O Primo em Floripa

Ponte Hercílio Luz, cartão-postal da cidade
Esse carnaval foi bom. Quatro dias em Florianópolis. Eu realmente estava precisando.
Além do céu, do sol e do mar, os destaques do carnaval foram:
A primeira praia que visitamos, além de muito céu, sol e mar, tinha também... muitos gays. Bethania foi caminhar na praia e voltou contando que ouviu um deles pedindo ajuda ao companheiro para escalar umas pedras:
- Aiii, me ajuda que eu não sou Thundercats não...
Hora do almoço de sábado e eu doido pra ir ao banheiro pra, hã, fazer um download.
Entrei no banheiro do restaurante e não tinha papel. Tentei pegar um rolo emprestado no banheiro feminino, mas lá também não tinha papel.
Saí e fui ao restaurante vizinho. O banheiro masculino de lá estava interditado. Eu já estava quase vendo estrelas quando abri, apressadamente, a porta do banheiro feminino, portanto demorei um pouco a entender o que aquela bunda branca estava fazendo na minha frente. Concluí que tinha uma menina lá dentro e fechei a porta. Algum tempo depois ela saiu, resmungando alguma coisa em espanhol. Devia ser argentina: Floripa tem argentinos por todos os lados. Entrei no banheiro e desisti de usá-lo assim que olhei para a privada, que estava absolutamente, irrecuperavelmente nojenta. E além do mais a porta do banheiro não trancava (o que explica a bunda branca).
O intestino revirou um pouco mais. Como a necessidade é a mãe da invenção, a idéia veio rápido: peguei o rolo de papel higiênico, meti dentro da bermuda, saí do restaurante e fui usar o banheiro do restaurante vizinho...
Em tempo: o menu do restaurante era bilíngue. Em inglês, "frutos do mar" virou fruits of the sea...
Além de argentinos e gays, Floripa tem também muitos engarrafamentos. Afinal, a cidade é uma ilha cujas praias são interligadas por uma estrada de pista simples. No carnaval, com a cidade cheia, a coisa ficou ainda pior. No sábado à noite fomos obrigados a esperar o tráfego diminuir pra conseguir voltar pra casa.
O lado bom disso é que ficamos matando tempo na praia onde fica o Costão do Santinho, o resort mais alto-nível-suuper-fashion do Brasil.
A praia que visitamos no domingo chamava-se Jurerê Internacional.

Casinha "humilde" de Jurerê Int'l
Jurerê, em tupi-guarani, deve significar "local de multimilionários tão luxuoso que nem parece Brasil". É de cair o queixo: mansões na beira da praia, sem muros nem cercas elétricas em volta, carrões passando pela rua...
Para coroar a irrealidade de Jurerê Internacional, vimos um New Beetle com duas loiras de biquini, dançando de pé no teto solar. No som, tocava um funk cujo refrão dizia: "Favelaaaa... somos favelaaaa...". Hein?
A segunda-feira de carnaval estava chuvosa; acabamos saindo de casa só pra almoçar. O local escolhido foi o Chef Fedoca, indicação de nossos anfitriões e do Guia Quatro Rodas.
Logo na entrada uma funcionária nos alertou que o restaurante estava cheio e que havia uma espera de uns 40 minutos por uma mesa. "Tudo bem, não estamos com pressa mesmo", foi a nossa resposta.
Só conseguimos entrar depois de uma hora e meia. Mas valeu cada segundo de espera. A moqueca de peixe de lá está entre as melhores coisas que já comi na vida...
Fomos embora na terça-feira à tarde. Nosso roteiro era voar até o Rio e pegar uma conexão pra Beagá.
Bethania estava meio resfriada. O nariz entupido dela, somado com a alteração de pressão do vôo, fez com que ela pousasse no Rio chorando de dor de ouvido. Nenhuma das receitas usuais de equalizar a pressão do tímpano estava funcionando. Pedimos a um funcionário da Tam que nos ajudasse... e é aí que começa a melhor história de atendimento que já vi.
O despachante da Tam que nos atendeu começou retirando uma funcionária do check-in só pra acompanhar Bethania até o posto médico. O plantonista pingou um remédio para a dor e disse que, apesar da simplicidade do problema, era perigoso voar naquele estado, pois uma nova mudança de pressão podia provocar uma ruptura do tímpano. Para evitar problemas ele pediu que não continuássemos a viagem: era pra procurar um otorrino, dormir no Rio e viajar só no dia seguinte.

Glória, glória...
O despachante da Tam nos levou até a sala dele, remarcou nosso vôo e começou a procurar uma clínica com otorrino de plantão. Todos os outros funcionários que estavam na sala ajudavam, davam telefonemas, sugeriam lugares onde poderíamos achar alguma clínica aberta... basicamente, cumpriam na prática a frase do Comandante Rolim que estava pregada na parede e que dizia: "Aqui tudo é problema de todo mundo". E no final o cara ainda nos deu uma noite de hospedagem no Hotel Glória - o da foto à direita - com jantar incluído, e vouchers para pagar nossas corridas de táxi. E a funcionária que acompanhava Bethania, aquela mesma que saiu do check-in pra nos ajudar, só largou de nós depois que nos colocou dentro do táxi. Foi um atendimento espetacular...
Acabou que o otorrino diagnosticou uma otite e proibiu Bethania de voar pelos próximos 10 dias. O jeito foi voltar de ônibus...
Update: O Leandro me lembrou, nos comentários, da famosa "sequência de camarão", oferecida em quase todos os restaurantes. Acontece que eu sou alérgico a camarão...
Isso, no entanto, não me impediu de pensar em como seria uma "sequência" de camarão. Talvez duas patadas, um tapa com as barbichas e depois um golpe com a cauda? 4-hit combo?
Update 2: O André reclamou (com razão) que não dei uma "valorizada" nos nossos anfitriões, que são a Fátima e o Hélio. Eles são pais de amigos nossos que se mudaram pra lá, nos acolheram, mimaram, deram cama, comida (MUITO BOA comida) e tal. É que nem todo mundo gosta de ficar "aparecendo" na Internet, então resolvi pecar por omissão...