No feriado o povo da equipe do meu projeto do hospital combinou de correr de Kart, às 7:15 da noite. Eu e Bethania chegamos no Kartódromo às 7:14...

7:14 - Ted, o Trainee apareceu na porta enquanto eu estacionava. "Estava indo ligar pra vocês", disse ele, "o pessoal já está chamando para a corrida".

- Tá todo mundo aí?

- Não, só veio eu, o Sam (o Sênior) e vocês. O resto deu o bolo...

Olhei em volta: as bandeirinhas em volta da pista tremulavam agitadas com o vento forte. No céu as nuvens iam se acumulando, vermelhas, e os raios caíam. "Isso não vai dar certo", pensei.

7:16 - Eu, no balcão da recepção:

- Boa noite, a gente veio para a bateria de agora, sete e quinze...
- Ah, os retardatários... bom, é só preencher essa fichinha aqui, pagar e pegar seu equipamento ali.
- Certo. Quanto é?
- Cinquenta e quatro reais...
- Santo Deus, é caro isso hein!
- Não não... cinquenta e quatro reais por pessoa...

Nota mental: Fazer a próxima confraternização da equipe com um amigável (e gratuito) joguinho de truco.

- Tó aqui o cheque...
- Ótimo. Escolhe aqui agora o número do seu kart.
- Hmmm... quero o treze. Pra dar sorte.

7:21 - Os trovões e o vento aumentavam. Os caras da pista colocavam todo mundo nos karts, gritando:

- VAMO RÁPIDO GALERA, ANTES DA CHUVA!

Entrei no meu bólido de número treze (pra dar sorte, lembram?). Ligaram o meu cortador de gram... digo, motor, e saí dos boxes. "Mas e a largada? E as voltas de qualificação?", pensava eu, até que depois da segunda curva vi um dos fiscais de pista com a bandeira amarela.

Lembrei da Fórmula Um... "bandeira amarela... reduzir a velocidade e não ultrapassar". Fiquei perambulando atrás do kart que estava na minha frente, uma, duas voltas... imaginei que o pessoal iria chamar para organizar o ranking de largada ou algo assim, mas nada acontecia... até que um louco me ultrapassou em altíssima velocidade.

Me senti um idiota, depois pisei fundo.

7:25 - Um raio caiu próximo ao circuito, e as luzes deram uma pequena oscilada. "Só falta acabar a luz", pensei.

7:26 - A luz acabou...

Tirei o pé e fiquei acompanhando a linha branca da lateral da pista, a única coisa que eu enxergava. Umas duas curvas depois, vi a sombra do fiscal de pista mandando o pessoal entrar nos boxes.

7:28 - Quando já estava quase todo mundo parado, a luz voltou. A da pista continuava apagada (eram aqueles refletores que demoram a esquentar).

Uma mulher passou pelos boxes, com o celular na mão. Dizia ela:

- Estão dizendo aqui que está chovendo granizo no centro da cidade, está um caos, destruindo carros e tudo! Essa chuva toda é que deve estar vindo pra cá...

Avistei Sam, o Sênior...

- É... parece que acabou...

O pessoal da pista ia desligando os karts e perguntando:

- Tá todo mundo aí? Estão dando falta de alguém?

Olhei em volta e não vi Bethania em lugar nenhum. Os fiscais voltaram para a pista, com lanternas...

7:30 - Bethania e o seu kart entraram nos boxes. "Apagou tudo, eu fiquei com medo de baterem em mim e parei", disse ela.

Devolvemos o equipamento, pegamos o dinheiro de volta. Sam e Ted apareceram:

- Uh... bem, então até amanhã né...

Aí peguei o carro e comecei a voltar. Quem sabe ainda dava pra pegar um cinema, espantar a uruca desse fim de dia.

7:40 - No meio do caminho pegamos a chuva toda que destruiu o centro da cidade. Com a visibilidade ruim, acabei errando uma saída e pegando o caminho mais longo para a cidade.

- Ei, vira ali à direita que a gente consegue voltar pro caminho mais curto - disse Bethania.

Virei...

7:55
- Uhh... já era pra gente ter chegado no caminho mais curto... você conhece esse lugar aqui?
- Não...

8:05
- Mas não era essa a avenida??
- Não! Eu achei que era a outra ali atrás!
- Tá, vamos voltar...

8:11
- Ah, agora eu tenho certeza que é por aqui!

8:15
*Fom fom!*
- Por favor, moço... a gente tá perdido... como faz pra chegar no centro?
- Siga em frente e não vire em lugar nenhum - disse ele

Segui em frente e, finalmente, encontrei um local familiar: o lugar onde a gente havia virado à direita. Pegamos o caminho longo mesmo e voltamos pra cidade...