Muitas, muuuuitas novidades desde sexta-feira... vamos em ordem cronológica.

Sexta à noite

Dia de despejo. Recebemos a chave pra mudar pra Unit 2, a casa vizinha.

Quando abrimos a porta... o paraíso surgiu. A casa nova é muito melhor do que a velha. Levei só 10 minutos pra fazer a minha parte da mudança, tamanha a empolgação.

Depois faço um "antes/depois" com fotos, pra vocês sentirem o nível.

Sábado

Dia de buscar Bethania no aeroporto. Acordei às 5:45, o avião pousou às 6:35 da manhã e ela saiu da sala de embarque só pelas 9:00...

Nesse tempo todo de espera deu tempo de me abordarem achando que eu era chileno (de novo) e de ver a Sue Johanson passeando pelo saguão.

Bethania queria muito ver neve e frio, mas a primavera tinha começado e as temperaturas estavam lá nos 10 graus. A partir do momento que ela pisou no Canadá a temperatura caiu para 0 graus e nevou o fim de semana todinho...

Além desse frio todo ela trouxe boa sorte: foi com ela que encontrei, no Best Buy da cidade de Ajax, o último CD do Godspeed You Black Emperor que faltava pra minha coleção: o maravilhoso lift your skinny fists like antennas to heaven.

O jantar da noite foi em Toronto, no Marché, o mercadinho-restaurante que eu já havia ido uma vez. Na viagem de volta, surpresa no rádio: o vocal que acompanhava uma dance music qualquer estava em bom português...

Essa boca linda... sua boca linda...
Essa boca linda... sua boca linda...
Rio de Janeiro!

E seguia o tuntistum.

Domingo - Dia

Acordar cedo de novo para ir até... sim, você acertou. Blue Mountain! Bethania estava louca pra esquiar.

O tempo trouxe ainda mais neve e deixou a montanha perfeita... e a estrada, horrível. Eu contei uns dez ou doze carros acidentados por causa da neve, e passei grande parte do tempo rezando pra que o meu não se juntasse a eles. Mas no fim deu tudo certo.

Dessa vez voltei aos esquis. O snowboard é legal, mas é uma experiência muito dolorosa. Bethania também esquiou, por sinal muito bem... aprendeu os fundamentos ainda mais rápido do que eu. Depois levei ela pra uma pista mais difícil (a graduate) e ela me matou de susto: sem que eu dissesse nada ela fez, naturalmente, as curvas que eu levei uma tarde inteira pra aprender.


Até na neve! Fomos realmente feitos um pro outro...

Na foto não dá pra ver mas ambos estávamos com camisas verde-amarelas. Na hora do almoço um canadense bebum nos abordou:

- Brazilians! Brazilians!

E chamou um amigo brasileiro. Era um cara que estava morando em Cambridge, a trabalho. Mas o destaque mesmo foi o amigo bebum, que falou: He is my homeboy! (ele é meu chapa!)

Depois ele ficou preocupado e fez uma correção:

- But I'm not gay!

E na sequência se levantou e gritou, no meio da cafeteria:

- Listen everybody, I'M NOT GAY!

Domingo - Noite

Hora de levar Bethania ao homestay onde ela ia ficar. Ela veio no mesmo esquema de intercâmbio, com hospedagem em casa de família e tal.

Parei em frente ao prédio e, assim que descemos do carro, um cara mal-encarado que estava no ponto de ônibus ficou olhando meio torto pra gente. Entramos no prédio rapidinho e estava tudo muito estranho: era um lugar meio velho, e só havia indianos mal-encarados passando pelo hall de entrada. Uns com cara de mendigo, outros com cara de traficante...

O porteiro ligou pro apartamento e a dona da casa falou que estava descendo. Ficamos esperando uns 15 minutos, ela não aparecia e o número de mal-encarados só ia aumentando, assim como o nosso medo daquele lugar. Bethania me olhava com uma cara de "eu não fico aqui nem morta", e eu rezava pra sairmos vivos dali.

De repente eu tive um estalo e perguntei ao porteiro:

- Vem cá, é esse mesmo o prédio?

Ele viu o endereço e confirmou meu engano. Depois, me orientou a ir ao prédio da frente, a uns 100 metros de onde eu estava. Logo na porta fomos abordados por uma simpática senhora que logo viu nossa cara de assustados e se apresentou:

- Você deve ser a Bethania, não é?..

Era ela mesma, a "Sra. C", nossa anfitriã. Ela nos levou ao apartamento, simples mas de muito bom gosto, e finalmente respiramos aliviados. A Sra. C também é imigrante, mas não é indiana ou chinesa: nasceu em Tobago...

Deixei Bethania e voltei pra casa, debaixo de chuva, ouvindo a primeira faixa do meu CD novo do Godspeed... a música chamava-se, coincidentemente, storm...