Sexta e Sábado
Agora que a semana finalmente acabou, deu pra ter algum lazer aqui nessa terra gelada. Sexta-feira o pessoal resolveu ir ao cinema depois do trabalho e o filme escolhido por eles foi um de "ficção científica", segundo o site do cinema: era o White Noise, estrelando "Batman" Michael Keaton.
No fim das contas o filme era de suspense/terror, usando como argumento os chamados EVP, electronic voice phenomena, ou aqueles vídeos e áudios com chiado de rádio e de TV onde aparecem imagens e mensagens de pessoas mortas. Só pra constar: eu odeio filme de terror. Passo medo e desisto de ver sim, não tenho vergonha de assumir. Mas esse eu vi até o final.
Pra melhorar um pouco mais as coisas, eu ia dormir sozinho em casa naquela noite...
Mas foi interessante ver como é o cinema aqui no hemisfério norte: o pessoal compra ingresso para um filme mas pode ficar passeando por qualquer uma das salas. A média de idade do público do cinema era de 15 anos, e o pessoal assiste os filmes mais no intuito de ficar fazendo piada com os amigos do que de realmente se deixar levar pela história.
No sábado o programa do dia acabou sendo almoçar no shopping. Aproveitei para pedir como entrada do meu almoço uma coisa tipicamente canadense: poutine. Ou, se preferir, batata frita com queijo e molho.

Só sei que o prato era ENORME. Se aquilo fosse uma entrada, era pra umas quatro pessoas. Eu sempre amei batatas fritas, mas nunca achei que um dia fosse dizer "nossa, não aguento mais batata frita". E já disse isso duas vezes desde que cheguei...
Depois o programa foi ficar perambulando pelas lojas. Acabei comprando duas coisas: um chaveiro com lanterna embutida e um par de meias. Total gasto: dois dólares...
Mas não se enganem porque as coisas aqui, no geral, são muito caras. Roupas, por exemplo: eu não achei nenhuma peça de roupa média (camisa, calça, blusa, suéter, moleton, etc) com preço abaixo de $20. E você acha, com muita frequência, coisas com preços inacreditavelmente altos, como jaquetas que custam $300 (isso dá R$ 660 com o câmbio do dia de hoje).
Na saída do shopping o pessoal resolveu parar num Tim Hortons, uma lanchonete que serve cafés, donuts, bagels, muffins e similares. O Tim Hortons é pior que McDonalds: tem em absolutamente tudo quanto é canto. Tomei um cappuccino sabor "french toffee" e comi um donut sabor canadian maple e entendi porque é que eu via gente circulando com copos de café do Tim Hortons em todos os lugares que eu ia: é muito gostoso!
Detalhe: na frente do caixa havia uma caixinha para depositarem doações para os desabrigados do tsunami na ásia. Aí eu comentei, todo sorridente, com o atendente:
- Uau, só se fala em tsunami mesmo hein...
O atendente respondeu, num tom super sério que me deixou até com vergonha:
- Eles precisam de toda a ajuda que conseguirmos.
Depois fomos fazer um "mini city tour" pela nossa vizinhança. Fomos até o porto na margem do Lago Ontario. Havia uma pequena enseada com um pier que nem parecia um pier, pois estava sem os barcos e todo congelado.

Mas do outro lado, onde a margem era maior, eu tive uma visão fantástica: ondas, como ondas do mar, batendo nas pedras da margem. E o vento estava forte, carregando a neve que caía para cima da água e formando um tapete branco sobre a arrebentação. Tentei tirar várias fotos, mas estava muito escuro e a sensação térmica estava lá nos -30 graus, daí saí correndo de volta pro carro e levou um certo tempo até que eu descongelasse a ponta dos meus dedos...
Agora eu vou encerrar este post porque daqui a pouco vou sair para conhecer o maior club do Canadá: The Guvernment. Eu só não me conformei com o fato de não ter NENHUM ambiente techno nesse lugar. Vou ter que me contentar com o house/trance mesmo.
E já estou com medo: meus colegas estão levando glowsticks...