Ontem foi a colação de grau da minha irmã, que está se formando em nutrição.

A colação foi com mais umas três turmas, então teve que ser realizada num auditório enorme, o que requer um cerimonial bastante grande. Se fosse só isso estaria tudo bem, mas o problema é que o cerimonial era nazista.

Junto com os convites para entrar no auditório, os parentes dos formandos recebiam um panfleto enorme com "instruções para os convidados". O panfleto continha coisas inacreditáveis, como:

"A entrada só será permitida até as 20:59, quando as portas do auditório serão fechadas. A hora de referência para o cerimonial é a do serviço 130 da operadora Telemar. Não é permitido o uso de nenhum tipo de máquina fotográfica, e os seguranças estão instruidos a coibir o seu uso. Não será permitido entrar no auditório com câmeras e não dispomos de guarda-volumes. Não são permitidas faixas no auditório..."

A lista se estende até o infinito. Coisas assim te enchem de vontade de comemorar uma formatura...

Aí, pra piorar, Bethania se atrasou e chegamos na colação às 21:05. As portas estavam fechadas e vigiadas por seguranças enormes. Uma multidão de "atrasados" se amontoava sobre a RP do cerimonial, que gritava que não podia mais entrar e que a hora é a hora do 130 e outras bizarrices. Os parentes "barrados" gritavam de volta. Ao lado da porta, eu via pela TV os formandos entrando.

Aqui cabe uma explicação. Minha índole sempre foi pacífica e conciliadora e, portanto, eu ODEIO, ODEIO, ODEIO tumulto. Enquanto Bethania se indignava junto com os parentes, eu tentava segurar minha raiva por tudo aquilo e aguardava, calado e imóvel, que a situação se resolvesse com o tempo, pois era óbvio que eles só estavam fazendo o papel de babacas e iam deixar o pessoal entrar.

Depois do hino nacional, a entrada foi liberada. Aí, mais confusão. Ao entrar no auditório, mais seguranças e RPs bloqueavam os corredores entre as cadeiras e diziam que só poderíamos nos sentar nos "camarotes" (um lugar horrível no fundo do salão). Detalhe: haviam INÚMERAS cadeiras livres no salão. Os parentes indignados se indignavam mais e gritavam com os seguranças. Os seguranças gritavam de volta. As pessoas nas cadeiras próximas faziam "sshhh". Os seguranças continuavam gritando com os parentes. O público próximo passou do "shhhh" para o "CALABOCA AÊ PORRA" e o auditório inteiro ficava olhando para trás para ver que barraco era aquele.

Deixei Bethania discutindo com os seguranças e, furioso, fui para um canto do auditório. Eu juro por Deus que se aquela não fosse a formatura da minha irmã eu teria ido embora naquele minuto. Obviamente, algum tempo depois, liberaram o pessoal para se sentar onde quisessem.

Mas depois de me sentar continuei incomodado: os seguranças "vigiavam" o público como se fossem criminosos, e eu demorei bastante a conseguir relaxar e aproveitar a cerimônia. Durante a entrega dos diplomas, um dos parentes de uma graduanda começou a tirar fotos da entrega. Ele não tinha um dos braços, e segurava a câmera com uma das mãos e apoiava o outro lado dela em seu "toco" de braço, com um mini-tripé. Os seguranças não queriam nem saber e já iam em cima do cara, que acabou se sentando a tempo. Eu levei minha câmera mas só tive coragem de usá-la no instante final da cerimônia, onde estava tudo muito bagunçado e os seguranças deram um tempo.


A chuva de balões, quase no fim.

Pra variar o tom deste post, um detalhe bom: a orquestra da faculdade estava tocando na colação, e um velho amigo meu faz parte do coro. Durante a entrega dos diplomas, o baterista da orquestra às vezes fazia um "pa-ra-ta-ta-ta pum pish" na bateria quando chamavam o nome de alguém. Os olhos de Bethania brilharam:

- Uau!! Eu quero isso!!

Peguei o celular e mandei uma mensagem para meu amigo da orquestra: "Não rola um drum roll desses quando minha irmã entrar não?". Ele anotou o pedido num papelzinho e passou para o baterista. Ah, como é bom ser bem relacionado... (valeu Sam!)

Ah, também era proibido levar faixas no auditório, mas esta regra eu fiz questão de quebrar: é que minha irmã é uma jogadora viciada de Wolfenstein - Enemy Territory, já disputou campeonatos, faz parte de um clã e tudo mais. Aí eu fiz uma faixa que eu sabia que ela iria entender...


Isso é o que os alemães do jogo dizem quando querem comemorar alguma coisa