Finalmente achei uma vantagem em ficar velho: as músicas passam a carregar memórias.

Caiu "Neon Lights", do Kraftwerk, no playlist do meu Winamp e eu me enxerguei novamente em Sete Lagoas, numa velha sala de um andar de um prédio do meu tio, onde meus dois primos faziam gravações em fita cassete pros clientes da loja de discos.

Mas foi absurdo o quanto a memória veio nítida. Lembro das paredes velhas, da janela com vista pra Lagoa Paulino, do banheiro minúsculo, das prateleiras em "L" onde ficavam os equipamentos de gravação. Lembro dos primos enchendo o saco de que eu só poderia ajudá-los gravando as fitas "fáceis". As "coletâneas" (fitas com músicas de mais de um vinil) eram só pra eles. Lembro também que, se um dos lados do vinil fosse mais longo que a fita, era pra abaixar o volume devagarzinho e fazer um fade out quando a fita estivesse acabando...

E isso tudo veio porque eu conheci o Kraftwerk mais ou menos por essa época, há, no mínimo, uns 10 anos.