficou mais evidente a eles é que The Relatives é como se você "decantasse" a parte jazz do som do Tortoise e fizesse um disco só com ela. Em alguns momentos a guitarra de Jeff Parker é bem melódica (como em Beanstalk), em outros bem experimental (como em The Relative). Mas a habilidade do cara em tecer belas melodias em real time é evidente em todas elas.
Lemon Jelly - Lost Horizons

Desde o título fica bem claro que Lost Horizons é feito para viajar. Seja com drogas, seja numa estrada, seja no espaço, não importa.
Os horizontes perdidos de Nick e Fred (os ingleses que compoem o duo) são compostos de muito groove, pitadas de jazz, de ambient e de dub, ritmos intensos mas nunca invasivos, e uma base melódica simples e classuda. É como se você pegasse o Nightmares on Wax e trocasse o estilo "moleque maconheiro" por "escritor beatnik usando LSD". Vai por mim, é exatamente isso.
Como se não bastasse, o Lost Horizons, ao contrário do OOIOO, é ultra-acessível. A coisa toda é tão amistosa que você poderia usá-lo como trilha do filme do seu casamento. Altamente recomendado.
The Dead Texan (auto-intitulado)

Confesso que estava preocupado comigo mesmo quando comprei o disco do Jeff Parker. Pensava: "Putz... estou gostando de jazz... estou odiando essa modinhas novas de 'new rave', 'electro rock', 'disco punk'... estou ficando musicalmente velho"...
Se minhas preocupações tiverem alguma realidade, The Dead Texan marca a minha entrada oficial no mundo dos velhos da música. É que, a
despeito da alcunha de "texano morto", este é um disco de ambient. Sim, de ambient... faixas etéreas, que se esticam pelo tempo em texturas suaves e longas... como uma propaganda de amaciante em câmera lenta.
Piadas à parte, The Dead Texan tem bastante piano, notas longas de cordas sustentando uma base harmônica elegante e bonita... e nenhuma pressa de acabar. É um belo disco, perfeito para um final de sexta-feira ou uma manhã de domingo.