"Um lugar, no entanto, bastante prosaico
que você pode guardar numa casca de noz
ou debaixo da sola do seu sapato"

(Fellini, em Alcatraz Song)

Velhinho randômico vendo o movimento (?) na praça

Pois é, fim-de-semana desses aí pra trás eu viajei para acompanhar Bethania e o Congá, o grupo de dança folclórica (!!) do qual ela faz parte. Eles iriam se apresentar em Ipoema, interior de Minas Gerais, numa tal "festa do tropeiro".

Ipoema é um buraquinho perdido em algum ponto da Estrada Real, visitável após duas horas de carro e algumas estradas de terra. A festa do tropeiro foi no Museu do Tropeiro, com shows variados e comida típica - que incluía, obviamente, feijão tropeiro.

A história toda tinha a receita para se tornar um ótimo programa de índio, porque Bethania estaria ocupada preparando-se pra apresentação e eu ia passar horas solto, sozinho, no meio da festa, cujas atrações incluiam o "ritual de acendimento da fogueira" (um cara botando fogo num punhado de lenha - e só), o "ritual dos chicotes" (três velhinhos chicoteando o chão - e só), bandas tocando forró (ugh!) e outras coisas emocionantes. A solução pra isso era simples: máquina fotográfica e muitas pilhas.


Tiozinho mandando ver no ritual dos chicotes. Ao fundo, a "fogueira ritual"...

Enquanto o Congá não subia no palco eu fiquei me divertindo com a minha experiência fotográfica antropológica, tirando fotos e vendo qual era a do pessoal. Na festa tinha um grupo de cavalgada que havia viajado, a cavalo (não diga!), da Serra do Cipó até Ipoema para participar da festa. Era um grupo grande, animado e formado apenas por homens. No meio da festa, dois deles subiram ao palco e declamaram poesias sobre as cavalgadas e o companheirismo dos amigos. Eu achei tudo aquilo muito gay.


Detalhe do líder do grupo de cavalgadas. Todo mundo tinha o nome bordado na roupa, por sinal.

E as atrações da festa continuavam em ritmo alucinante: depois das poesias, teve um número de "tocação" de berrante e uma apresentação especial do grupo das lavadeiras da cidade. Sim, lavadeiras, com bacia e tudo.

Eu curti muito o show das lavadeiras. Não pelo show em si, mas por ser uma coisa que envolve gente carente com arte e música. E além do mais os velhinhos que tocavam violão e acordeon para elas eram muito fotogênicos.

Logo depois veio o Congá e mandou ver. A apresentação foi um sucesso, mesmo porque eles tinham o público perfeito para o tipo de apresentação que fazem. O pessoal ficou bastante animado. Os caras da cavalgada, então, ficaram embasbacados com a beleza da... bem, das dançarinas. Ficaram o tempo todo dizendo: "Lindas! Lindas!"...

Pra esquentar ainda mais a coisa, o líder do grupo começou a pegar gente da platéia e colocar em cima do palco. Foi uma muvuca danada, os caras da cavalgada aproveitaram pra tentar passar umas cantadas nas meninas, mas no fim a coisa toda foi um sucesso.

Consequentemente, meu dedo indicador trabalhou como louco e tirei nada menos que sessenta e oito fotos dos pouco mais de vinte minutos de apresentação...