Eu já li, nuns dois lugares, matérias sobre a criação dos efeitos sonoros do Windows Vista, o próximo lançamento Microsoftiano.

Aí você pensa: que falta de assunto, matéria sobre os barulhinhos do futuro Windows. Alto lá, cara pálida, pois este é o design sonoro mais importante do mundo.

Imagine quantas vezes você vai ouvir os sons do seu Windows. Eles tem que ser legais da primeira vez que você ouve, da segunda, da terceira... eles tem que soar bem às dez da noite de uma sexta-feira, quando o Excel travar e você perder as últimas quatro horas de trabalho...

Pra piorar, lembre-se que pouquíssima gente muda os sons padrão do Windows. Ou seja, você ainda vai ouvir versões incidentais do sonzinho de startup do Windows toda vez que for numa lan house ou que seu colega abrir o notebook no aeroporto. Sabe aquela história de fumante passivo? Pois é. Eu já enjoei tanto que acabei fazendo uns sons novos pro meu PC.

Mas aí hoje eu achei um vídeo comparando os sons do XP com os do Vista. A maior parte dos barulhinhos novos é só um remix mais sutil dos velhos. Acho que o toque de sutileza deve ser pra você não enjoar tão rapidamente...

Ultimamente eu ando musicalmente experimental. Hoje no cooper, por exemplo, eu cismei de ouvir Circassian, música do Fennesz, que tem cinco estrelas no meu iPod.

Circassian não é uma música para principiantes. Se você acha que eu estou apenas sendo esnobe, ouça você mesmo. Faixa cinco. Pra quem tiver sem saco ou sem som, vai uma breve descrição de Circassian.

Trata-se de quase 6 minutos de uma "parede sonora" composta unicamente de barulho. O "barulho" é uma guitarra ligada num sem-número de efeitos que a tornam praticamente irreconhecível. Esta "parede sonora" desloca-se harmonicamente ao longo do tempo, e isso é que forma a música: uma massa enorme de ruído que vai se transformando devagar. Isso a torna genial e linda ao mesmo tempo.

Aí eu estava na esteira, taquei o dedo no play e veio aquela onda de barulho nos fones de ouvido. E aí eu não entendi nada: foi como se o som estivesse vedando a minha cabeça. Começou pelos ouvidos, depois foi entrando no crânio e de repente o cansaço sumiu, a dor nas pernas sumiu, a sensação de estar correndo e pisando no chão duro sumiu. Eu juro que foi exatamente assim: de repente eu quase não podia sentir que estava correndo. Em algum canto obscuro da minha cabeça eu ainda registrava o movimento das pernas e dos braços, mas os outros 99% do meu cérebro tinham se diluído no meio daquela barulhada toda.

Seis deliciosos minutos depois, eu voltei ao normal.

Deus abençoe as endorfinas e a música experimental...