Ontem, ao sair do cinema, eu comentava com Bethania:

- Putz, esse "300" é um prato cheio pros oportunistas dos livros de gestão. Já estou até vendo, daqui a pouco alguém edita um livro no estilo "O Vendedor Pit-Bull de Esparta" ou "O estilo Espartano de Gerenciamento - Explore as sinergias da sua equipe e encare o mercado com um exército de alto desempenho"...

Aparentemente eu previ o futuro: hoje, no Digg, dei de cara com um link chamado "10 lições que '300', de Frank Miller, pode lhe ensinar sobre sucesso em negócios online"...

Piadas à parte, "300" é um filme belíssimo. O visual forte reflete na história estilo "sou macho pra caraio": a testosterona só falta pular da tela. É uma bela adaptação do trabalho de Frank Miller.

E qual não foi o meu susto ao conferir, como de costume, o Pablo Vilaça. Ele surpreendeu e, ao criticar o filme, escreveu a pior crítica de toda a sua carreira. É um texto inacreditável, onde ele abre com comentários absurdos que mais pareciam um post do KibeLoco...

"E “homoerótico” é um adjetivo inevitável ao analisar 300, com seu exército de homens de torsos nus e depilados, sungas de couro e capas vermelhas esvoaçantes – um visual que, imagino, logo começará a ser explorado por dançarinos “exóticos” (troque o “x” pelo “r”) e por sexshops em todo o mundo. Aliás, se o Village People ainda existisse, sou capaz de apostar que o policial, o operário, o índio e o marinheiro logo ganhariam um companheiro espartano (que poderia sinalizar a letra “A” do “Y.M.C.A.”)"

Depois descamba pra ofensa gratuita...

"Dito isso, não há absolutamente nada de revolucionário na realização de 300, ao contrário do que vários imbecis andam propagando por aí depois de comprarem esta tese dos publicitários da Warner. Infelizmente, nos dias de hoje, quando qualquer um pode se apresentar como “crítico de cinema” e publicar seus textos em sites voltados para a “cultura pop” (eufemismo para “qualquer coisa que possa nos render dinheiro”), os estúdios têm conseguido cada vez mais transformar estes espaços em verdadeiras extensões de seus departamentos de marketing – e já se foi o tempo em que podíamos acreditar na célebre frase de Pauline Kael: “Nas Artes, a única fonte confiável de informações é o Crítico. O resto é publicidade”."

E fecha com uma opinião completamente sem fundamento nenhum que não o seu próprio juízo de valor:

"Longe de ser uma obra perfeita, 300 é moralmente repreensível e narrativamente frágil. Ainda assim, é um filme contagiante cuja beleza plástica chega quase a compensar por todos os seus demais problemas. E quem dera se todas as produções problemáticas de Hollywood pudessem ser tão bonitas."

Definitivamente, esse não era o Vilaça que eu admiro tanto. Fiquei tão desconcertado ao ler a crítica que até me dei ao trabalho de fazer o (longo) cadastro no site só para deixar um comentário na crítica.