Ontem à noite eu passei na casa de Luiz e ganhei de aniversário um super-kit de CDs com Serial Experiments Lain completo (yay!). Depois, assistimos os três primeiros episódios de Oh! Super Milk Chan e, algumas horas depois... mais uma lenda caiu.

Eu consegui, depois de muitos anos de tentativas, ver Anderson Noise tocar.

Como eu já disse aqui antes....

Eu já vi Anderson Noise. Na rua, passando de carro... no supermercado... mas NUNCA VI ELE TOCAR

Assim sendo, lá pelas onze da noite lá estávamos eu e Luiz no Deputamadre. O lugar é... bem... tem um bom espaço pra dançar, mas é meio caro. O preço da latinha de Skol, indicador econômico oficial da night, era R$ 3. Mas o real problema do lugar é que, pra consumir qualquer coisa, você tem que comprar uma fichinha no caixa. E é um caixa. E são quatrocentas pessoas.

Este detalhe simplesmente acabou com o meu conceito do lugar e vai me fazer pensar cinco vezes antes de voltar lá. Eu passei 40 minutos na fila pra comprar uma fichinha. Quando estava na boca do caixa, um babaca qualquer passou na minha frente e na frente do segurança que estava exatamente ao meu lado e que foi muito eficiente ao fazer a sua melhor cara de "não posso fazer nada".

Mas falemos do que interessa. A performance do cara começou lá pelas 1:30 da manhã com um barulho estridente do primeiro disco que ele colocou para tocar. Acho que foi a forma dele dizer que o "noise" chegou. Eu e Luiz ficamos na parte mais baixa e escura da pista, de costas para uma enorme caixa de som. Talvez seja por isso que, doze horas depois, eu ainda estou meio surdo. Na verdade, assim que fui embora do lugar (às 3 da manhã), eu só ouvia a minha própria voz, e só porque ela ressoa internamente no meu crânio: o resto era só zumbido.

O set foi bem legal e pode ser facilmente descrito com uma palavra: sinistro! Mas não "sinixxxtro" como os cariocas falam, foi sinistro mesmo, eram músicas com um climão obscuro, de suspense. O público, constituído basicamente por gays e pelas amigas dos gays, parecia estar gostando. Bom, pelo menos eles soltaram os gritinhos padrão em todos os breaks.

Outros detalhes que é bom mencionar:

Logo no início da noite tentei ir ao banheiro mas como era tudo muito escuro, eu não encontrei. Aí achei um segurança:

- Por favor, onde é o banheiro?
- Eu... não sei, é meu primeiro dia aqui...

Enquanto eu chacoalhava o esqueleto na escuridão da pista, um vento refrescante passava por trás de mim. Mas quando olhava pra trás eu via apenas um ventilador desligado.

Fiquei sem entender de onde vinha aquele vento por umas duas horas, até que olhei novamente e percebi que o ventilador estava ligado. É que a única luz da pista era aquela, estroboscópica. As "piscadas" da luz são muito breves e, por isso, as pás do ventilador pareciam estar paradas.

Pelo teor "alternativo" do lugar, resolvi sair com minha velha camiseta com estampa escrita em um "engrish" medonho. Passei pela sala, meu pai falou:

- Ué meu filho, essa sua camiseta está muito velha, muito "foveira"... você vai sair assim?
- Essa é a idéia, pai...

Aí encontrei com Bethania antes de ir. Ela olhou pra mim:
- Nossa, mas você vai com essa camiseta velha aí?
- Essa é a idéia, Bê...