E no final da quarta-feira lá fui eu para o terceiro hotel diferente da semana. Dessa vez era um hotel conhecido, em Copacabana, no Rio.

Eu ainda tinha trabalho para fazer, então fiz o check-in rapidinho, peguei o cartão-chave do quarto, entrei no elevador e... não entendi nada: Meu quarto era o 1303, e o elevador só ia até o décimo segundo andar. Voltei ao balcão da recepção e perguntei se eu havia sido colocado num quarto virtual de um andar inexistente, estilo Quero Ser John Malkovich.

Só aí me informaram que eu tinha que subir até a cobertura do prédio, e que lá, atrás da academia, haviam construído novos quartos.

Aí eu até me animei, porque o quarto é novinho mesmo: colchão novo, móveis novinhos, uma bela TV de 29 polegadas e tela plana, DVD Player, frigobar modernoso com porta transparente... tem até uma vista para o mar (leia-se "vista para um filetinho de oceano que dá pra ver por entre dois prédios").

Aí comecei a desfazer a mala. Quando entrei no banheiro para deixar a necessaire, digo, "contêiner de coisas para macho tomar banho", olhei para o conjunto vaso-bidê e fiquei perplexo por alguns minutos...


O conjunto vaso-bidê (esq.) e um detalhe do bidê (dir.)

Primeiramente, note que temos um bidê e uma ducha higiênica novinhos em folha, lado a lado. Dois aparatos com a mesma função: esguichar água para limpar locais onde o sol não bate. Mas pra quê dois? Será que um era backup?

Agora observe bem o detalhe do bidê. Um bidê normal tem um esguicho bem no meio, pra jogar água pra cima. Este bidê não tem o esguicho no meio, e sim uma torneira que aponta para dentro do bidê. Pra piorar, a ponta da torneira é direcional, de modo que eu posso regulá-la para esguichar para qualquer direção... menos para cima. Assim sendo, é impossível usar o bidê.

Mas não havia muito tempo para divagações, pois o trabalho me esperava. No final das contas acabei jantando comida do hotel, na frente do computador. No jantar veio mais uma esquisitice: pedi um tal "prato verão", descrito no cardápio como "frutas da estação variadas". As frutas eram: banana, mamão, maçã, laranja, melão, melancia, presunto, peito de peru, queijo mussarela, queijo minas e queijo prato. Só consegui comer as "frutas de carne e queijo", porque os presuntos se esfregaram nas outras frutas e deixaram tudo com um paladar "desafiante". E eu não estava a fim de comer mamão salgado.

Lá pelas onze meu saco encheu, mandei uns emails com o serviço pela metade e larguei o notebook. Chega. Tudo que eu queria era um bom banho e cama.

No banheiro, contemplei o bidê-bizarro um pouco mais equanto abria o chuveiro, no máximo, esperando um belo jato d'água na minha cabeça cansada. Vieram dois pingos.

Instantes depois lá estava eu, pelado, no telefone, reclamando com a recepção. A sugestão inicial era que eu trocasse de quarto, mas eu estava sem o menor saco de fazer as malas mais uma vez. Acabei pedindo a chave de outro quarto só pra eu tomar meu banho.

Pra coisa fica ainda mais estapafúrdia, o mensageiro que trouxe a chave pra mim disse:

- Olá senhor... o chuveiro está com pouca água né?
- Er... sim, foi por isso que eu liguei...
- O senhor quer tomar banho em outro quarto?

Eu pensei em responder "não, quero fazer amor com você", mas eu queria tomar banho mais do que queria ser sarcástico. Acabei pegando a chave e saindo sem dizer nada...