Como assim, eu, recomendando um filme com o Tom Cruise? Um filme com um samurai-galã-americano? Um filme hollywoodiano empurrado como louco sobre o público nos trailers de todos os Matrixes e Senhores dos Anéis? Pois é.

Acho que eu tenho um fraco pela cultura japonesa. Ou talvez seja o fato de eu estar de saco cheio da estupidez ocidental. Ou talvez seja o fato de o filme não se comportar de forma ruim, como eu previa. Mas foi um bom filme, com boas surpresas no roteiro (pelo menos pra mim). Ele começou a me ganhar quando o massacre dos índios na Guerra Civil americana não foi retratado com orgulho e nacionalismo, e sim como algo grotesco, atroz. É exatamente aí que começa o caminho roteirístico que faz com que o filme seja legal... the way of the samurai.

Tirando os extremos (como por exemplo, levar a expressão "me matar de vergonha" ao pé da letra), a cultura samurai mostrada no filme é muito interessante, calcada nas tradições, na disciplina e no equilíbrio entre o corpo e a mente. Tem até um momento Matrix, onde o personagem de Tom Cruise tem que tirar as preocupações da sua mente para manejar melhor a espada num treinamento. O "Liberte sua mente" foi substituido por "menos preocupações", mas é a mesma coisa. Some a isso a fotografia belíssima, a trilha sonora excelente (eu normalmente detesto trilha orquestrada em filme, mas essa se sobressaiu), e os espectadores mais bobinhos, como eu, ficarão vidrados na parte central do filme.

Além disso, o Sr. Cruise atuou extremamente bem: passou de um bebum americano para um bem-equilibrado "pseudo-japa". E até nas batalhas ele não decepcionou: seu primeiro contato com os samurais, por exemplo, foi extremamente bem representado. Mas nada disso teria sido possível se seu personagem não tivesse sido tão bem concebido.

Como pontos negativos, eu destacaria apenas o sangue das batalhas (nada convincente) e o imperador "Michael Jackson" lerdo. Como é que pode, um imperador, japonês, lerdo daquele jeito?

Enfim, O Último Samurai tem Tom Cruise, mas é um bom filme! Perfeito para ir ao cinema com a namorada: ela baba no Tom Cruise com seu visual Jesus Cristo enquanto a gente se diverte com os combates.

Ah, para uma boa segunda opinião sobre o filme, leia a crítica do Pablo Vilaça no Cinema em Cena. Concordo plenamente com o que ele fala sobre o final do filme, mas ele já havia sido bom o bastante e eu acabei ignorando a forçada hollywoodiana.