A Última Pergunta (ou: filmes vs. livros)
Eu nunca tive muita paciência para livros.
Não que eu não goste de ler, mas é que, em se tratando da arte de contar histórias, eu preferia muito mais os filmes do que os livros, em grande parte por pressa. É que, numa análise superficial, é bem mais rápido assistir a trilogia de O Senhor dos Anéis no cinema do que passar os olhos, letra a letra, pelas milhares de páginas da obra de Tolkien. E olha que são umas nove horas de filme no total.
Eu já sabia que este meu argumento era falho. Mas foi hoje que percebi o quanto ele é falho.
Tava vendo os links no populicio.us e tinha um deles intitulado The Last Question (A Última Pergunta) - É um conto de Isaac Asimov que eu nunca tinha lido e que estava prefaciado no site mais ou menos assim:
Isaac Asimov foi o autor de ficção científica mais prolífico de todos os tempos. Em cinquenta anos ele produziu, em média, um artigo de revista, conto ou livro novo a cada duas semanas, a maioria deles numa máquina de escrever mecânica. Asimov considerava "A Última Pergunta" (...) como o melhor conto que já escreveu. Mesmo que você não tenha conhecimento científico suficiente para entender todos os conceitos apresentados, a história possui um final mais impactante do que qualquer outro livro que já li. Não leia o final da história antes!
Como o conto é curtinho, li rapidamente... e meu queixo foi no chão logo após ver as palavras finais da história. Há tempos eu não lia nada tão genial quanto aquilo, e pelo visto vão passar ainda mais muitos anos até que eu leia algo tão genial novamente.
Aí eu lembrei dos filmes e percebi a dimensão do meu erro ao comparar uma coisa com a outra: um filme sobre este conto JAMAIS faria jus à sua grandiosidade. Esta é uma história cuja dimensão só pode ser concebida mentalmente quando lida - imagens num filme representariam apenas uma fração da história - até limitariam a percepção dela - e no final estragariam tudo.
Eu recomendo que você pare o que estiver fazendo e vá ler o conto. Tem uma tradução meio tosca aqui. E, repetindo: NÃO LEIA O FINAL antes!