Tudo comprado na eMusic, como de costume. E só os melhores dessa vez, porque comprei muita coisa e não posto sobre meus discos há um tempão.

E, André, pode pular este post :)

Asobi Seksu - Citrus

Isso é bom. Muito, muito bom. Imagine My Bloody Valentine com vocais em japonês e em arranjos menos "shoegazer" e mais "The Strokes" e você terá uma leve idéia do rock intenso e agradável que o Asobi Seksu produz.

"Citrus" é o segundo disco deste quarteto novaiorquino que, nos vocais, tem uma talentosa menina chamada Yuki. Ora em japonês, ora em inglês, ela entrega uma performance com um toque "rock grrl" adolescente e, ao mesmo tempo, a segurança de uma cantora com vários anos de carreira. Seus "band mates" fazem um som cuja comparação sonora com o My Bloody Valentine é inevitável. Mas isso não é ruim: não se trata de plágio, e sim de estruturar músicas modernas sobre uma sonoridade que funciona desde que foi inventada nos anos 80/90.

E, pra completar, "asobi seksu" significa... "sexo divertido". Que beleza!

Colleen - Everyone Alive Wants Answers, The Golden Morning Breaks e Les Ondes Silencieuses


Os Bit Cousins - projeto musical meu e do meu primo - brincaram muitas vezes com uma faixa do Anal Cunt chamada "Windchimes are gay". Nosso terceiro disco, Poligonal, tem nada menos do que cinco remixes da música. A fixação foi tanta que acabou sendo até mencionada num trabalho sobre música lésbica e gay, publicado na Universidade da Califórnia.

Trabalhos acadêmicos à parte, os windchimes - que são aqueles penduricalhos de metal que você pendura na janela e que tocam ao sabor do vento - são matéria-prima bastante presente nos discos de Colleen. Ela também usa violoncelos, clavicórdios, caixinhas de
música e tudo quanto é coisa que produza sons... delicados. E nos últimos dois meses eu comprei três discos de música feita apenas com estas delicadices.

É que Colleen é muito competente ao trabalhar estas texturas mais suaves. Justamente hoje em dia, em tempos de exageiro nos baixos, com as Pussycat Dolls da vida abusando de sub-frequências graves - aquelas que parecem que vão explodir o seu tórax -, Colleen trabalha no extremo oposto: o dos agudos, das frequências leves, dos harmônicos, da parte do som que é construída para relaxar ao invés de estimular. Nas músicas, as notas são longas, justamente para permitirem que os "restos" do som ecoem com tanta presença quanto as notas em si, já que, melodicamente, as músicas são construídas sem pretensão, sem pressa, apenas passeando calmamente por um lugar sonoro cheio de ressonâncias, ecos e harmônicos.

Pois é, pra vocês verem o que eu, aquele mesmo cara que metia o pau nos windchimes, anda ouvindo...

Além dos discos, a própria vida de Colleen é interessante: ela vive em Paris e passa os dias dando aulas de inglês em um colégio. Em um artigo do site Boomkat ela conta os discos que marcaram sua vida, mostra fotos dos seus CDs e fitas cassete (!?) gravadas na adolescência, conta que não compõe usando batidas por causa de um disco do Autechre ("eles eram tão bons com ritmo que eu decidi não usá-lo em minhas músicas"), que toca seus instrumentos devagar porque não sabe tocá-los bem e que acha o "Isn't Anything", do My Bloody Valentine, melhor que o "Loveless".

Uma nota rápida sobre os discos: Everyone Alive Wants Answers é o primeiro e o mais experimental. Por ser catalogado como música eletrônica (só porque usava samples) acabou impulsionando a carreira de Colleen. Já em The Golden Morning Breaks e Les Ondes Silencieuses, o segundo e terceiro discos, Colleen assume o amor pelas caixinhas de música - às vezes desmanchadas e tocadas com as próprias mãos - e com o violoncelo. O sugestivo título do terceiro disco refere-se às "ondas silenciosas", produzidas por terremotos prestes a acontecer, e que só são captadas pelos animais.

Lemon Jelly - '64 - '95

Há tempos eu procurava alguma coisa boa como Nightmares on Wax: leve, com um bom balanço, fácil de ouvir como música pop mas com tanta substância quanto música independente. Lemon Jelly atendeu direitinho às minhas expectativas.

As faixas de '64 - '95 são longas e repetem temas simples, amistosos e com um belo swing, o que provoca ótimos momentos de viagem mental descompromissada. Cada nome de cada faixa começa com o número de um ano, indicando que a música segue a estética da época: o retrô instrumental dos anos 60 e 70, o pop com sintetizadores dos anos 80 e as produções modernas dos anos 90. E o conjunto da obra desce redondo como uma Skol.