Bethania me contou, outro dia, que a tia dela havia arrumado uma versão em VCD, piratíssima, de Olga, e que ela queria fazer uma sessãozinha de cinema na casa dela. Hoje, lá fomos nós.

E então, lá pelos imos de 1995, a Microsoft lançava o Windows 95 e começava a virar motivo de chacota pela tradição dos bugs no seu sistema operacional. Em 24 de agosto de 1996, uma versão bastante estável do Windows, para servidores, atingia sua versão 4.0... tratava-se do Windows NT.

O treco era bão, mas os micreiros da época não tardaram a apelidar o NT de Nice Try...

Olga é exatamente isso. Uma "nice try".

O filme é baseado numa história real fantástica, a fotografia é belíssima, maquiagem impecável, boa cenografia... e o Pior roteiro da história do cinema nacional. Pior com letra maiúscula mesmo. Obra de uma tal Rita Buzzar aí.

Eu quase morri de vergonha de ver Fernanda Montenegro recitando aquelas péssimas falas. Eu quase tive um troço ao ver o casal Olga e Prestes, no navio, e o mala-sem-alça do garçom falando: "Você não vai beijá-la?". Eu não aguentei e comecei a conversar mentalmente com o garçom:

- Tá, babaca, pela cena já deu pra entender, você não precisava falar isso.
- É ano novo! - dizia ele
- Tá, meu filho!! Sai daí!!
- Ela é sua esposa!
- MEU DEUS! Se eu fosse o Prestes eu diria: "Ooooh, sério meeeesmo?!? Se você não falasse eu não teria percebido!!"

Foi uma pena ver o Pior roteiro da história num filme que tinha tudo pra ser um fenômeno. Além disso, a filmagem "novela da Rede Globo" cansa: haja paciência pra tanto close nos atores. Coitados dos olhos da bela Camila Morgado, o diretor abusou deles o tempo todo. E o "zoom do mal" no alemão do navio, quando ele pergunta se Olga era judia, é de matar de rir. Fiquei incomodado também com a trilha sonora do Marcus Vianna. Aquele violininho irritante e seu vibrato eram quase um outdoor onde estava escrito "Ei!! Veja! Foi o Marcus Vianna que compôs esta trilha!!".

Na crítica do Pablo Vilaça a pobre Olga é bem mais crucificada, pelos mesmos argumentos que aqui expus. Mas prefiro considerar o filme não como um fracasso, e sim como uma tentativa. Uma tentativa legalzinha. Por isso, eu quase recomendo.

P.s.: É viagem minha ou a Camila Morgado estava lembrando muito a Jennifer Connelly?