O Primo no Circo
Pois é, o Stankowich estava na cidade, e Bethania deu a idéia de levarmos meu irmãozinho, que nunca havia visto um circo de verdade.
No início ele não queria ir, estava com medo, e nós todos empolgados: "Vamos, Gabriel! Você vai gostar!". Aí, depois de entrarmos, aconteceu o contrário: ele ficou achando tudo o máximo, e nós... com medo. Porque o circo era muito tosco.
O espetáculo começou com os números de sempre: uns equilibristas, uma dupla de trapezistas (mãe e filha), um "semi-mágico" que entrou no palco fingindo ter quatro pernas... mas o pior eram os mini-shows de dança.

O horror, o horror...
As dancinhas apareciam toda hora, pra encher linguiça enquanto o pessoal arrumava o palco entre um número e outro. Os figurinos eram absolutamente medonhos, muitas vezes quem dançava eram os artistas dos números anteriores, e a coreografia era de lascar.
O intervalo do espetáculo foi o mais engraçado: tinha um filhote de tigre acorrentado num banquinho, posando para as crianças tirarem foto com ele. Aí fomos eu, Bethania e meu irmão. Pouco antes do fotógrafo (que também dançava e que também era um dos trapezistas) bater a foto, ele comentou com um colega próximo:
- Putz, que bom que o tigre está quietinho hoje...
- É, nos outros dias foi complicado, ele tava agitado...
E eu ali, a meio metro do bicho, com meu irmão no colo. Pra piorar, pouco antes de voltarmos para debaixo da lona, aparece meu cunhado:
- Zé... o circo quase pegou fogo!!
- Como assim?
- Aquele letreiro escrito "Stankowich" que fica em cima do palco deu curto-circuito e começou a queimar... o pessoal correu pra lá com uns extintores e apagou...

E tem mais: o começo da segunda parte do espetáculo era o número do domador. Com três tigres. Eu rezei o tempo todo para nenhum deles tentar fugir (porque não dava pra confiar na jaula).
Felizmente, nada de errado aconteceu e, muitas dancinhas bizarras depois, o espetáculo terminou sem maiores incidentes. Fomos embora dando risada e repetindo o bordão do narrador das atrações:
- E agora, o trapezista, no mmmmácsimo de seu número...
Corremos risco de morte, mas foi o mácsimo.