Dia de ontem: Pânico, raiva e desespero.
Dia de hoje: Sucesso fulminante.

Em homenagem a esse caos da consultoria, segue um post duplo. Três vivas para o Primo!

O Primo recomenda - Fennesz - Venice

Christian Fennesz gravou Venice, em 2004, em Veneza. É um disco "ambient - alternativo - experimental" que conseguiu fazer uma coisa fantástica: unir antônimos.

Venice é tranquilo e barulhento. Lânguido e vivaz. Monótono e dinâmico. Frio e emocional. Desafinado e harmônico, tudo ao mesmo tempo. É como se você congelasse um pedaço de uma música de um disco do My Bloody Valentine e esticasse-o até o infinito.

Falando assim, com tantos clichês, até parece que o disco é chatérrimo, e ele realmente tinha absolutamente TUDO pra ser ou inaudível ou um pé no saco. Mas, surpreendentemente, não é nenhum dos dois. Mais surpreendentemente ainda, Venice consegue, na sua falta de melodia e de estrutura musical, ser emocionalmente intenso.

Quem me conhece sabe que eu tendo a ser tão "emocionável" quanto uma pedra. Por alguma estranha razão, Venice foi, pra mim, não apenas mais um disco de texturas interessantes, e sim um disco bonito e que deixa uma sensação agradável, de uma saudade de algo que nunca se viu.

Bom, mas não liguem pra essa breguice que eu escrevi e ouçam o disco. Eu recomendo.

O Primo recomenda: Spider-Man 2

Muita gente detestou, inclusive gente que eu admiro. O IMDB considera o filme "overrated". Um amigo meu disse assim:

Filme nada demais, as vezes chega a ser muito "Chaves-like" misturado com novela mexicana...

Além do mais, as filmagens foram bem tumultuadas. Tinham cenas sendo gravadas antes do roteiro ser escrito. O Tobey Maguire ficou doente, machucou o braço e o escambau.

Entretanto, depois que vi o filme, eu não podia considerá-lo como outra coisa senão uma das melhores adaptações de quadrinhos para o cinema que eu já vi. Melhor ainda que o primeiro filme!

Na minha opinião, o que tornou Spider-Man 2 excelente foi, justamente, o que os críticos argumentam que foi a parte ruim da história: o lado humano do Aranha. Quem acompanhava os quadrinhos do herói sabia que os piores vilões dele eram o aluguel atrasado, o "azar aracnídeo", os problemas amorosos, a falta de teia nas horas mais importantes... e é esse lado humano que tornava o Aranha verossímil, familiar e, consequentemente, um sucesso pelo mundo todo.

Alguns destaques do filme:

- O pequeno discurso da tia May sobre o porquê das pessoas admirarem os heróis, simplesmente fantástico, aposto que foi Stan Lee que escreveu.

- Dr. Octopus. Isso sim é que é vilão! Não podiam ter escolhido ator melhor que o Alfred Molina.

- Aranha e o "povão" no metrô desgovernado. Cena bonita e tocante.

- Parker, Mary Jane e o carro atravessando a vidraça da cafeteria. Finalmente devolveram o "spider-sense" ao aracnídeo...

- J.J.Jameson. Tão engraçado quanto no primeiro filme. Pelo visto ele será sempre destaque...

- Os créditos iniciais. É que eu detesto filmes que gastam cinco longos minutos só mostrando nomes na tela. Mas desta vez os nomes foram intermediados por desenhos dos personagens, em estilo HQ, e o resultado final ficou muito bom.

- Destaque ruim: os extras que faziam o papel de transeuntes assustados. Pelamordedeus, era até engraçada a expressão de pânico deles...

Agora crescem as expectativas para o terceiro filme. Todo mundo quer o Venom (embora isso seja bem improvável), há boatos de que a Gata Negra pode dar o ar da graça... eu, pessoalmente, adoraria ver o Kraven e o Lagarto. Afinal, já temos Dr. Connors e seria uma boa homenagem à excelente mini-série Tormento... mas enfim, embora eu seja suspeito pra falar, continuo recomendando este excelente filme.