O Primo recomenda: 21 gramas
Existem filmes ruins, filmes mais ou menos, filmes bons, filmes excelentes e filmes que me deixam imóvel, tão extasiado que fazem com que eu continue assistindo os créditos rolando na tela por cinco minutos.
Normalmente, estes filmes "paralisantes" concentram, na sua melhor forma, fatores que fazem do cinema uma arte: boa atuação, boa fotografia, um roteiro fabuloso e uma direção impecável. 21 gramas tem isso tudo multiplicado por mil. Falemos de cada um destes aspectos.
Os personagens principais do longa são representados por um belo time: Benicio Del Toro (eu não dava nada por ele até vê-lo neste filme), Sean Penn (eu não dava nada por ele até vê-lo neste filme) e, olha que coincidência, Naomi Watts. A mesma de outro dos melhores filmes de todos os tempos (pelo menos pra mim), o Cidade dos Sonhos, que reviewzei aqui no blog. Eu poderia me desmanchar em elogios à extrema competência, precisão técnica e verossimilhança da senhorita Watts, mas prefiro resumir tudo numa frase: Naomi Watts é, para mim, a melhor atriz de cinema da atualidade.
Curiosidade: a Srta. Watts nasceu na Inglaterra, berço de outra atriz muito genial e que parece mas não é americana: Nicole Kidman. Mais curiosidade: as duas são tão amigas que ela morou junto com Kidman depois da separação com Tom Cruise, segundo o IMDB.
A cenografia/ fotografia anda de mãos dadas com o roteiro de uma forma que potencializa todo o efeito "emocional" do filme. Há uma cena em que um garoto usa um aparelho pra limpar as folhas caídas em frente a uma casa. De repente, um carro passa de relance, o garoto continua lá. É a cena mais normal do mundo, mas eu estava na beiradinha da cadeira, coração disparado, minhas lentes de contato secando de tanto que eu não piscava. Ou quando Cristina está boiando na piscina, para relaxar, e eu quase morrendo de susto. Além destas peripécias, 21 gramas é, cenograficamente, um filme de detalhes. De mínimos detalhes. De fato, a história é, em grande parte, contada por eles. São coisas simples, como os azulejos de bichinho da casa de Cristina ou uma foto da caminhonete de Jack, pendurada na sala, que "amarram" as cenas difusas e permitem entender o roteiro.
Ah, o roteiro. Filmes não-lineares já tendem a agradar; vide os exemplos de Cidade dos Sonhos ou mesmo Amnésia. Mas, com uma edição magnífica como essa, 21 gramas acaba estabelecendo um novo benchmark para o gênero. Além de tudo os diálogos são geniais, principalmente os de Jack, o personagem de Del Toro, quando ele encarna sua faceta religiosa-extremista. Destaque para a cena onde ele diz: "Inferno? O inferno é aqui" e aponta para... bem, não vou contar.
A direção, do mexicano Alejandro Gonzales Iñárritu (??!) que também é co-roteirista, é... difícil de avaliar. Num filme onde tudo é excelente, onde os atores esbanjam talento, onde o roteiro é magnífico, seria a atuação do diretor irrelevante? Ou seria ele a liderança que coordena os talentos e fazem-os produzir bem? Neste último caso, o Señor Iñárritu merece aplausos.
Caso queira saber mais vá ler uma crítica de verdade sobre o filme, como a do Pablo Vilaça no Cinema em Cena. Ele deu cinco estrelas para o filme. Eu daria seis. Ah, e para risadas, leia a crítica do Rubens Ewald Filho (de uma p...) no site E-Pipoca (fora do ar quando tentei acessar, por isso estou linkando a versão do cache do Google). Esse cara não sabe nada de cinema...
Mas vá ver, eu recomendo. Afinal, poucos filmes me fazem perder horas de sono só para escrever um loooongo post como este a essa hora da manhã.