Existe o caos bom e o caos ruim. Às vezes, improv (música improvisada) funciona, às vezes não. Apesar de eu não poder articular por quê, Teleopsis Belbebuth funciona. É barulhento, imprevisível, excitante, e não-editado. A faixa-título é especialmente fascinante: eu adoro as vozes torturadas, processadas, reagindo primitivamente à música caótica e assustadora que cresce ao redor delas (uma idéia que se repete em outra parte do disco). Isso faz emergir na mente um pequeno grupo de Neandertais assustados, cercados por alienígenas insectóides, sobre plataformas de transportes de pernas instáveis. Ou então aquela cena do início do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, onde os primatas ficam agitados em volta do primeiro monolito com aquela música medonha, robotizada.

Meu nome é José Carlos e eu me pronuncio, a partir deste instante, oficialmente louco. Porque achei simplesmente maravilhoso o comentário acima, sobre o disco Teleopsis Belbebuth, de uma banda chamada Zloty Dawai.

Sabe quando você lê uma coisa que tem tudo a ver com você? Pois é. Só não imaginei que iria ser com o texto acima (que vi num blog de discos grátis, muito bom por sinal).

Bom, se não sou louco, alguma coisa muito errada aconteceu na minha cabeça nos últimos dez anos. Quando eu tinha lá os meus quinze eu tinha uma fita cassete do Guns 'n Roses na gaveta. Uma vez ganhei de aniversário três outras fitas, com Nevermind, In Utero e Incesticide, do Nirvana, que ouvi carinhosamente por vários anos. As coisas que eu ouvia tinham início, meio, fim. Até letra elas tinham.

E hoje, com vinte e seis, eu ouço coisas instrumentais dissonantes, barulhentas, anárquicas e acho lindas, relaxantes...