Presença é isso
Como muitos de vocês já sabem, minha "inteligência emocional" é bem embotada.
Talvez seja pelos anos da minha adolescência, quando eu era ridicularizado no colégio e trocava a convivência com pessoas de carne e osso pelas telas de um computador. Mas fato é que hoje eu colho os frutos disso: Conceitos simples de convivência social, como "mostrar que se importa" ou "estar presente" custam a entrar na minha cabeça.
Hoje à noite rolou um papo-família bastante sério, envolvendo a iminente mudança (sim, vamos mudar de apartamento de novo). No meio do assunto surgiu o assunto de sempre: a minha falta de envolvimento nas coisas da casa. Meu pai sempre reclama que eu nunca estou presente, minha madrasta reclama que eu só "olho pro meu umbigo".
Eu não me importo quando as pessoas dizem isso, porque concordo com elas e sei que preciso mudar. Mas me preocupa o fato de eu achar esses conceitos, simples, tão difíceis de entender e praticar.
Foi pensando nisso que eu entrei no quarto do meu irmãozinho, Gabriel. Bethania estava lá, sentada no chão ao lado do berço, contando uma história pra ele dormir. Ele pedia:
- Bê, conta ixtória do Buzz...
E lá ia Bethania inventar uma história com o Buzz Lightyear, do filme Toy Story. E contava, contava... às vezes Bethania parava de falar, achando que ele já tinha dormido, e ele repetia:
- Bê.. Bê... cadê voxê... conta ixtória do Buzz...
E ela recomeçava... até que uma hora ela parou de falar, Gabriel pediu, mas ela não continuou. Estranhamente, Gabriel não chorou ou pediu de novo pra continuar a história. Continuou deitado, tranquilamente.
Depois de alguns segundos, Bethania, cochichando, me disse:
- Entendeu? Estar presente é isso: eu não preciso ficar falando, só o fato dele saber que estamos aqui já é suficiente.
Eu não precisei dizer uma palavra e Bethania, com uma frase, me ensinou exatamente o que eu precisava aprender. É por isso que eu amo essa mulher.