O Primo e o Governador (de novo)
Como se não bastasse a última vez, hoje repetimos a dose: teve uma reunião sobre uns projetos do governo e, mais uma vez, eu estava lá.
Depois de um welcome coffee, todos se reuniram no auditório até o hômi chegar. Eu e um colega ficamos olhando os presentes, todos engravatados, e fazendo piada:
- Ei, olha aquele ali... que bigodinho, hein, parece o Hitler
- Que nada, tá mais pra Freddy Mercury...
O "mestre de cerimônias", que tinha uma voz de locutor de rodeio, logo anunciou: "Senhoras e senhores, comunicamos a chegada do Governador"... e na sequência todos se levantaram. A reunião correu normalmente.
Abaixo uma foto do Governador. Não é uma foto normal, primeiro porque eu fico meio grilado de botar essas coisas aqui no blog. Segundo, porque... ah, a foto ficou tããão artística... parece que ele está num cenário de filme do David Lynch.
Eu garanto, é ele mesmo
Eu achei muito engraçado o fluxo de repórteres e fotógrafos. A gente está acostumado a ver apenas as fotos e as matérias no jornal, ou seja, a ação do ponto de vista deles. E ver os bastidores é engraçado.
As mínimas coisas provocam um frenesi nesse povo; no início do discurso do Governador, os flashes pipocavam ininterruptamente. Depois, pararam. Aí, um tempo depois, o Governador tirou os óculos. Foi o suficiente para todos os repórteres correram pra frente do palco novamente, para conseguir fotos melhores. Um deles ficou sem filme no meio do discurso e ficou completamente em pânico, tentando recarregar, rapidamente, a máquina com um novo rolo.

- Aff, aff, rápido, rápido...
No final do evento, minhas colegas queriam porque queriam tirar uma foto com o Governador. Meu chefe, também. Num determinado momento, ele virou pra mim, que estava com a câmera, e falou:
- Fique colado em mim. Vou lá nele...
Ele estava no saguão, cercado de repórteres. Enquanto aguardávamos, um fotógrafo saiu dando as dicas: "Fiquem aqui comigo que, quando ele terminar, vai sair por aqui...". Dito e feito: de repente a rodinha se desfez e ele saiu exatamente por onde o fotógrafo havia dito. Meu chefe, mais do que rapidamente, saltou por cima dos seguranças e pediu a foto. Junto deles, três das minhas colegas se juntaram. Dois cliques depois, e o Governador se foi.
Depois da foto elas não se aguentavam de alegria:
- NÓÓÓ, vou mandar por email pra TODO MUNDO!!!
- Queisso, essa eu vou até colocar num porta-retrato!
Uma delas até pegou o celular e saiu telefonando: "Alô? Mãe? Mãe, tirei foto com o Governador!"
Para comemorar o sucesso da apresentação, nosso chefe decidiu que todos almoçaríamos juntos. E, obviamente, o chefe cismou de ir a um lugar grã-fino chamado Graciliano. Esses restaurantes finos tem ótima comida e um ambiente muito tranquilo, mas eu me sinto estranho nesses lugares, não sei por que, mas não consigo ficar muito à vontade. Meu prato foi composto de:
- Uma tirinha de Kani
- Salaminho e uns pedaços de queijo
- Uma folha de alface
- Um pedaço de filé ao molho madeira
- Macarrão Bi-Fum com molho shoyu
- Arroz com nozes e passas brancas
A melhor parte foi a sobremesa: brownies com cobertura de chocolate quente, pavês variados, bombons... eu estava louco para comer tiramisu novamente, mas não tinha. No fim das contas fiquei R$ 24 mais pobre.
Só um comentário rápido: vocês já perceberam que a relação entre o sabor da comida e o seu preço é exponencial?

Pequenas melhorias de sabor provocam grandes saltos no preço, conforme as comidas vão ficando mais gostosas