Ontem foi a madrugada mais fria do ano aqui em Belo Horizonte, 12 graus, segundo os jornais. É tempo de todos ficarem dizendo uns para os outros: "tá frio hein!", como se ninguém estivesse percebendo e precisasse ser avisado.

Na foto abaixo eu estou no terraço daqui de casa, vendo a cidade. Eu sou o da esquerda.

Lá fora ventava e a sensação térmica (o mais novo brinquedo da imprensa para maquiar números) devia ser de uns 8 graus. Mas isso não me incomoda. Obviamente eu não fico lá muito mais que cinco minutos, mas mesmo assim o frio não me deixa assim tão desconfortável.

Acho que sempre gostei do frio. Primeiro, por uma razão técnica: é muito mais fácil se aquecer no frio do que se resfriar no calor. É mais fácil manter o calor imóvel e próximo ao seu corpo (usando uma blusa, por exemplo) do que fazê-lo se mover pra longe de você.

Segundo, por uma razão que eu não sei explicar. Quando eu saio no terraço e o vento gelado me envolve, eu não bato os dentes ou tento abraçar a mim mesmo ou fico sussurando "nussa que frio". Pelo contrário, eu até deixo que ele me envolva. É como se aquilo tivesse alguma coisa a ver comigo; quando a temperatura baixa, no fundo alguma coisa parece melhor, mais feliz até...

...o frio me passa uma sensação familiar.