O Primo NÃO recomenda - Irreversível
Irreversível é "aquele com a cena do estupro da Monica Belucci". Bom, pelo menos é o que todo mundo, inclusive a sinopse atrás do DVD, diz sobre o filme. Eu já aluguei sabendo que ia ficar ou enojado ou inalterado com a cena do estupro, conforme ela fosse bem ou mal feita.
O resultado: fiquei inalterado pela cena. Mas só porque, antes dela, teve uma outra MUITO, mas MUITO mais chocante. Não vou falar como ela é nem onde aparece. Pra não estragar a história, vou contar só uma coisa: tem um extintor de incêndio.
Depois dessa cena eu precisei parar o DVD e dar uma circulada pela casa, porque eu não estava me sentindo bem. O mal-estar foi tão grande que qualquer coisa que viesse depois ia ser fichinha - ou seja, ver o estupro não me despertou nenhum efeito. Eu já estava nauseado demais.
Teve um usuário do IMDB que resumiu o que eu achei do filme em uma frase: Irreversível não é bom nem mau mas é diferente. Mas mesmo assim eu o des-recomendo veementemente, com todas as forças. Pelas seguintes razões:
É um filme que não traz NADA de bom. Pelo contrário, ele rompe a barreira do "entretenimento" e da "representação" e consegue provocar mal-estar físico. E já bastam as agruras da vida pra nos fazerem sentir mal. Você quer pagar pra se sentir mal? Vá a um necrotério que dá no mesmo e sai de graça.
O roteiro é fraco e previsível. Os "créditos iniciais" tem TANTAS dicas pra fazer você perceber que a história vai ser contada de trás pra frente que cansa. E depois de um certo ponto do filme dá pra sacar praticamente tudo que vai acontecer. Isso sem falar nas "falas proféticas" que os personagens começam a ter. Muito bobas.
Mas sem avaliar Irreversível de uma perspectiva moral, dá pra ver certas qualidades técnicas:
Grande parte do mal estar provocado vem da música, composta por ninguém menos que Thomas Bangalter, metade do duo francês de música eletrônica Daft Punk. O último álbum da dupla, Discovery, é uma bela porcaria, mas o Sr. Bangalter fez um excelente trabalho no filme.
Ficou magnífico o trabalho de iluminação, que vai ficando diferente a medida que o filme, hã, regride.
Os efeitos especiais ficaram tão bons, mas TÃO BONS que eu caí feito um patinho. Depois da fatídica "cena do extintor" eu podia jurar que aquilo era um snuff film. Fiquei desesperado, só sosseguei depois que vi, nos extras do DVD, o making of da cena. Só aí eu, ironicamente, acreditei que não era real.
Mas, sabe o que é? Existem tantos filmes por aí que vão lhe dar uma experiência de sonoplastia excelente, iluminação perfeita e efeitos super-realistas, com um roteiro muito melhor e sem o sofrimento que Irreversível propicia. Passe longe desse filme.
P.s.: Vale uma visita na crítica do Cinema em Cena. O Pablo Vilaça deu cinco estrelas e disse que chorou no final do filme. Os leitores do site saíram comentando: "5 estrelas? Tá louco?", "Nota 0", "Filme horroroso", "Dessa vez o Pablo acertou" e demais opiniões divergentes.