Requinte, luxo e pão com queijo
Esqueci de contar da reunião onde fui, na última quinta. Foi no mega-prédio de uma empresa, referência mundial no seu segmento de mercado e que tem sede aqui em Beagá. Era uma reunião com um megadiretor de lá.
A gente chegou e foi até a recepção. Enquanto eu aguardava a menina me dar um crachá básico de visitante e depois resmungar que o elevador ficava ali, outra nos abordou de lado e, toda cortês, disse:
- Me acompanhem, por favor...
Levou a gente até a entrada, onde um elevador, exclusivo para o andar onde íamos, já estava pronto. O elevador era enorme, o display dos números era de alta definição e mostrava a data e hora, e tinha ascensorista. O elevador só ia para um andar, mas tinha ascensorista. E um telefone, que tocou no meio da viagem.
Nunca vou me esquecer do ascensorista atendendo o telefone e se apresentando:
- Elevador, bom dia...
Quando chegamos ao andar da reunião, surpresa! Outra recepcionista nos aguardava na porta do elevador, com o mesmo papo de "me acompanhem por favor". Levou-nos até a sala do diretor, que fez com que nos sentássemos (nos sofás ultra-fashion) e ficou fazendo sala. Normal, se ele não estivesse conversando em economês:
- Mas tem o spread bancário, e devido ao overrun vendem como commodities, blá blá blá...
Sem a menor possibilidade de eu entender alguma coisa da conversa, resolvi observar a mesa do cara. Um laptop, ao lado de um computador com dois monitores de cristal líquido, junto a um teclado colorido. Vendo o decodificador de TV a cabo que estava na mesa dele, eu julgo que dali ele deveria assistir Bloomberg enquanto negocia ações na bolsa. Isso tudo com a incrível vista da janela, que cobre grande parte da cidade. Perto dos sofás havia uma mesa, e no meio um daqueles aparelhos para teleconferência. Depois fiquei sabendo que, além disso, ainda tinha um datashow (de alta definição) e um telão, escondidos ali.
Como chegaram mais pessoas para a reunião, fomos levados ao "salão nobre". Uma mesa enooorme, numa sala climatizada e perfeitamente decorada. Grandes vasos de planta triangulares, colocados em sequência num dos cantos da sala, formavam um mini-jardim. A reunião começou e fomos servidos (por garçons de gravata borboleta) com café, água (gasosa, argh) e até comidinhas: torradas com queijo por cima.
Quando eu estava contando isto pra Bethania, ela me interrompeu:
- Eram canapés!!
- Quê?
- Num é pão com queijo, são canapés!! Não é possível que você não sabe o que é um canapé.
- Ah tá. Bom, mas aí serviram o pão com queijo e...