O Primo recomenda: dois filmes "pipocão" que tinham tudo pra ser ruins
Primeiro: Eu, Robô
A primeira coisa que deve ser dita é que o Eu, Robô não tem nada a ver com o livro homônimo, do Isaac Asimov. As semelhanças são, basicamente, as famosas três leis da robótica e o empréstimo de alguns personagens-robôs e de alguns humanos, como a Dra. Susan Calvin, personagem marcante no livro mas fraca e abobada na película.
Além do mais, o filme conta com Will Smith no papel principal. Grande parte do seu roteiro dedica-se a fazer merchandising descarado do seu tênis All Star, "vintage model 2004" (já que o filme se passa algumas décadas à frente). As piadas de Smith são fracas e insossas e sua atuação, mediana.
Mas então porque diabos eu estou recomendando este filme? Primeiro porque é um filme de ficção científica e os fãs do gênero, como eu, gostam de um roteiro coeso e de efeitos bonitos. E o filme possui ambos. A história não é lá um primor de redação mas cumpre seu papel e desvia-se habilmente de becos sem-saída, como o de explicar o por que dos robôs estarem agredindo humanos, coisa que é proibida pela primeira lei da robótica. As cenas de ação envolvendo Sonny e os outros robôs NS-5 são de tirar o fôlego, já que os efeitos especiais dos robôs são perfeitamente realistas. Tem até uns momentos Matrix, com pontos de vista alternativos para a ação (exemplo: no carro de Will Smith quando ele capota) e belas cenas em câmera-muito-lenta.
Em resumo, Eu, Robô não é nenhuma obra de arte cinematográfica, mas diverte e vale o ingresso.
Segundo: Colateral
E o Tom Cruise tem se dado bem nas minhas recomendações cinematográficas. A última foi em O Último Samurai. Entretanto, neste filme, Cruise não se dá lá tão bem com o seu papel de assassino profissional. Como action man, ele parecia estar melhor em Missão Impossível.
Pra piorar, Colateral não tem a força roteirística dos samurais (desculpem o trocadilho). Na verdade, minha expectativa era alguma coisa como aquele filme, o Por Um Fio, já que a maior parte da trama se passaria também num lugar pequeno e fechado: o táxi de Max (Jamie Foxx).
No desenrolar das coisas temos clichês, como o do policial que acredita na hipótese mais bizarra para um caso e ninguém acredita nele, embora ele tenha razão. A trama é resolvida, no fim do filme, de um jeito fraco e sem impacto. Alguns personagens importantes são "chutados" para fora da história sem muita explicação. E com todas estas fraquezas, eu ainda recomendo esse filme...
Porque o que me fez gostar de Colateral foi o seu ambiente, causado primordialmente pelo conjunto urbano de Los Angeles e sua fotografia maravilhosa. As tomadas noturnas da cidade são tocantes. Todo o trabalho cenográfico, desde a luz até a composição das cenas, já faz valer o ingresso. A primeira cena, onde Max leva como passageira a advogada Annie (Jada Pinkett Smith), justifica novamente o ingresso pela ótima atuação de ambos em circunstâncias tão complicadas: afinal, que expressão corporal se usa quando é preciso atuar sentado em um carro?
Quando tudo é colocado na balança, Colateral acaba saindo com um saldo positivo e, portanto, eu recomendo. Claro que você que é esperto vai dar preferência para os filmes realmente bons, como o Fahrenheit 9/11, antes de ver estes... mas Eu, Robô e Colateral também quebram um bom galho.