Pois é, eu fico zoando mas ontem eu me surpreendi ao descobrir que a cidade tem até uma auto escola.

Não é fácil trabalhar numa auto escola em Windturn City. Felizmente, os "windturncityenses" são criativos. Por exemplo: para ensinar a fazer baliza, o instrutor usa dois cavaletes feitos com tubos de PVC, já que não dá pra treinar em vagas normais, compostas de carros de verdade. Afinal, a probabilidade de se encontrar dois carros estacionados na mesma rua por aqui é praticamente nula. Na verdade, a probabilidade de se encontrar carros por aqui já é baixa o suficiente...


A noite de ontem foi especialmente ruim.

Éramos eu, Michael Jackson e o consultor-líder do projeto, no mesmo quarto, dormindo em três camas paralelas. "Igual os Três Porquinhos", como bem observou Michael.

Acontece que estava um calor do cão e o ventilador que tinha no quarto, misteriosamente, sumiu.

Lembro-me de acordar várias vezes durante a noite. Foram estas vezes aqui, ó:

1) O calor estava insuportável. Retirei a lixa colcha de cima de mim e voltei a dormir.

2) O consultor-líder começou a falar dormindo. Pelo teor da conversa, ele deveria estar sonhando com alguma reunião de trabalho.

3) Michael Jackson começou a roncar um ronco todo especial: uma mistura do "ronc" padrão com aquelas engasgadas típicas de apnéia. Dava algo mais ou menos assim: "Rooonc... rooon *gasp* *gasp*... roonc...".

4) Michael abriu a porta do quarto pra amenizar o calor. Confesso que fiquei meio vexado, porque qualquer pessoa que fosse até a cozinha da hospedaria pra beber uma água passaria pela nossa porta e veria toda a intimidade dos "três porquinhos" dormindo.

5) Michael fechou a porta. Não tinha melhorado o calor em nada, e já estava amanhecendo mesmo...


Além de ventilador, outra coisa que não temos na hospedaria é acesso a internet. Parece óbvio, mas a história da internet é interessante...

Há seis meses atrás, logo na nossa primeira semana em Windturn City, conversamos com o cliente e dissemos que, do jeito que estava, não ia dar pra ficar na hospedaria. Nós até entendíamos que a empresa precisa reduzir custos, mas tem algumas coisas que são importantes para o desenvolvimento do trabalho e que gostaríamos de ter no nosso quarto da hospedaria. Estas coisas eram simples: uma mesa, duas cadeiras e acesso à internet. Veja bem: apesar do quarto velho e quente, nós nos preocupamos foi em pedir condições para trabalhar fora do horário. O cliente, obviamente, concordou, disse que ia providenciar e tal.

Dois meses depois, a surpresa: eles, finalmente, fizeram melhorias no quarto. Bem, na verdade colocaram uma televisão e um frigobar... e nada da mesa e da internet.

Quatro meses depois tivemos uma reunião importante com o presidente da empresa. Ele, em público, deu a seguinte ordem aos funcionários.

- Vocês devem acomodar os consultores com todo o conforto que eles merecem. E com internet!

Por muito pouco eu não dei um pulo de alegria da cadeira. "Agora vai!", pensei.

Mas aí as semanas foram passando, passando e, obviamente, nada aconteceu. O problema da mesa nós resolvemos sozinhos: era só descer até o refeitório (sim, a gente dorme em cima do refeitório) e pegar emprestadas duas cadeiras e uma daquelas mesas brancas de plástico. E naquela altura já tínhamos desistido da internet.

Até que, faltando duas semanas para o fim do projeto, qual não foi a minha surpresa ao ver o pessoal instalando canaletas na parede, e passando por elas aquele lindo cabinho Ethernet azul. Mas faltavam duas semanas para o fim do projeto, então eles estavam, basicamente, jogando dinheiro fora. E matando a gente de raiva.

Na semana passada eu notei que, além do cabo, instalaram um computador num canto da hospedaria. O computador estava ligado num modem ADSL, e pelo visto deveria estar configurado como servidor. Será que, faltando alguns dias para o final do projeto, eu finalmente teria internet?

Resolvi testar o cabo: ainda não estava funcionando. No dia seguinte consultei as meninas do setor de informática, que disseram que o Speedy estava com problemas e que tudo deveria ser resolvido - adivinhe! - na semana seguinte.

Bem, a "semana seguinte" é esta semana. E faltam três dias para o fim do projeto...