Pavlov - Um artista de vanguarda (parte 3)
(Leia a parte 1 aqui e a parte 2 aqui - e um "bonus track" aqui)
A vida moderna nos liberta ou nos escraviza? A tecnologia expande horizontes ou constrange as mentes? Viver num mundo sem fio significa viver acorrentado?
Todas estas questões são levantadas no novo, simples e genial trabalho do artista plástico Pavlov, intitulado Controle.

Controle
(plástico, circuito impresso e borracha)
2007 - Acervo do artista
Este trabalho simples tem muito mais do que os olhos vêem. O que parece ser apenas o controle remoto do meu DVD semi-devorado pelo meu cachorro é uma obra-prima de múltiplos significados, em múltiplas instâncias de meta-realidades que convergem tanto para o agora quanto para futuros apocalípticos distantes. A começar pelo título: o controle perde sua função ao ser devorado, pois passa de controlador a controlado. Não é ele quem diz o que vamos ver: agora ele só serve para ser visto.
A evisceração do controle remoto foi feita por Pavlov usando a sua famosa técnica de manipulação oral: mordidas e dentadas, uma catarse aonde o instinto mais animalesco faz nascer a arte mais sublime. A violência do trabalho serve a um fim nobre: mostrar o vazio que realmente há por dentro de toda esta modernidade eletro-eletrônica que nos cerca, revelando o que há por trás da casca destes monolitos bebedores de sangue elétrico que usamos para praticamente tudo (inclusive para ler este post).

Pavlov, com um ar meio blasé