O Primo recomenda - Dolls
Hoje à noite eu entrei na locadora para pegar um filme. Na prateleira eu já ia me decidindo por um dos filmes do Kubrick que eu ainda não tinha assistido quando, na TV da locadora, começa a tocar J-Pop:
"Ma-me-mi-mo-ma-ru, ma-me-mi-mo-ma-ru, Ma-me-mi-mo-magikaru..."
Na TV, uma japanese idol cantava para as câmeras de um auditório vazio.
- Que filme é esse?
- É Dolls, um filme japonês - respondeu a moça da locadora
- Ei, eu vi esse filme em cartaz mas não consegui assistir... tem ele pra alugar?
- Tem essa cópia aí que a gente tá vendo.
- Ah, então vou deixar vocês terminarem de ver, vou alugar outra coisa.
- Que nada! Pega esse filme mesmo, afinal ele está passando aí por marketing mesmo...
- Hmm... ok, então vou sucumbir ao marketing de vocês.
Eu não sei por que diabos eu quis assistir Dolls quando vi o cartaz no cinema. Mas sei que, depois daquela sessão de J-Pop, eu precisava ver aquele filme.
Agora que assisti posso emitir minha opinião, que é a seguinte: se todos os filmes de amor fossem como Dolls, o mundo seria um lugar melhor. Porque Dolls é um filme MUITO intenso e MUITO, mas MUITO bonito. Acho que este é o primeiro filme de amor que eu gosto.
Bom, na verdade é um filme sobre os excessos do amor.
Dolls é uma história excelente, magistralmente contada e com atuações perfeitas. E que mistura amores muito intensos com Yakusa, J-Pop e teatro de bonecos. Recomendo muito.
Coisas de destaque:
- Alguns argumentam que o diretor, Takeshi Kitano, fica tentando vender uma visão barata do Japão para o público ocidental. Na minha opinião ele filtrou o bom da cultura oriental que, naturalmente, fica muito interessante quando a confrontamos com a nossa.
- Dolls é um filme lento. Mas não se engane, porque a lentidão é proposital. É pra realçar a intensidade da repressão emocional dos personagens (putz). E pra envolver quem assiste. Funciona perfeitamente.
- O trabalho de direção e screenplay ficou excelente. Cada detalhe da história é contado na hora certa. O roteiro é genial, embora, paradoxalmente, as horas onde tudo é dito são as horas onde ninguém diz nada.
- Destaque para a cena de Nukui, o super-fã da cantora de J-Pop, dançando sozinho no seu quarto, com fones de ouvido. Aquilo sim que é cena de amor.
- Destaque mais do que especial para os grandes heróis do filme: os símbolos. A corda, as folhas vermelhas...
Curiosidades bestas:
- Quem canta a musiquinha J-Pop (uuuuuuultra-grudenta) que eu citei é uma japanese idol de verdade, chamada Kyoko Fukada.
- No Japão existem mesmo aqueles caminhões horrorosamente "tunados"!
- Toda vez que alguém entrava num carro eu pensava: "Ué, mas por que ele entrou do lado do passageiro?". Dois segundos depois eu me sentia um idiota.